5 DE AGOSTO: O DIA DA PARTIDA DA CARMEN MIRANDA E MARILYN MONROE

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Matéria escrita por Kiury Dias

“A questão não é atingir a perfeição, mas sim a totalidade.” – Jung

Em um período da minha infância, eu acreditava que a Marilyn Monroe, a Carmen Miranda e o Charlie Chaplin fossem pinturas, pois sempre via os rostos deles estampados em quadros e objetos de decoração das casas e comércios. A ilusão durou poucos anos, pois, felizmente, eu descobri que aquelas pinturas existiram.
É óbvio gostar da imagem da Carmen Miranda e da Marilyn Monroe, pois ambas têm magnetismo, mas elas tinham conteúdo. Carmen foi mais que as frutas na cabeça e Marilyn foi mais que o cabelo platinado. Duas mulheres que desafiaram a sociedade, lutaram contra tantos preconceitos e saíram vencedoras. Sim, vencedoras.
É fácil julgar o passado com os olhos do presente.

Elas foram reais.
Fizeram o que puderam.
Viveram a totalidade do que eram.

Carmen trazia consigo as dores da Maria do Carmo, e Marilyn as da Norma Jeane.
E mesmo com inseguranças, traumas, dependências e medos, elas ensinaram (e ensinam) que a beleza também existe na imperfeição. Afinal, a vida é uma jornada de aprendizado, pois temos defeitos, vivemos com traumas e passamos por situações que nem sempre merecíamos passar.
A “Pequena Notável”, que conviveu com os abusos do marido, levou a latinidade para Hollywood, tornou-se um elo do Brasil com Portugal e um símbolo da cultura brasileira. A “Ambição Loira”, que foi rejeitada e abusada na infância, tornou-se a atriz mais popular de Hollywood e a estrela mais homenageada e imitada por outras personalidades.
As duas partiram deste mundo em um dia 5 de agosto. Hoje, vamos relembrar 5 curiosidades que mostram o outro lado das divas:

Bando da Lua

Carmen exigiu que o grupo “Bando da Lua”, que fazia parte da história dela no Brasil, estivesse nos filmes e espetáculos no Estados Unidos. Ela honrou a importância deles na carreira dela.

Carnaval brasileiro

Carmen gravou várias marchinhas carnavalescas, que fortaleceram o carnaval de rua, e seus figurinos inspiraram fantasias relacionadas com a cultura brasileira. A figura clássica da baiana, que ela levou para Hollywood, ficou popular nos bailes, blocos e ruas. Carmen virou um ícone do nosso carnaval brasileiro.

Compositores brasileiros

Carmen abriu espaço e popularizou vários compositores e sambistas da música brasileira. Entre eles, Synval Silva, Assis Valente e Dorival Caymmi. Quem nunca se emocionou ao som de Adeus Batucada, dançou com Minha Embaixada Chegou e cantou O Que É Que A Baiana Tem? Ela foi responsável por tirar o samba dos guetos, e colocá- lo em todos os lugares. Ou seja, desconstruiu o preconceito que muitas pessoas tinham com o gênero musical.

Aurora Miranda

Carmen (à direita) com a irmã Aurora Miranda.

Nos anos 30, Carmen ajudou a carreira artística da sua irmã, Aurora. As duas tiveram uma dupla, estrelaram o filme “Alô, Alô Carnaval”, trabalharam no famoso “Cassino da Urca” e viveram muitos momentos nos Estados Unidos.

Movimento Tropicalista

Carmen foi uma das influências do tropicalismo, que trazia Caetano Veloso, Gilberto Gil, o grupo Os Mutantes, Torquato Neto, Tom Zé, Gal Costa e Maria Bethânia. A imagem de Carmen inspirava as cores, figurinos, performances e músicas desse movimento importante na história da arte brasileira.

Ella Fitzgerald

Marilyn não concordava com o racismo que a Ella vinha sofrendo. Quando ela soube que a Ella não conseguia se apresentar na Mocambo, que era a casa noturna mais badalada de Los Angeles, ele ligou para o dono, e disse que se ele contratasse a Ella, ela estaria na mesa da frente todas as noites. O dono, claro, aceitou a proposta. Depois disso, Ella nunca cantou em uma casa pequena. Inclusive, ela dizia que devia a carreira dela à Marilyn.

Actors Studio

Marilyn tinha consciência da importância da teoria e técnica para a carreira de atriz. Com isso, estudou o método de Stanislavski no Actors Studio, que é uma escola referência na atuação.

Berniece Baker

Marilyn e sua meia irmã, Berniece, foram separadas na infância, mas se reencontraram depois de adultas. Elas mantinham o contato por cartas e telefonemas. Marilyn sempre enviava presentes para a irmã, e protegia a privacidade dela, pois tinha preocupação que a vida da irmã fosse invadida.

A produtora

Marilyn criou sua própria produtora para ter autonomia artística, lutar contra o machismo da indústria cinematográfica e abrir espaço para mulheres nos cargos. Mostrando a sua inteligência, empoderamento feminino e percepção do que acontecia no universo artístico.

FBI

Nas décadas de 1950 e 1960, Marilyn foi investigada pelo FBI. Eles suspeitavam que ela era comunista. A mesma investigação aconteceu com Artur Müller, seu ex marido. Marilyn era muito politizada, lia muito e defendia os direitos civis, mas era discreta nas declarações.

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