Warren Beatty, O homem que Beijou os Pés de Jack Warner

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Warren Beatty, ainda um jovem ator nos anos 60, queria financiar um filme seu, mas Jack Warner, todo poderoso chefão de um dos maiores estúdios de Hollywood, desconfiado que era com os atores surgidos nessa época, não queria jogar dinheiro fora. Além disso ele detestava Beatty, que achava ser mais um rosto bonitinho que passava o dia a lhe pedir coisas. Não se passava um dia sequer em que o rapaz não lhe pedisse algo.

Ele tinha alguma razão ao achar que o projeto seria uma lástima, o histórico de Warren: o filme Clamor do Sexo, estréia dele no cinema, apesar de dirigido por Elia Kazan, teve pouco sucesso e não rendera boa bilheteria. Beatty, na verdade, até aquele momento não tinha tido muito sucesso na sua carreira e ainda esnobava roteiros mandados por Jack Warner quando achava que eles não eram bons o suficiente.

Chegou até mesmo a recusar o papel de Kennedy em um filme dirigido por Fred Zinnemann e ainda incentivar o produtor,  Pierre Salinger, secretário de imprensa da Casa Branca, a desistir do projeto. “É um lixo.” Diante disso, Warner, que não gostava mesmo de ser contrariado, teria expulsado o rapaz dos estúdios aos gritos, dizendo pra quem quisesse ouvir que ele nunca mais trabalharia na vida.

“Ele sempre me detestou”, disse Warren Beatty. Warner tinha medo de que ao encontra-lo em algum lugar sem a presença de ninguém, o rapaz lhe desse uma surra. Mas o que aconteceu um dia foi algo que ele não esperava: Beatty, depois de uma discussão, jogou-se aos pés do velho Warner dizendo que ia lamber seus pés e beijar. O velhote ficou chocado e mandou ele sair de lá. “LEVANTA DAÍ!!!”. Beatty disse que não sairia de lá até que ele concordasse com o projeto. “Eu tenho Arthur Penn, um roteiro maravilhoso, eu consigo fazer um filme com 1,6; se tudo der errado, pelo menos é um grande filme de gângster”.

Warren Beatty e Elia Kazan

Warner,  ainda irritado mas querendo se livrar logo, mandou ele sair de lá e lhe mandar uma carta de orçamento. Para quem estava financiando 15 milhões de dólares para um filme como Camelot, o que havia demais em financiar esse? Além do mais, quando o filme fosse lançado, ele provavelmente estaria de férias na Riviera. Decidiu deixar ele fazer o filme.

Bom, Beatty diz que tudo isso nunca aconteceu, embora seja verdade a parte que Warner não gostasse dele. Mas muitos juram que foi assim que ele conseguiu o financiamento e aprovação para um de seus melhores filmes, “Bonnie e Clyde”.

Fonte: Como a geração sexo, drogas e rock’n’roll salvou Hollywood, de Peter Biskind.

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