Errado pra Cachorro (1963)

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Jerry Lewis terminara as filmagens de O Professor Aloprado, considerado por muitos sua obra prima, e desejava entregar seu novo projeto nas mãos de alguém que confiava. Nada melhor do que Frank Tashlin, diretor que o acompanhara em outros filmes como O Rei dos Mágicos (1958), Cinderfella (1960), Bancando a Ama Seca (1958), Detetive Mixuruca (1962) e O Bagunceiro Arrumadinho (1964). Talvez essa seja a mais bem sucedida dupla que o ator fez, tirando obviamente a que ele fez com Dean Martin.

Em Errado pra Cachorro (Who’s Minding the Store?) ele é Norman Phiffier, um rapaz muito bem intencionado mas cuja vida parece sempre virar ao avesso. Tudo começa a piorar quando ele se apaixona por Barbara Tuttle (Jill st. John). A moça é rica, bastante rica, mas deseja encontrar um homem que a ame pelo que ela é. Para isso, começa a trabalhar como ascensorista na grande loja de departamentos que pertence aos seus pais. Os começam um namoro, e já pensam em casar.

Sabendo que sua filha está namorando um pobretão, Phoebe Tuttle (Agnes Moorehead) decide investigar a vida do rapaz. O que descobre não a deixa nem um pouco satisfeita. Norman já trabalhara em diversos ofícios, e aparentemente não consegue se manter em nenhum emprego por ser atrapalhado demais. Querendo desiludir a filhota, Phoebe o contrata para sua loja, colocando-o sempre em apuros.

Algo acontece nesse período: Norman se aproxima do Sr. Tuttle (John McGiver), o pai de Barbara. O homem vive subjugado pela esposa, colocado em um canto e sem voz ativa na relação. A amizade entre os dois trará grandes mudanças também para aquele que Norman desconhece ser seu sogro.

Apenas imagine Jerry Lewis solto em uma loja de departamentos. Isso por si só forneceria oportunidades infinitas. O cenário parecia ser o lugar ideal para solta-lo com suas caras e bocas e um incrível tato para derrubar tudo pela frente. Errado para Cachorro funciona porque funciona como boa parte dos filmes de Lewis e Tashlin: é movido por gags cômicas que em muito lembram grandes nomes da comédia como Charles Chaplin e Os irmãos Marx.

Uma das mais cômicas é a em que ele passa a trabalhar no setor de calçados e recebe a visita de Peggy Mondo , uma lutadora disfarçada de compradora. É terrível ver o constrangimento de nosso pequeno herói tentar encaixar um sapato três ou quatro números menor no pé da nobre senhora. Outra cena marcante é a da máquina de datilografia. O ator executa sua famosa pantomima repetida tantas outras vezes em shows que fazia.

Há relatos que o ator que gostava de aprontar durante as filmagens também foi trolado nesta. Em uma das cenas ele tem que provar uma iguaria com formigas. E de fato colocaram formigas fritas no pote, fato que ele só descobriu enquanto filmava tudo.

E é preciso que se diga que o elenco de apoio é um dos maiores destaques desse filme. Primeiramente Agnes Moorehead, que naquele período se preparava para encarar o papel de sua vida: a querida Endora de A Feiticeira. Pode-se dizer que sua personagem é uma espécie de ensaio para o que ela faria na série: uma sogra que ama importunar seu genro.

A sogra que ele não pediu a Deus

Jerry também gostava de trabalhar em equipe, e constantemente escalava a Kathleen Freeman em algum de seus filmes. A atriz apareceu em uma série de produções fazendo papéis de empregadas, enfermeiras, secretárias, professoras e outras. Bem, ela foi um pouco de tudo, e aqui interpreta uma mulher interessada em um aparelho de tv. O doce John McGiver e Ray Marston Walston também agregam as esquetes cômicas, enquanto Jill st. John traz a parcela de romance que Jerry tanto amava.

 

Errado pra Cachorro cumpre ao que se propõe. Uma diversão rápida, por vezes exagerada, e que em vários momentos lembra um cartoon. Funciona muito bem. Mais ainda quando revemos nesta nossa década e percebemos que o humor inocente ainda nos faz rir. Talvez seu sentido de bobice cause isso.

Há alguns críticos do estilo de Jerry Lewis. Eles parecem não entender sua proposta de diversão rápida. Há filmes para todos os gostos e momentos. Talvez os fãs do ator estejam mais interessados em passar bons momentos de diversão deixando preocupações com estilo de lado. Vale lembrar que apesar de não ser tão aclamado na América, o cômico se transformou em um grande ídolo para os europeus, que o consideram um dos maiores comediantes de todos os tempos. Nós aqui do Cinema Clássico também concordamos.

 

  • O filme está sendo lançado em dvd pela Classicline e vem nas versões legendada e também com dublagem original. Pode ser adquirida em qualquer loja do ramo ou também através do site da distribuidora. Clique na imagem abaixo para ser redirecionado:

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