12 Filmes Essenciais de Federico Fellini

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Biografia 1

Fellini nasceu em 1920, em Rimini, pequena cidade litorânea da Itália. Começou como jornalista em Florença, na revista de humor “Marc Aurelio”, demonstrando ser excelente desenhista e caricaturista. Logo depois, passou a escrever pequenos roteiros e piadas para comediantes. Seus mestres no cinema foram Rossellini, para quem trabalhou em vários projetos (inclusive “Roma, cidade aberta” e “Paisà”), adquirindo conhecimento da mecânica da produção audiovisual, e Lattuada, com quem co-dirigiu seu primeiro filme. Iniciou sua vida profissional como jornalista e cartunista, trabalhando na revista Marc Aurelio. Em seguida escreveu roteiros para Roberto Rossellini, chegando a atuar como ator em um de seus filmes, L’amore , de 1948.

A inspiração neo-realista é evidente na primeira fase de suas obras, com muitos personagens populares, de fácil identificação e grande carga emocional. Pouco a pouco, contudo, a imaginação de Fellini foi superando seu compromisso com a realidade. Em “Oito e meio” já estão presentes o sonho, a fantasia e o grotesco, que formariam a matéria-prima de sua carreira.

Fellini escrevia roteiros, mas sempre a contragosto. Dizia que era uma pena transformar em palavras o que, na verdade, deveria ser transportado diretamente da sua imaginação para o filme. Gostava de improvisar, de trabalhar com não-atores e de não planejar muito sistematicamente sua rotina de trabalho. Sabia cercar-se de outros grandes talentos, que enriqueciam os filmes e davam um suporte seguro para suas “pirações”: Giulietta Masina (atriz), Marcello Mastroianni (ator), Nino Rotta (músico), Tonino Guerra (roteirista).

Apesar de, em alguns filmes (principalmente em sua obra-prima “Amarcord” e no feroz “Ensaio de Orquestra”) abordar temas políticos, Fellini não se sentia à vontade com cobranças ideológicas: “Minha natureza não é política; e o discurso político me confunde na maioria das vezes. Não o compreendo. Mas confesso isso como uma fraqueza, como uma de minhas carências.”

Poucos diretores de cinema conseguiram marcar tão claramente seu estilo, a ponto de virar adjetivo. Dizer que tal filme ou tal personagem é “felliniano” significa identificá-lo com a estética ao mesmo tempo barroca e popular de seus trabalhos das décadas de 60 e 70, em que o exagero e a predileção pelo inusitado conduzem, na verdade, a uma reflexão séria – e muitas vezes cruel – sobre o cotidiano de seres humanos frágeis e anônimos. Em seus melhores filmes, como “Os boas vidas”, “Julieta dos espíritos”, “A doce vida”, “Amarcord” e “La nave va”, Fellini demonstra que o cinema pode ser absolutamente autoral sem perder sua universalidade.

O diretor não gostava de escrever roteiros, pois achava que escrever a cena diminuía o que ele tinha imaginado. Preferia então ir fazendo a cena ao passo que filmava. Trabalhava intensamente também na edição, muitas vezes mudando os diálogos durante as dublagens, algo que enlouquecia sua produção.

Seus filmes do início da carreira tinham uma inspiração no neo-realismo italiano, porém, com o tempo, o caráter caricaturesco de seus personagens, o sonho e a fantasia aliados ao grotesco e o circo começaram a tomar conta de suas produções. A trilha sonora também era um ponto alto, contando com a fiel contribuição de Nino Rota. A parceria duraria até a morte de Nino em 1979.

Outros colaboradores fiéis eram Giuletta Masina, que também era sua esposa e Marcello Mastroianni, que ele próprio assumia ser seu alter ego em muitos de seus filmes. O roteirista Tonino Guerra também era seu colaborador fiel.

Fellini conseguiu tranpôr seus desenhos para as telas, fazendo um cinema de autor, embora tenha sido muitas vezes criticado por fugir da realidade, negando temas políicos. Mas com seus personagens excêntricos (escolhidos pessoalmente por ele), o colorido de seus figurinos fantásticos e imagens oníricas é impossível não considerá-lo um mestre na arte de fazer filmes.

Vamos aos seus maiores filmes:


8½ (1963):
 Prestes a rodar sua próxima obra, o cineasta Guido Anselmi (Marcello Mastroianni) ainda não tem idéia de como será o filme. Mergulhado em uma crise existencial e pressionado pelo produtor, pela mulher, pela amante e pelos amigos, ele se interna em uma estação de águas e passa a misturar o passado com o presente, ficção com realidade.

A Doce Vida (1960): “Roma, início dos anos 60. O jornalista Marcello (Marcello Mastroianni) vive entre as celebridades, ricos e fotógrafos que lotam a badalada Via Veneto. Neste mundo marcado por um vazio existencial, frequenta festas, conhece os tipos mais extravagantes e descobre um novo sentido para a vida.” Um dos maiores destaques é a cena em que Anita Ekberg toma banho na Fontana de Trevi. O filme trouxe pela primeira vez o termo paparazzi.

