A Marca da Maldade (1958)

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A história se passa em Los Robles, uma cidade fronteiriça entre o México e os Estados Unidos. No local, vários bares, nights clubs, bordéis e, sobretudo, decadência. O filme começa com uma das melhores sequências do cinema, quando um carro com uma bomba cruza a cidade durante três minutos e meio com a câmera seguindo, sem cortes, o passeio coreografado.

Essa cena demorou uma noite inteira para ser realizada e foi repetida diversas vezes pois um dos personagens (não principais) sempre esquecia suas falas. Finalmente, quase ao amanhecer, ele conseguiu a sequência sem erros. Gravar a noite, para Welles, era uma garantia de que os produtores não estivessem presentes e maior liberdade de criação.
No carro está um dos figurões da cidade e nós acompanhamos temporalmente ele enquanto este cruza a cidade em busca de seu destino. É nesse momento que somos apresentados ao casal central da trama, que passa pela rua e é formado por Charlton Heston e Janet Leigh. Eles são Mike e Susan Vargas, recém-casados. Mike, um chefe de polícia, se vê envolvido em uma trama de assassinato e enfrentará Hank Quinlan (Orson Welles), um homem corrupto que fará de tudo para que o jovem não descubra as artimanhas que ele usa para deter o poder em suas mãos.
Uma curiosidade: Welles não estava tão gordo quanto aparenta ser na película. Ele utilizou preenchimento de roupas e ângulos de câmera que o fizeram parecer maior do que estava. Quinlan tem a “intuição” de que a explosão foi causada por dinamites e Vargas se vê cada vez mais envolvido com a história. O filme se torna uma imensa competição entre os dois homens.
O diretor contou com um ótimo elenco de apoio que incluíam Joseph Calleia, Aim Tamiroff, Mercedes McCambridge e a querida Marlene Dietrich, que aceitou fazer o filme por sua amizade com o diretor.

Janet Leigh, cujo filme mais famoso ainda estava para ser realizado (Psicose, de Hithcock) esteve a ponto de não ser confirmada no elenco, graças ao seu agente que achou o salário muito baixo e mandou uma negativa para Welles. Triste, o diretor escreveu uma carta para a atriz, que percebendo a oportunidade lhe respondeu que trabalharia para ele até de graça. Claro que ela não ficou feliz com seu agente. Ela estava tão empolgada que começou a filmar quando seu braço ainda estava engessado devido a uma fatura. Para disfarçar o diretor usou truques de filmagens, escondendo seu braço ou utilizando outros ângulos.

Contudo, algo que incomoda é o fato do personagem de Heston ser um mexicano e não ter nenhum sotaque. Não foi feito um trabalho para isso e esse se tornou um dos maiores erros do filme. Mas isso é explicado pelo fato do personagem, originalmente ser americano. Welles, que iria trabalhar apenas como ator, acabou sendo contratado como diretor e fez mudanças significativas no roteiro, fazendo com que Vargas fosse mexicano e sua esposa uma americana.
A maioria das locações utilizadas eram reais apesar dos estúdios insistirem em construir cenários. O filme se passa em Los Robles, mas foi filmada em Venice, na California após os produtores rejeitarem realizar o mesmo em Tijuana, no México.

Welles, que já adquirira experiência em seus projetos anteriores, mostra desde o início porque é considerado um dos diretores mais técnicos da história do cinema. Para isso ele contou com a ajuda do diretor de fotografia, Russell Mett. Mas como sempre, sua obra foi cortada e montada de acordo com o estúdio.

Durante muito tempo a versão disponível, como acontece na maioria dos filmes do diretor, não foi a editada por Welles, mas pela Universal, que o demitiu durante a pós-produção e fez o que queria com os originais, acrescentando e cortando cenas, fazendo uma versão meio confusa. Antes de sua morte, Welles deixou uma lista de desejos, e dentre esses estava a sua sequência ideal para o filme, que incluía tirar os créditos da cena inicial. Ele acreditava que isso tirava a atenção do plano sequência .

Finalmente em 1998, baseando-se nas indicações dele, o filme foi reeditado e relançado. Essa chegaria mais perto da pensada pelo cineasta, que teria três minutos a mais. E é essa versão que temos finalmente lançada pela ClassicLine.

A Marca da Maldade
Título original: Touch of Evil
Direção: Orson Welles
Elenco: Charlton Heston, Janet Leigh, Orson Welles, Marlene Dietrich.

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