Madhubala, a icônica Atriz Indiana

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Madhubala foi uma das atrizes mais queridas e mais belas surgidas no cinema indiano. Uma atriz marcante, recebeu reconhecimento por suas atuações e se tornou uma das lendas da indústria do cinema de Bollywood.

A atriz nasceu em 14 de fevereiro de 1933 em Delhi, parte da Índia britânica. O cinema salvou literalmente sua vida, pois ainda na sua infância ela saiu com toda a família para assistir a um filme no cinema e escapou de uma tragédia, pois houve uma explosão perto de sua casa, destruindo tudo. A atriz começou ainda pequena a trabalhar nos filmes. Aqui está ela aos 9 anos em Basant (1942), seu primeiro filme e que se tornou um imenso sucesso de bilheteria. Ela interpreta filha de Mumtaz Shanti:

https://youtu.be/QCI7GQZ6TqI

Após essa estreia ela foi chamada para outros filmes. Aos 14 anos ela fez sua estréia como adulta nos filmes, ao trabalhar ao lado do também iniciante Raj Kapoor em Neel Kamal (1947). Os dois ainda estavam no início da carreira e se encontrariam posteriormente em outro filme Do Ustad (1959 ). Em 1949 Madhubala já era considerada uma estrela, aparecendo em vários sucessos de bilheteria como Dulari (1949), Beqasoor (1950), Tarana (1951) e Badal (1951).

A década de 50 veio para firmar sua carreira e ela de fato recheava as matérias de várias revistas. Em 1952 um artigo do American Theatre Arts trouxe uma fotografia de página inteira com o título de “A maior estrela do mundo não está em Beverly Hills”. O artigo descrevia a atriz como a maior em popularidade na Índia, e falava sobre o grande apelo da estrela junto aos seus fãs. Nesse momento houve uma especulação sobre um possível lançamento da atriz na América, e de fato Frank Capra, em visita a Bombaim, chegou a convidá-la para estrelar um de seus filmes, mas Ataullah Khan, não permitiu que a filha saísse da Índia.

Madhubala nas páginas da LIFE, que a exaltava como a maior estrela do mundo

A indiana trabalhou com os maiores astros do cinema indiano da época como Raj Kapoor, Shammi Kapoor, Dilip Kumar, Dev Anand, Sunil Dutt e Ashok Kumar, tendo papéis principais em filmes de diversos gêneros. A atriz também chegou a produzir Naata (1955), fazendo também o papel principal neste. Seu filme Hanste Aansoo (1950) foi o primeiro hindi a receber o selo A, indicado apenas para adultos. Sua carreira seguiu altos e baixos, até a década de 60, quando ela realizou seu filme de maior sucesso, Mughal-e-Azam:

Mughal-e-Azam é considerado por muitos o maior filme clássico da Índia e a personagem Nadira marcou profundamente sua carreira. Várias outras atrizes de renome foram consideradas para o filme, como Nargis, quando finalmente Madhubala foi escolhida. O ator Dilip Kumar, com quem ela atua no filme, foi essencial em sua escolha, pois ele se esforçou bastante para que a atriz fosse sua parceira.

Mughal-e-Azam foi colorizado em 2004

Com este filme, Madhubala mostrou ao mundo o que poderia fazer. O filme teve o maior lançamento já feito no cinema indiano e quebrou recordes de bilheteria na Índia, se tornando durante 15 anos a maior bilheteria de Bollywood até o lançamento do filme Sholay em 1975. A versão colorizada do filme, lançado em 2004 foi um enorme sucesso comercial. Madhubhala foi indicada para o prêmio Filmfare por sua atuação em Mughal-e-Azam.

No final dos anos 50 Madhubala começou a sofrer com muitos problemas de saúde. Madhubala tinha um defeito no septo ventricular, doença que havia sido detectada em 1954, após ela passar mal durante as filmagens de Bahut Din Huwe.

A jovem atriz tinha ainda por volta de 25 anos e eram necessárias longas paradas entre as gravações para que ela pudesse se recuperar. Na década de 60 ela estrelou vários filmes como Jhumroo (1961), Half Ticket (1962) e Sharabi (1964), mas o fato é que a maior parte dos projetos assumidos por ela foram cancelados devido a problemas de saúde.

Um deles ao lado de Raj Kapoor. Muitos desses filmes foram terminados de forma equivocada e tiveram a edição comprometida por filmagens realizadas com outras atrizes. O último filme lançado de Madhubala foi Jwala, que embora tenha sido lançado no final da década de 50 teve estreia apenas em 1971.

