Minha Vida sem Mim (2003)

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O que você faria se no auge da juventude descobrisse que dali a poucos dias deixaria de existir? É sobre isso que trata Minha Vida sem Mim, de Isabel Coixet.

Pedro Almodóvar foi o produtor executivo do filme dirigido por Isabel Coixet. Inspirado no conto “Pretending the Bed is a Raft”, de Nancy Kincaid, Minha Vida sem Mim (Mi Vida sin mi) narra a história de Ann (Sarah Polley), 23 anos, uma jovem casada com Don (Scott Speedman ). Ela tem um relacionamento conturbado com sua mãe e o pai preso há mais de 10 anos, e mora em um trailer.

Uma vida difícil, mas reconfortada pela presença das duas filhas pequenas, Penny e Patsy. Ao fazer um exame, Ann descobre um câncer devastador, e um tempo de vida de dois meses. Após o choque ela resolve fazer uma lista do que gostaria de fazer antes de sua partida.

São coisas simples, como visitar o pai na prisão, pintar os cabelos, colocar unhas postiças, dizer todos os dias que ama suas filhas, escrever cartas e gravar fitas para elas. Ooutras nem são tão simples, como encontrar uma nova companheira para seu jovem marido e saber como é ter outro homem apaixonado por ela.

Suas escolhas são também egoístas e incluem fazer alguém se apaixonar por ela, mesmo sabendo de seu fim. Ann conhece o doce Lee (Mark Ruffalo ) e consegue iniciar um romance. Quase temos pena do rapaz, tão sozinho em seu apartamento sem móveis e sua vida sem pessoas. Tanto que nos pegamos torcendo para que ele encontre a felicidade que vê estampada na foto das filhas de Ann.

Mark Ruffalo e Sarah Polley em cena de Minha Vida sem mim

Com a mãe de Ann há algo complicado demais para ser resolvido em pouco tempo. Como Ann, ela é uma mulher frustrada com a vida que pode levar. E em suas tantas gravações que serão ouvidas após sua morte, a filha deixa-lhe conselhos para que viva, arranje alguém, e que tente não só amar, mas também dizer às pessoas ao seu redor, como as netas, que as ama.

Minha Vida sem Mim é um filme com um tema triste e melancólico. Mas é impossível não notar a ideia central: a vida deve ser aproveitada em seu máximo. Ann sabe o tempo que tem, e terá que correr para cumprir metas enquanto seu corpo se esvai. O interessante é que o filme não traz aquela monótona melancolia, própria da situação, mas esperança.

Nós nos esquecemos por momentos que se trata de alguém condenado à morte para torcermos pelo futuro que Ann desenha para sua família. Ela sabe que não mais estará ali, e presume que mortos não sentem, e por isso preocupar-se consigo enquanto presente, e com os outros que lá ficarão após sua ida.

O filme nos traz a sensação de que precisamos correr. Logo. Ann sabe o tempo que tem. Nós não. Mesmo assim ela vive o que lhe resta numa calma infernal, que chega a doer nos nervos. Não há tempo para adiar nada. Nem para se lamentar: A vida continua, apesar de nossa ausência.

Confira o trailer em espanhol:

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