Lili (1953)

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Revemos recentemente o filme Lili, a convite da Obras Primas do Cinema. Relançado e trazendo como extras uma entrevista com Leslie Caron e o curta musical “Festa dos Piratas na Ilha Catalina”. Vamos a algumas considerações a respeito do filme:
Lili é uma adaptação de um conto de Paul Gallico, e se tornou um dos mais graciosos musicais da década de 50, período em que eles reinavam. A francesinha que iniciara a carreira ao lado de Gene Kelly em “Sinfonia de Paris” aos 19 anos, acabou desenvolvendo uma carreira no início voltada para os musicais, sobretudo por ser uma bailarina profissional. Uma atriz extremamente versátil, Leslie continha em si a sensualidade (vide cena da cadeira em Sinfonia em Paris) e a extrema doçura.

 Dirigido por Charles Walters, o filme traz a história de Lili, uma jovem órfa de 16 anos que chega a uma cidade em busca de um amigo de seu pai. Ele lhe prometera ajuda, mas ao chegar ao local a jovem descobre que ele está morto. Sem esperanças, ela fica desamparada e é acolhida por um grupo mambembe. Curiosamente Leslie Caron interpretou outra órfã que vira alvo de olhos mais velhos em Papai Pernilongo, onde atuou ao lado de Fred Astaire.

Lili é uma garota ingênua, e Marc (Jean Pierre Aumont), ao lhe ver em apuros, decide indica-la para um trabalho como garçonete. É o que basta para que ela se apaixone pelo mágico. Pouco experiente e bastante observadora, Lili acaba por não se adaptar e perde o emprego. Mais uma vez ela vai atrás de Marc, pensa em suicídio e quando sobe as escadas para realizar o feito, escuta vozes de marionetes que acredita estarem falando com ela.

Ela não percebe, mas por trás das marionetes está Paul (Mel Ferrer), um homem que apaixonara-se por ela no instante que a viu, mas ferido de guerra, tem a autoestima muito baixa. Sua interação com os marionetes é tão natural que o grupo decide acolhe-lha no espetáculo e sua pureza cativa o público.
Zsa Zsa Gabor foi uma daquelas atrizes que acabaram por se destacar por sua beleza, mas que não obteve um sucesso substancial. Aqui ela interpreta a auxiliar de Marc (e também sua esposa), mas sem grandes falas. Jean Pierre Aumont foi um ator muito querido do cinema francês, inesquecível em filmes posteriores como A Noite Americana.

 O ator que recebeu um Oscar honorário em 1991 está irritantemente bem como Marc. Seu personagem é tão chato que ficamos um pouco sem entender como Lili fica fascinada por ele. O sentimento é um pouco parecido com o que experimentamos ao assistir E o Vento Levou e vemos a Scarlett fascinada por Ashley embora Rhett seja imensamente mais interessante.
Lili acabou recebendo seis indicações ao Oscar naquele ano, ganhando apenas o de Melhor Trilha Sonora original.
Assim como em Sinfonia em Paris, os momentos finais guardam um grande balé, quando a garota passa a dançar em seus sonhos, ao lado de seus bonecos preferidos. É também dentro de seus sonhos que ela passa a reconhecer que Marc é o homem que ela merece.
O filme é daqueles que cativam todos os públicos, sobretudo os infantis. A sua fotografia, intensa em cores, é fascinante e Leslie e Ferrer conseguem ter uma química incrível. A música Hi Lilli, Hi Lo acabou por se tornar um dos grandes clássicos da música e ainda hoje entendemos o seu poder, já que é daquelas que ficam em nossa cabeça muito tempo após escutá-la.
Você pode também revisitar esse clássico com o dvd lançado pela Obras Primas. Ele pode ser adquirido através da Livraria Cultura.

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