Gatinhas e Gatões (1984)

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Ora vejam, Samantha acorda no dia que seria um dos mais importantes de sua vida: completa 16 anos. Mas, oh coitada da Sam! Calhou de seu aniversário cair justamente na véspera do casamento de sua irmã – perfeita – com o filho de um mafioso e sua família estar tão envolvida com os acontecimentos. Seus pais, claro, não se lembram da data tão importante para a doce e sem peitos garota, e no lugar do homem de seus sonhos, um tal de Jake Ryan (Michael Schoeffling naquele que seria seu único grande sucesso), aparentemente ela só consegue a atenção do irritante de um bom coração pré-adolescente geek.

Sixteen Candles (Gatinhas e Gatões) trazia a fórmula simples da comédia despretenciosa que imperava nos anos 80, a comédia escolar, recheada de casos de lindas garotas populares porém vazias por dentro, adolescentes das turmas menos adiantadas querendo um lugar ao sol e muito, muito bullying de quem estivesse por fora do sistema.

Esse foi o filme de estréia de John Hughes, que mais tarde faria mais alguns clássicos da sessão da tarde dos anos 80, como “Clube dos Cinco” (1985), “Mulher Nota 1000” (1985) e “Curtindo a Vida Adoidado” (1986) e daria voz e vez aos geeks, que naquelas épocas eram tão menosprezados – Ah, quem diria que o tempo alguns daqueles se tornariam tão ricos e até com uma certa dose de charme – justamente por serem excêntricos. O curioso é que Jim Carrey chegou a fazer um teste pra fazer o papel do jovem geek, mas Anthony Michael Hall ( The Dead Zone) acabou levando e fazendo mais três filmes sob a direção de John Hughes, nos quais ele acaba interpretando mais a si mesmo do que a um personagem em si. Aliás, o trio principal trazia no papel de Sam a Molly Ringwald.

Molly Ringwald, que estaria em 9 de 10 filmes sobre essa espécie de garota desajeitada mas gente fina, era a esperança em forma de cabelos ruivos, já que no final sempre conseguia com seu jeito de boa moça, o coração do pretentido, já que, como o seu pai diz no filme “ela era uma garota certinha”, ok? Garotas que namoravam sério e se guardavam para seu homem teriam no final a sua glorificação, ok?

Interessante também é ver Joan Cusack fazendo uma participação como uma garota que usa um aparelho nas costas. Futuramente ela seria a noiva abandonada e por Kevin Kline na comédia “Será Que Ele É?” (1997). John Cusack (Os Queridinhos da América e O Júri), e irmão de Joan é um dos garotinhos que sonham em serem populares.

Claro que no filme há algumas descrepâncias justificadas, como Sam achar que não tem peitos quando os dela eram maiores do que a da maioria das garotas que morriam assistindo na sessão da tarde. Claro que a vida não é tão cor de rosa shocking (aliás, título do segundo filme de maior sucesso da Molly, que hoje faz a mãe de uma adolescente na série The Secret Life of the American Teenage). Mas quem resiste a uma olhada em como na década de 80 uma jovem de 16 anos ainda podia ser inocente e estar vivendo o seu primeiro amor?

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