Amarcord (1973): Através dos olhos de Titta (Bruno Zanin), um garoto impressionável, o diretor dá uma olhada na vida familiar, religião, educação e política dos anos 30, quando o fascismo era a ordem dominante. Entre os personagens estão o pai e a mãe de Titta, que estão constantemente batalhando para viver, além de um padre que escuta confissões só para dar asas à sua imaginação anti-convencional.

A Estrada da Vida (1954): Gelsomina é vendida por sua mãe para Zampanò. Ambos não têm nada em comum: o jeito ingênuo e humilde da jovem é o oposto da rudeza de Zampanò, um artista mambembe. A chegada de um equilibrista que admira especialmente Gelsomina trará acontecimentos inesperados. Esse se tornou o primeiro sucesso internacional de Fellini, ganhando o seu primeiro Oscar de Melhor filme estrangeiro. Também é considerado o primeiro filme do diretor a incorporar o termo “felliniano”.

Noites de Cabíria (1957): Esse é o mais sensível dos filmes fellinianos. O filme conta a história de Cabiria, uma romântica prostituta que esta sempre em busca do amor, mas é constantemente humilhada. Um filme tragicômico que traz momentos fantásticos da vida dessa mulher que não desiste de sonhar. Giuletta Masina aparece em sua melhor performance, recebendo o prêmio de Melhor atriz no Festival de Cannes. O filme ganhou o Oscar de Melhor filme estrangeiro.

Julieta dos Espíritos (1965): Esse foi o primeiro filme de Fellini em cores e mostra a história de Julieta, que vive com seu marido. Até que um dia suas irmãs aparecem em sua festa de aniversário e trazem um homem que evoca espíritos. A partir daí Julieta começa a ser atormentada por visões e descobre a traição de seu marido. O filme é um espetáculo de cores e figurinos e foi indicado a dois Oscars (Melhor figurino e direção de arte), ganhando o Globo de Ouro de Melhor filme estrangeiro.

Os Boas Vidas (1953): Esse é um filme muito importante na vida de Fellini, pois é altamente autobiográfico. Ambientado na cidade costeira de Rimini, mostra a vida de cinco amigos, Moraldo, Alberto, Fausto, Leopoldo e Riccardo, grupinho que passa os dias a farrear e fazendo conquistas amorosas. Até que um deles é obrigado a casar após engravidar uma garota. O filme foi filmado nas cidades de Florença, Rimini e Viterbo, participou do Festival de Veneza de 1954 e venceu o Leão de Ouro.

A Trapaça (1955): O filme gira em torno de um trio de vigarista que vivem a aplicar pequenos golpes, aproveitando-se da ingenuidade das pessoas simples. O líder, Augusto, é um homem de meia-idade. Seus companheiros, mais novos, são Carlo, cujo apelido é Picasso, por querer tornar-se pintor, e Roberto, que deseja tornar-se o Johnny Ray italiano e levar uma boa vida. Esse é um trabalho interessante de Fellini e que é constantemente negligenciado. O filme foi nomeado para o Leão de Ouro no festival de cinema de Veneza.

Roma de Fellini (1972): Um passeio pela capital italiana, sob os olhos de Federico. Parte autobiográfico, é um filme poético sem um enredo muito claro. Destacam-se a participação de Gore Vidal, Alberto Sordi e Marcello Mastroianni. oma venceu o Grande Prêmio Técnico no Festival de Cannes e foi nomeado para Melhor Longa Estrangeiro no Globo de Ouro.


Satyricon de Fellini (1969)
: Baseado na obra homônima de Petrônio, Satyricon apresenta o jovem Encolpio, que ressente pela perda de seu amante, Gitone, pelas mãos de seu melhor amigo, Ascilto. Após descobrir que Ascilto vendeu Gitone para o ator Vernacchio como escravo, Encolpio inicia a sua busca por seu ex-amante.

Ginger & Fred (1986): Esse filme é pura nostalgia, trazendo dois dos maiores parceiros de Fellini para as telas: Giuletta Masina e Marcello Mastroianni. Eles interpretam Amelia e Pippo, uma dupla que fazia sucesso na juventude dançando músicas dos atores Ginger Rogers e Fred Astaire. A dupla se reencontra 30 anos depois para uma participação em um programa de tv.

Abismo de um Sonho (1952): Segundo filme do diretor e primeiro que ele dirigiu inteiramente sozinho. Estrelado por Alberto Sordi, Leopoldo Trieste e Brunella Bovo traz uma história que gira em torno de um casal recém casado Ivan e Wanda, enquanto viajam para Roma em sua lua de mel. Enquanto Ivan deseja aproveitar a viagem e visitar a família, Wanda está mais interessada em Fernando Rivoli, que interpreta O Sheik nos quadrinhos que ela adora. Um detalhe: Giuletta Masina aparece brevemente como uma prostituta chamada Cabíria. O filme seria feito por Michelangelo Antonioni que perdeu o interesse quando leu o roteiro.

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