O Reecontro entre Chaplin e o Garoto Jackie Coogan

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1972. Um homem de 48 anos, calvo, barriga saliente, avança no Aeroporto de Los Angeles. Espera a chegada de Charles Chaplin, que após anos de ausência, regressa aos Estados Unidos para receber um Oscar Especial.

O homem está em meio a muitos, e quando surge o velhinho de cabelos inteiramente brancos, de avançada idade, aponta para ele e sorri. Reconhece o velho amigo de longa data. Reconhece no homem a criança que Jackie Coogan um dia foi.

Coogan foi aquele menino doce e carente, que emocionou a todos no filme O Garoto (1922), filme no qual Chaplin, pela primeira vez, aceitou dividir os méritos com outro ator.

Revendo a cena em que os dois se vêem separados pelos agentes do serviço social, e o vagabundo corre para recuperar seu garoto, que desolado chora, dá para perceber o porquê do nosso Chaplin ter aberto essa concessão. Não foi também o primeiro filme que ele e Chaplin faziam juntos: enquanto filmava O garoto, Chaplin aproveitava para mostrar seu pupilo em “A Day Pleasure” (1919).

Jackie Coogan visita Chaplin durante as filmagens de “City Lights” (1931)

Depois do estouro mundial do filme, veio a fama repentina do garotinho que começara a carreira ao lado do pai, também chamado Jack Coogan, no teatro de variedades. Com a fama, Coogan virou artigo de papelaria, boneco, revistas, figuras e tudo que se possa imaginar.

O garoto rodava o mundo literalmente, visitando países e ganhando milhões de dólares. Foi o primeiro astro mirim a ter tamanha proporção. Ganhou muito dinheiro, mas, o mesmo foi tomado (e mal gastado) por sua mãe e padrasto. De tudo o que ganhou, chegou em suas mãos apenas 126.000 dólares.

Depois de tamanho abuso, foi criada uma lei de proteção a crianças artistas, para que não fossem exploradas. A lei foi denominada “Lei Coogan” e dizia que a criança deveria continuar os estudos e que 30% de seus ganhos fossem depositados em sua conta que só poderia ser aberta aos 21 anos.

Coogan trabalharia bem, se tornando o astro mirim mais bem pago, mas o garoto começou a crescer. Em 1941 foi para o exército e ficou esquecido durante alguns anos, só retornando alguma popularidade em séries como “McKeever & the Colonel” (1962) e “A familia Adams” (1964-66).

Ao abraçar Coogan no aeroporto, Chaplin, com seu grande sorriso característico, dirigiu-se à esposa dele e lhe disse: “Nunca se esqueça que seu marido é um gênio. Um dos maiores que o mundo já viu”.

O último encontro entre Chaplin e Jackie

Fonte: Chaplin – Uma Biografia Definitiva, de David Robinson

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