Era Uma Vez no Spaghetti Western: O Estilo de Sergio Leone

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Recentemente tivemos uma notícia alarmante sobre os leitores brasileiros. Segundo pesquisa divulgada pelo O Globo, o brasileiro lê em média 2,54 livros por ano. E muitos nem isso. Um número bastante reduzido se comparado a outros países. E preocupante quando nos damos conta que boa parte ainda enxerga o ato de ler uma obrigação. Penso nesse momento nos tantos leitores que acabam por abandonar os livros pela metade e naqueles que aproveitam sua média de 2 livros por ano para continuarem a ler obra como o Diário de um banana, Casamento blindado ou Cinquenta tons de cinza. Nada contra essas obras, mas o desenvolvimento do saber deveria ser mais amplo. Falta de fato uma educação que desenvolva o amor pela leitura como um todo e não apenas voltada para uma ou outra obra.

Nesse cenário torna-se extremamente difícil o trabalho de uma editora que se proponha a trazer livros que contribuam de maneira quase educativa sobre assuntos voltados ao cinema e outras artes. A Editora Estronho é uma delas. Primando pela qualidade do material, e trazendo alguns mimos como cards temáticos, seus livros chegam até nós com uma qualidade invejável e que ajudam a abrir a discussão sobre o que é feito com os livros neste nosso país.

Eu tenho aqui em minhas mãos mais um de seus lançamentos, um exemplar de “Era Uma Vez no Spaghetti Western”, do escritor Rodrigo Carreiro. Fruto de sua pesquisa de doutoramento da UFPE, o autor se propõe a analisar a obra do cineasta italiano Sério Leone. Como explica ainda nas primeiras frases, esse estudo é resultado de uma paixão antiga, desenvolvida ainda na infância, enquanto assistia às velhas sessões de faroestes aos sábados.
Carreiro inicialmente buscava entender porque aspectos de um filme desse determinado cineasta chamavam a atenção de uma criança que nada sabia a respeito das técnicas de cinema. E Leone de fato se destacava em meio às produções por seu apuro técnico. Não seria então obra do acaso que ele tenha levado um toque de mestre a um gênero inicialmente americano, mas que ganhou força na Europa dos anos sessenta através do Western spaghetti.
Leone acabou não tendo grande destaque na crítica especializada, conforme nos explica Carreiro, mas sua influência posterior pode ser sentida na obra de outros grandes cineastas. Dividido em cinco capítulos, o autor analisa cada um de seus filmes (excluindo o inicial por ser considerado uma experiência), mas antes de adentrar no assunto nos explica um pouco mais estilo, modos de produção e crítica. Isso é fundamental para que ele possa analisar estilisticamente a obra de Leone.
Este trabalho merece uma leitura atenciosa, já, mesmo com uma apurada revisão teno em vista um público mais geral, é resultado de um trabalho acadêmico, e traz uma linguagem mais técnica, mas não menos interessante. Falávamos anteriormente sobre abrir a mente para outras leituras além da superficialidade. “Era Uma Vez no Spaghetti Western” é uma forma de entrar em contato com o cineasta de uma maneira mais completa e apreender mais do que a camada de superficialidade a que estamos acostumados.
O Livro pode ser adquirido diretamente no site da Editora Estronho.

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