18 de março de 2025

O Diabo e a Mulher (1941): Análise, Curiosidades e Reflexões do filme

Descubra por que O Diabo e a Mulher (1941) é um filme atemporal. Análise completa com temas como luta de classes, amor e redenção, além de curiosidades sobre o elenco e a direção.

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Em O Diabo e a Mulher (The Devil and Miss Jones, 1941), Charles Coburn interpreta um tipo de papel que marcou sua carreira: o de um senhor de certa idade em processo de redescobrir-se. No entanto, o filme vai além disso. A forma como essa história é contada é brilhante. Lançada em 1941, a narrativa aborda temas como luta sindicalconflitos de classeabuso de poder e a vivência na terceira idade de uma maneira tão atual que parece ter sido escrita nos dias de hoje. Claro, com as devidas licenças históricas.

Coburn interpreta o homem mais rico dos Estados Unidos, que vive recluso em sua mansão, alheio ao mundo exterior e definhando aos poucos devido a uma vida excessivamente controlada. Revoltado com os movimentos de seus funcionários em busca de direitos trabalhistas, ele decide se infiltrar anonimamente entre eles para descobrir quem está por trás da mobilização. Inicialmente, ele se passa por um simples vendedor em uma de suas lojas de sapatos, mas acaba descobrindo muito mais do que esperava. Lá, ele encontra o amor, faz novos amigos e aprende a ver as pessoas que antes considerava meros funcionários sob uma nova perspectiva.

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É um filme fascinante que eu gostaria de ter descoberto antes. É curioso como, mesmo tendo assistido a tantos filmes, ainda me surpreendo com histórias que nunca tive a oportunidade de conhecer. O elenco também inclui Robert CummingsJean Arthur e Spring Byington — uma atriz cujo nome pode não ser tão conhecido hoje, mas que é um rosto familiar para os fãs de cinema clássico.

A propósito, o título original, The Devil and Miss Jones, refere-se ao embate entre o “diabo” (o personagem de Charles Coburn) e a “mulher” (interpretada por Jean Arthur). No entanto, ao longo da trama, percebemos que não há um antagonismo real entre eles. Desde o início, os personagens desenvolvem uma amizade genuína, que cresce e frutifica com o tempo, mostrando que nunca é tarde para mudar preconceitos e recomeçar a viver.

Por fim, gostaria de destacar o personagem Joe O’Brien (Robert Cummings), interesse amoroso de Mary Jones (Jean Arthur). Ele é um idealista e líder nato, que luta por seus ideais e inspira seus colegas a fazerem o mesmo. Sua postura poderia ser vista como uma ameaça pelos mais abastados, algo que, obviamente, ainda ressoa em nossa realidade atual.

Uma comédia aparentemente despretensiosa, mas que, por trás de sua leveza, traz reflexões profundas. Com personagens propositalmente caricatos e um enredo cativante, é um filme que merece ser visto e revisitado.

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