Louis B. Mayer não era apenas conhecido por ser o todo poderoso da MGM, ele ERA o Deus absoluto que decidia carreiras em um estalar de dedos. Foi ele quem decidiu por birra acabar com a de John Gilbert, conhecido ator do cinema silencioso. Ele também era um sádico, que obrigava suas estrelas e astros a aceitarem tudo o que ele impunha. Deixou traumas profundos em Judy Garland ao lhe chamar de “corcundinha”, quando ela era apenas uma adolescente, e fez tantos outros males que cabem em uma outra matéria que não esta. Mas teve uma atriz que ousou enfrentá-lo de frente: Luise Rainer.
Luise estava cansada de ser apenas um objeto e decidiu lutar por melhores roteiros, já que aos atores só restava aceitar os papéis indicados. Cansada de papéis medíocres, foi procurar Mayer em seu gabinete e lhe explicou que desejava atuar em filmes em que se sentisse bem. Seu chefe lhe respondeu que ela era paga para interpretar e não para escolher. A atriz pediu demissão. Irritado, Mayer disse que ele encerraria a carreira dela lá mesmo, e que faria de tudo para que ela nunca mais fosse contratada por nenhum estúdio.
O bate boca se seguiu e Rainer desferiu um discurso em que dizia: “Sr. Mayer, você está agora com 60 anos e eu ainda na casa dos 20. Quando eu estiver com 40, a idade de uma atriz de sucesso, você vai estar morto e eu continuarei vivendo”. Demitida, mudou-se para Nova York com seu marido Clifford Odets
Louise mais tarde comentaria sobre seu exílio de Hollywood:
Eu era muito jovem. Haviam muitas coisas para as quais eu não estava preparada. Eu era bastante honesta, mas em Hollywood não me levavam a sério. Eu trabalhei em sete superproduções em três anos. Eu tinha de estar inspirada para dar uma boa performance. Queixei-me a um executivo do estúdio que a minha fonte de inspiração secara. O executivo me disse: ‘Por que se preocupar com a sua fonte? Deixe o diretor se preocupar com isso!’. Eu não fugi de ninguém em Hollywood. Eu fugi de mim mesma.
A atriz ganhadora de dois Oscars manteve-se trabalhando nos palcos, com performances elogiadas. Suas voltas ao cinema foram sempre embaçadas. Apenas 54 anos mais tarde ela voltaria a filmar, mas dessa vez em terras inglesas,com uma participação no filme The Gambler”, 1997. Tinha então 87 anos. Uma das estatuetas de seu Oscar era usada como amparo de uma das portas de sua casa.
Considerada uma das 500 lendas cinema do AFI, faleceu aos 104 anos, no dia 30 de dezembro de 2014 em Londres, sobrevivendo muito além do cidadão Louis B. Mayer.