Martin Scorsese é homenageado por sua carreira no Festival de Cannes

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Martin Scorsese foi homenageado após a exibição do filme “Caminhos Perigosos”, lançado em 1974 no Festival. Com emoção, recebeu as palmas de um auditório lotado. Ele mereceu. Além de cineasta, Scorsese sempre foi um apaixonado por cinema, como nós. E fez com essa paixão filmes que homenageavam a sétima arte. Confira agora um pouco de sua trajetória:

Ele um dia quis ser padre. Não deu certo. Acabou enredando pelo cinema. Enquanto esteve na Universidade de Nova York, experimentou vários tipos de filmes, antes de lançar-se à sério na carreira. E foi com um de seus filmes curtos, que recebeu um convite do produtor Roger Corman para dirigir  (Boxcar Bertha, 1972). Nesse mesmo período, Brian de Palma apresentou-o a aquele que viria a ser um de seus atores preferidos: Robert de Niro.

Após uma série de filmes de baixo orçamento, foi reconhecido por Taxi Driver (1976), que trazia De Niro, a jovem Jodie Foster e Cybill Shepherd. Tinha então, 34 anos e muitos planos pela frente. E em New York, New York (1977) , primeiro musical que dirigiu, trouxe Liza Minnelli, a estrela que mais brilhava na década para fazer companhia ao seu ator favorito.

A última tentação de Cristo (1988) trouxe escândalo e protestos, mas pouco retorno financeiro. Depois disso Scorsese precisava de um sucesso realmente grande. Foi o que aconteceu quando lançou  “Os bons companheiros” , um filme que revivia histórias sobre a máfia, e que acabou se tornando um dos seus maiores sucessos comerciais.

Nas décadas seguintes ele se consolidou como um dos diretores mais aclamados e criativos, trazendo filmes expressivos de diversos gêneros como A Época da Inocência (com Michele Pfeiffer e Winona Ryder) e Gangues de Nova York (que acabou recebendo dez nomeações para o Oscar em 2003), além da controversa biografia de O aviador (2004). Os dois últimos traziam seu novo queridinho: Leonardo Di Caprio.

Em suas histórias sempre encontraremos a forte influência da cultura italiana, da religião, da violência urbana, da política. Mesmo assim negou-se a dirigir A Lista de Schindler por achar que não seria tão bom quanto seria se um diretor realmente judeu o dirigisse. A Lista foi lançado em 1993 acabou sendo dirigido por Steven Spielberg, um judeu. E foi um grande filme de fato.

Com todo o reconhecimento, como aconteceu com grandes diretores, Scorsese não foi reconhecido devidamente pela Academia. Indicado nove vezes, ganhou apenas uma, com Os Infiltrados (2006).  Mas não existe apenas o Oscar. Ele foi nomeado e venceu grandes festivais, mas o mais importante foi a lição de amor aos filmes que Scorsese trouxe ao longo de todos esses anos. Ao receber o prêmio honorário do Festival de Cannes, ele relembrou bons momentos, bons companheiros,  o aprendizado ao longo dos anos. E declarou:

“Não sei se eu aprendi alguma coisa dos filmes que fiz, mas sei que descobri no amor e na compaixão uma alternativa para a violência. Existe uma questão essencial na arte, para mim, que é falar de responsabilidade. Caminhos Perigosos, como todos os meus filmes, está sempre discutindo o limite em que a responsabilidade deixa de ser exercida pelas pessoas”.

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