Charles “Buddy” Rogers, ídolo do Cinema Mudo

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Charles ‘Buddy’ Rogers parece ser um nome desconhecido hoje em dia, mas durante a década de 20 ele estrelou um dos filmes de maior importância para a história do cinema, o hoje lendário “Wings”, vencedor do prêmio de Melhor Filme do Ano, pela Academia. O primeiro a receber tal prêmio. Na platéia estava uma das criadoras da Academia, a poderosa atriz Mary Pickford, com quem ele contrairia matrimônio dez anos depois.

 
Charles nasceu em Olathe, no Kansas em 13 de agosto de 1904. Estudou na Universidade local e após um concurso de talentos, começou a atuar no início da década de 20 em Hollywood. Ele também era um músico talentoso e tocava diversos instrumentos musicais, se apresentando em shows, fazendo participações em filmes e nas rádios. Em 1930 ele chegou a gravar dois discos pela Columbia.
Wings
Quando foi chamado para atuar em Wings (Asas), Rogers venceu um de seus maiores medos: voar. Como as cenas exigiam passagens aéreas, o ator aprendeu a pilotar e fazia suas cenas com bravura, embora ao descer sentisse todas as sensações que o medo causasse, passando sempre mal. A câmera era colocada ou em sua cabeça ou na frente de seu painel, e além de pilotar ele também a manejava para as filmagens. Dirigido por William Welman, “Wings” trazia também como estrelas Richard Arlen, a “It Girl” Clara Bow e uma pequeníssima mas forte participação de um super jovem Gary Cooper.
My Best Girl (1927), com Mary Pickford

Outros filmes de destaque foram “Varsity”, “Rio of Romance”, “Paramount on Parade”, “The Road to Reno”, “Old Man Rhythm”. O ator sentiu muito a passagem dos filmes mudos para os falados e em entrevistas posteriores disse o quanto sentiu medo dos novos testes de som.

O ator conheceu Mary Pickford em 1927, quando ela ficou admirada ao ver o ator em cena em Wings e pediu que o testassem para seu próximo filme. Juntos estrelaram “My Best Girl”. Não se sabe se houve algum envolvimento na época, embora em cena os dois estejam fabulosos, mas o fato é que a atriz naquele momento estava totalmente apaixonada por outro gigante do cinema mudo, Douglas Fairbanks, e com ele formava uma espécie de dinastia Hollywoodiana. Todos queriam frequentar sua casa, batizada de PickFair (junção do nome do casal). Apenas 10 anos depois, Charles teria chance.

Casamento com Mary Pickford

Em 1936 Pickford estava divorciada de Douglas e no ano seguinte ela e Charles se casaram. Mary o convenceu a abandonar sua banda e os dois adotaram duas crianças na década de 40. Os filhos não tem boas memórias desse período e reclamaram posteriormente de que não tiveram o carinho e o afeto esperado de pais. Com o tempo, a atriz se tornou cada vez mais reclusa e Rogers ficou ao seu lado até a morte dela em 1979.

Viúvo, sempre tinha histórias espirituosas sobre as décadas em que viveu ao lado da esposa, que era 11 anos mais velha que ele e faleceu em 1979 após 42 anos de casamento. Rogers também era conhecido pelo trabalho filantrópico que desenvolvia angariando fundos para a Fundação que ele criou ao lado de Pickford. Em 1981 contraiu segundas núpcias, dessa vez com Beverly Ricono, uma agente imobiliária. Em 1985 o ator ganhou da Academia um prêmio humanitário Jean Hersholt por seus esforços em ajudar os colegas do cinema. O ator também tem uma estrela na Calçada da Fama. O ator faleceu no rancho em que morava, em 1994. Tinha 94 anos de idade e muitas histórias para contar.
Along Came Youth (1930)
Rogers à direita, década de 90

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