O cinema produzido em Pernambuco em sua maior parte delimitou-se aos filmes feitos em Recife. Iniciando-se com o Ciclo do Recife, na era do cinema mudo, atravessou períodos em que nada foi produzido, até que na década de 70 chega o movimento dos filmes produzidos em Super-8. Hoje em dia temos grande destaque no cinema produzido no Estado, mas uma grande história está por trás de tudo isso. Vamos a ela?
O CICLO DE RECIFE
Tudo começou em 1922 quando os pernambucanos Hugo Falângola e J. Cambiére trouxeram a primeira câmera da Itália para o Recife. Ela era usada para fazer documentários sobre o governo. Esses documentários eram passados antes dos filmes. Mas eles tencionavam fazer um pólo cinematográfico na cidade, a exemplo do que começava a se delinear também em outros locais como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e iniciam o Ciclo do Recife.
Compõem o Ciclo filmes produzidos na cidade na década de 20 e que tem como pioneiros, Ary Severo, Jota Soares, Edson Chagas. Os primeiros filmes tiveram influência direta do que era produzido no mundo. Segundo Eduardo Duarte:
“Os pioneiros do Ciclo de Recife tem um cardápio sortido de obras cinematográficas das mais diversas nacionalidades. (…) O fluxo dessas obras permite ampla troca de influências, tanto que, em alguns filmes europeus, pode-se encontrar o cowboy americano. O drama final feliz é universal nas telas. Independente do surgimento de vanguardas, o cinema chamado burguês sempre teve o seu espaço cativo. É essa estética que é absorvida pela produção cinematográfica pernambucana”.
Assim sendo, os filmes imitavam muito do que era feito lá fora, reproduzindo roupas, costumes e gêneros e ignorando traços da cultura regional. No filme “Herói do século XX”, de Ary Severo, por exemplo o personagem principal imita o ator americano Buster Keaton.
Aitaré da Praia, um filme que traz a história de um pescador, já surge com uma estética mais regional. Esse filme, segundo Alex Viany é “uma grande afirmação do cinema genuinamente nacional” (VIANY, Alex. Introdução ao Cinema Brasileiro. Rio de Janeiro, Alhambra – Embrafilme, 1987). Estão presentes elementos culturais pernambucanos como a pesca, os cenários, mas a influência do cinema americano é muito presente nas vestimentas: os pescadores aparecem de calça e duas camisas, e as mocinhas desfilam com meias de seda na praia. Isso mostra que os primeiros realizadores ainda não estavam muito ambientados com a questão estética.
Poucos filmes foram produzidos durante o período que vai de 1930 a 1969, e algumas dessas poucas produções foram perdidas, como “O Coelho Sai”, de Firmo Neto.
MOVIMENTO SUPER 8
CINEMA CONTEMPORÂNEO
É difícil considerar o cinema feito em Pernambuco como regionalista, já que ele foca em temas universais e ultrapassa os regionalismos. Por isso os cineastas desta terra são considerados no momento os mais profícuos do Brasil, inspirando tantos outros filmes produzidos fora desse eixo, como é o caso de Lula Buarque de Hollanda, que se falou em entrevista recente no CinePE ter se inspirado nas produções mais recentes de Pernambuco para realizar seu mais recente filme, “Vendedor de Passados”.
FONTES CONSULTADAS
DUARTE, Eduardo: Cinema: a estética do ciclo do Recife.
FIGUERÔA, Alexandre. Cinema Pernambucano: uma história em ciclos. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2000.