A história de amor de Vivien Leigh e Laurence Olivier

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Eles formavam um dos mais belos, cultos e conhecidos casais do cinema. Mas sua história foi marcada pelo drama pessoal de Vivien Leigh.

 

Vivien Leigh nasceu na Índia. Era filha de um corretor da bolsa de valores que apresentou as artes à filha. Aos 3 anos de idade, a garota já fazia suas primeiras performances. Aos 6 foi mandada para uma escola religiosa, onde permaneceu durante boa parte de sua infância e adolescência.

Aos 19 já estava casada com Leigh Holman, um advogado 12 anos mais velho que ela. Sua única filha, Suzanne Farrington, nasceu em 1933. Foi então que em 1935 conheceu o homem que daria um novo rumo em sua vida. Quando estava atuando em uma peça, Vivian chamou a atenção de Laurence Olivier.

Nascido em 1907, Laurence era filho de um ministro anglicano bastante rígido. Aos 9 anos interpretou Brutus na peça escolar Julio César. Em 1924 passou a estudar na Central School of Dramatic Art, onde se formou quatro anos depois. A partir de 1930 apareceu em alguns filmes britânicos, e chegou a ser considerado para atuar ao lado de Greta Garbo em Rainha Christina (1933).

Foi neste mesmo ano que o ator se casou com Jill Esmond. O ator tinha preferência por personagens complexos, ricos de nuances e que fossem território propício para desenvolver boas histórias. Aos poucos foi ganhando grande confiança, e ao conhecer Vivien Leigh já tinha uma carreira sólida nos palcos.

Vivien interpretava Henriette na peça The Mask of Virtue quando foi vista por Laurence. Ele não foi o único que ficou impressionado. Ela receberia vários convites para atuar tanto nos palcos quanto no cinema. Seu marido, porém, desaprovava o que ele achava ser um “hobbie” para a esposa. Vivien vivia um casamento infeliz, o que acabou levando-a aos braços de Laurence.

Os dois já estavam juntos quando Tarquin, filho de Laurence e Jill, nasceu em 1936. Mas nem isso impediu a paixão avassaladora. Segundo Laurence, “Eu me odiava por trair Jill, e apesar de já ter feito isso antes, agora era diferente. Não era apenas desejo. Era um amor que eu realmente não esperava, que me envolvia. (Fonte).

Vivien e Laurence foram escalados para estrelar Fogo sobre a Inglaterra (Fire Over England, 1937). Até então o romance era secreto, e eles davam entrada nos respectivos divórcios. Mas a união logo chamou a atenção dos técnicos e depois do público. Fogo sobre a Inglaterra foi, inclusive, o filme levado pelo agente Myron Selznick para apresentar a nova Scarlett O’Hara a seu irmão David O. Selznick. Vivian e Laurence dividiriam a cena novamente em mais dois filmes: 3 Semanas de Loucura (1940) e Lady Hamilton, uma Divina Dama (1941).

Vivien e Laurence se casam

Os jovens talentosos começavam a ter maior destaque em suas carreiras, tanto na Europa quanto na América. Ele partiu para a América para atuar em O Morro dos Ventos Uivantes, deixando uma triste Vivien. Parecia difícil para eles manterem-se longe. A única forma de matar a saudade era escrevendo longas cartas um para o outro.

Por volta de 1938 a atriz começou a demonstrar mais claramente os sintomas da bipolaridade. Naquela época não havia um estudo eficiente sobre sua doença, o que levava muitas pessoas a não compreenderem o porque dela se sentir angustiada, ter comportamentos e mudanças de humor durante boa parte de sua vida. Isso com certeza não era fácil nem para ela nem para quem convivia.

Apesar disso a paixão estava em seu ápice. Em uma das cartas Laurence disse: “Acordei absolutamente furioso com o desejo por você, meu amor. Oh, meu amor, como eu te queria. Talvez você estivesse se acariciando.” (Fonte)

1938 provavelmente foi um dos anos mais marcantes da vida de Vivien. Ela tinha o amor de sua vida e foi escolhida para um dos papéis mais cobiçados da história do cinema: Após várias atrizes conhecidas e desconhecidas serem testadas, a inglesa se tornou Scarlett, a icônica personagem de E o Vento Levou.

Desta vez ela partia para os Estados Unidos, junto com sua saudade. Em suas folgas escrevia para Laurence, que também cumpria agenda em Nova York. Apesar de toda a pressão do público que esperava um grande filme, ou por causa disso, Vivien achava que E o Vento Levou seria um fracasso. As filmagens se arrastavam, trocas de diretores eram feitas e ela não simpatizava com seu co-protagonista, o astro Clark Gable.

Porém, como nós sabemos, o filme acabou se tornando um dos maiores filmes da história e sua estrela conhecida em todo o mundo, ganhando o Oscar de Melhor Atriz.