A atriz levava uma vida bastante discreta e raramente era vista em reuniões sociais ou festas, sendo em geral descrita como uma mulher bastante simples. Ela se tornou uma mania nacional e nunca era vista em público porque simplesmente não tinha permissão para participar de qualquer estreia. Ela também não tinha amigos, e seu pai, que tinha fama de dominador, proibia todo e qualquer acesso à filha famosa. Isso não impedia que as pessoas se aglomerassem quando Madhubala estivesse por perto. Os fãs queriam nem que fosse um simples aceno de sua estrela principal, que tinha um efeito hipnotizador sobre seus fãs.

Apesar de todo o cerco de seu pai, que não permitia que a atriz saísse com amigos ou tivesse namorados, Madhubala se envolveu com o ator Dilip Kumar. Os dois se conheceram no set de Jwar Bhata (1944) e tiveram um pequeno envolvimento nesse tempo mas o romance só iria começar mesmo em 1951, quando eles se reencontraram para filmar Tarana. O casal chegou a noivar e pareciam de fato apaixonados mas o pai de Madhubala entrou em ação mais uma vez e não deu permissão para que eles se casassem.

O ator Dilip Kumar, seu grande amor

O fato é que, apesar de toda a riqueza e fama, a atriz ainda era uma mulher obediente ao pai e se submetia ao seu domínio de maneira cega. O pai ainda a proibiu de iniciar um novo filme ao lado de Dilip. Tal fato fez com que ela fosse processada pelos produtores e Dilip Kumar testemunhasse contra ela, colocando uma pá de cal sobre o romance. A indiana chegou a dizer à sua irmã que se Dilip tivesse pedido desculpas ao seu pai, ela o teria aceito de volta, mas o ator não via motivos para se desculpar e eles acabaram se separando de maneira trágica.

Após esperar durante muito tempo, ela finalmente percebeu que Dilip não a iria procurar e acabou se casando às pressas com o também ator Kishore Kumar. O casamento acabou se tornando a maior bobagem que ela poderia ter feito em sua vida. ara se casar com Kishore ela se converteu ao Islã e assumiu o nome de Karim Abdul. Não foi a melhor escolha que pudesse ter feito, e sua irmã chegou a comentar que o casamento foi infeliz.

Com o marido Kishore Kumar

O marido sabia que ela estava doente, mas não sabia da gravidade. Segundo seu amigo, o também ator Ashok Kumar, ela sofria muito com sua doença, e isso fazia com que ela ficasse mal humorada e brigasse constantemente com o marido, saindo diversas vezes de casa. Durante uma consulta médica, ela descobriu que teria no máximo dois anos de vida e isso abalou o casamento profundamente.

A partir de 1960 as suas condições de saúde foram agravadas. Seu corpo produzia mais sangue do que era normal, provocando sangramentos pelo nariz e boca. Os médicos chegavam a extrair várias garrafas de sangue. Após a previsão médica, seu marido finalmente a abandonou, dizendo que não tinha tempo de cuidar da esposa. Kishore seguiu pagando as despesas médicas e a visitava constantemente, mas, segundo o biógrafo Mohan Deep, em The mystery and mystique of Madhubala, livro lançado em 1996, Kishore batia na esposa.

Madhubala passou quase nove anos praticamente confinada à sua cama, tossindo muito e tomando oxigênio a cada cinco horas. Perdeu bastante peso e em 1966 tentou ainda trabalhar em um último projeto ao lado de Raj Kapoor, mas não conseguiu terminar. Em 1969 ela ainda tentaria um novo retorno, dessa vez atrás das telas, como diretora, porém o projeto também foi engavetado.

A atriz faleceu logo após o seu 36º aniversário, em 23 de fevereiro de 1969. Em seu túmulo foram feitas inscrições do alcorão, porém em 2010 o túmulo foi refeito.

Ela ainda encontra-se presente na memória dos indianos e ano após ano ela ainda é homenageada, sobretudo quando é chegada a data de seu aniversário. Seu rosto ainda vende revistas e livros e muitos acreditam que ela é a maior estrela do cinema indiano. Em 2008 foi lançado um selo postal comemorativo em sua homenagem. Na cerimônia estavam presentes alguns amigos da atriz e colegas de trabalho como Manoj Kumar e a também atriz Nimmi.

A atriz atuou em setenta filmes entre 1947 e 1964, e apesar de sofrer todas as limitações impostas a atrizes indianas (escassez de bons papéis, discriminação e proibições) se tornou uma das mais inesquecíveis atrizes de sua geração.

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