Pauline Polaire: A Vida Misteriosa e Extravagante da Estrela da Belle Époque
Descubra a história de Pauline Polaire, a atriz excêntrica e enigmática que marcou a Belle Époque com seu estilo e talento únicos.

Pauline Polaire: A Estrela Polar dos Palcos Franceses
Adotando o nome artístico de Pauline Polaire (“estrela polar”), a artista brilhou como cantora e dançarina em music-halls. Chegou a ser retratada por Toulouse-Lautrec numa capa de revista em 1895 e foi um assunto frequente entre grandes artistas. Dentre os que a imortalizaram em suas obras, destacam-se Antonio de La Gandara, Leonetto Cappiello e Rupert Carabin.
Infância e Primeiros Passos na Carreira
Nascida Emelie Marie Bouchaud em 14 de maio de 1874, Pauline teve dez irmãos, dos quais apenas quatro sobreviveram à infância. Seu pai faleceu de febre tifóide quando ela tinha apenas cinco anos, e, nos primeiros anos, ela e seus irmãos foram morar com os avós enquanto sua mãe tentava salvar os negócios da família. Sua mãe se casou novamente, e há relatos de que o padrasto teria molestado a pequena Emelie.
Aos dezesseis anos, ela se mudou definitivamente para a França, onde reencontrou seu irmão Edmond. Sua estreia como cantora ocorreu no palco do La Cigale, e, em 1891, já colhia seus primeiros sucessos.
Ascensão Artística e Reconhecimento
Em 1895, a revista Le Rire publicou um desenho de Toulouse-Lautrec retratando Polaire nos palcos. Nessa época, ela começou a se interessar por atuação após se identificar com personagens de romances que lia. Em 1902, estreou no Bouffes-Parisiens na peça “Claudine”, assinada por Lugné-Poe e Charles Vayre.

Após cento e vinte apresentações, ficou claro que ela nascera para os palcos. A própria Colette elogiou sua performance e, segundo alguns biógrafos, teria tentado uma aproximação, chegando a viver um romance com Polaire.
O Ápice da Carreira e o Sucesso Internacional
No ano seguinte, Pauline interpretou Friquet, uma jovem acrobata secretamente apaixonada por um homem seduzido por uma mulher rica. Desesperada, Friquet suicida-se. A peça foi um sucesso tão grande que, em 1913, foi adaptada para o cinema por Maurice Tourneur. Infelizmente, não foram encontradas cenas do filme, embora alguns sites afirmem que algumas sequências ainda existam.

A atriz fez turnês pela Europa e América, onde era apresentada como uma mulher exótica. Suas apresentações, porém, provavam que seu talento era inegável. De volta à França, trazia presentes luxuosos de admiradores, mas, apesar de ter ganhado muito dinheiro, só em 1911 comprou uma mansão que pertencera a Madame Tallien.
Polaire não administrava bem suas finanças, gastando excessivamente e desenvolvendo um vício em jogos.
A Grande Guerra e o Declínio
Durante a Primeira Guerra Mundial, Polaire quis ajudar os feridos no campo de batalha, mas desistiu após amigos alertarem que sua generosidade poderia ser mal interpretada. Nesse período, muitos teatros e casas de shows fecharam as portas, e ela passou a se apresentar em cinemas de bairro, com cachês reduzidos. As apresentações, no entanto, eram constantemente interrompidas por ataques aéreos.
Últimos Anos e Legado
Segundo o IMDb, Pauline participou de 37 produções cinematográficas, muitas dirigidas por Maurice Tourneur. No entanto, nenhuma cena sua foi preservada. Sua última aparição no cinema foi em 1935.
Com dívidas acumuladas, sua casa foi tomada pelas autoridades francesas em 1928. Sofrendo de depressão e após perder grande parte de sua fortuna, Pauline Polaire faleceu em 1939, aos 65 anos, em Champigny-sur-Marne, Val-de-Marne, França. Não teve filhos.
O Impacto de Pauline Polaire
O sucesso de Polaire não se deveu apenas ao seu talento, mas também à originalidade de suas apresentações. Pequenina, quase sem seios, com uma cintura de apenas 45 centímetros, ela ajudou a popularizar o ideal de silhueta ampulheta. Sua pele morena e olhos negros intensos conferiam um ar sensual à sua figura.
Como cantora de cabaré, usava saias curtas e cabelos curtíssimos, um estilo que só se tornaria moda na década de 1920. Complementando o visual, aplicava maquiagem pesada nos olhos, inspirada no estilo árabe.
Pauline Polaire foi, sem dúvida, uma das figuras mais marcantes da Belle Époque, deixando um legado de ousadia e talento que ainda inspira artistas hoje.