That Hamilton Woman

Após um período que pareceu eterno, os dois finalmente conseguiram o divórcio de seus parceiros. Tanto Vivien quanto Laurence deixaram a guarda dos seus filhos com os devidos cônjuges. Em 31 de agosto de 1940 eles se casavam em Santa Barbara, Califórnia.

Os dois conseguiam conciliar a vida privada e os trabalhos juntos, chegando a atuar em várias peças juntos. Em 1945 Vivien teria sua primeira grande crise. Enquanto filmava Cleópatra, a atriz sofreu um aborto espontâneo. Em choque, ela passou meses entre o estado colérico e a tristeza absoluta. Laurence, no entanto, alcançava o ápice de sua carreira.

Em meio a suas crises, Vivien tornava-se violenta e chegava a gritar com pessoas próximas. Também chegava a vagar pelas ruas e, por impulso, dormia com outros homens. Em 1948 ela recebeu o título de Lady Olivier no Palácio de Buckingham enquanto sua doença piorava a cada dia.

O Fim de um casamento

Enquanto estavam em uma viagem para arrecadar fundos na Nova Zelândia, Laurence se irritou profundamente com a esposa e chegou a esbofeteá-la em público. Vivien respondeu com um tapa. Segundo o ator, foi ali que ele percebeu que tinha perdido Vivian.

Entre altos e baixos, Vivien ainda iria receber mais um Oscar. Em 1952 ela atuava em Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams. Ao seu lado, o jovem Marlon Brando, que conhecia a peça profundamente desde que atuara nela na Broadway. Vivian interpretava Blanche Dubois. Lidar com Blanche, uma personagem sofrida e com sérios traumas para uma fragilizada Vivien não devia ser fácil, mas ela entregou uma atuação marcante e inesquecível.

A fragilidade da atriz se tornava cada vez mais evidente, e ela tinha sérias dificuldades em lidar com críticas e avaliações negativas a seu respeito. Tornava-se cada vez mais aterrorizada com tudo ao seu redor. Apesar das dificuldades, os dois ainda mantinham o casamento.

Mas o período da paixão já os havia deixado. Em 1953 Leigh sofreu mais um forte colapso nervoso e abandonou as filmagens de Elephant Walk. Ela seria substituída por Elizabeth Taylor. No período ela confessou a Laurence que tinha tido um caso com Peter Finch. O ator, por sua vez, também tinha outras amantes. Uma delas, a atriz Claire Bloom.

Em meados da década de 50 o casamento já estava em ruínas, mas eles pareciam aos olhos do público, ainda um par apaixonado já que apareciam constantemente juntos, tanto nos palcos quanto em festas e acontecimentos. Em 1956 Vivien sofreu mais um aborto enquanto ensaiava uma produção. Mais uma vez ela entrou em crise, tendo explosões frequentes com o marido e colegas de trabalho.

Eles já viviam de aparências quando Laurence iniciou um romance com a jovem atriz Joan Plowright. Ela era 22 anos mais nova que ele e atuavam juntos. Vivien ameaçou cometer suicídio em 1960 durante o processo de divórcio. Nem os apelos serviram para que Laurence voltasse atrás. Finalmente em maio do mesmo ano, eles anunciaram o rompimento e consequente divórcio.

Laurence casou-se com Joan Plowright em 1961 enquanto Vivien vivia apenas um dia após o outro. O ator e Joan tiveram dois filhos. Vivien e Laurence se correspondia muito raramente, e a atriz retomava sua carreira nos palcos mais uma vez. Isso é admirável já que durante a década de 60 ela estava muito adoentada, tanto mentalmente quanto fisicamente.

A atriz ensaiava um trabalho quando foi acometida pela tuberculose que durou semanas. Finalmente, em 8 de julho de 1967 Vivien fechava os olhos. Seu corpo foi encontrado por Jack Merivale, seu namorado à época. No período, Laurence estava se tratando de um câncer. Laurence comentou em sua autobiografia que sentiu uma angústia muito forte enquanto partiu para a casa de Vivien. Segundo o ator, ele prestou seus respeitos, orou e perdiu perdão por tudo de ruim que haviam passado juntos. Todos os teatros de Londres prestaram homenagens à eterna Scarlett.

Laurence Olivier faleceu de insuficiência renal em 11 de julho de 1989. Tinha 82 anos e estava em sua casa com sua família. Laurence passou as suas duas últimas décadas com vários problemas de saúde que incluiam um distúrbio muscular degenerativo. Para se manter, fazia, além de seus trabalhos no teatro, comerciais. Ele também trabalhou em alguns filmes e documentários para a tv. Sua última aparição foi em , War Requiem (1989).

Sem sombra de dúvidas o casal viveu um grande romance, apesar de todos os problemas que envolviam a saúde de Vivien. O dia a dia, a doença e a inconstância levou-os à separação. Mas quem poderá dizer que o que sentiram durante vários anos não seria amor? E é assim que gostaríamos de nos lembrar deles, quando estavam no auge de sua paixão:

 

Fontes: harpersbazaar, britannica, independent, history

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