O Diabo e a Mulher (1941)

2119

Hoje assisti a mais um filme do box lançado pela Obras-Primas do Cinema e que traz a curadoria do meu amigo Rodrigo Veninno.

Em O Diabo e a Mulher (The Devil and Miss Jones , 1941), Charles Coburn vem em uma espécie de papel que ele repetiu muito ao longo de sua vida: o do senhor de certa idade que se redescobre. Mas não é só isso. E a maneira como é feita neste filme é bárbaro. A história lançada em 1941 traz questões como luta sindical, luta de classes, abuso de poder e vida na terceira idade de uma maneira que parecia ter sido feita este ano. Tirando as licenças históricas obviamente.

Coburn interpreta o homem mais rico da América, mas que vive recluso em sua mansão, alheio a tudo e sendo morto aos poucos por uma regrada vida. Revoltado com os constantes movimentos de seus funcionários em busca de direitos, resolve aproveitar-se de seu anonimato e “trabalhar” para descobrir quem está incitando a luta. Inicialmente age como um simples vendedor de uma de suas lojas de sapato, mas o que acaba descobrindo vem além do que imagina. Lá descobre um amor, novos amigos e aprende a enxergar as pessoas que antes tinha como amigo.

É um filme fascinante que eu gostaria de ter visto antes. Engraçado que mesmo vendo tantos, eu ainda me surpreenda com o tanto de história que ainda não tive oportunidade de conhecer. O filme conta também com Robert Cummings, Jean Arthur e Spring Byington (uma atriz cujo nome parece desconhecido, mas pra quem assiste filme clássico é um rosto bem comum).

A propósito: o título em inglês, The Devil and Miss Jones, trata do embate entre o diabo, que seria o personagem de Charles e a mulher, interpretada por Jean Arthur. No desenrolar da história percebemos que não há de fato um antagonismo entre eles, já que seus personagens desde o início desenvolve uma genuína amizade. E ela cresce ao longo do tempo, criando frutos, e mostrando que não há idade para mudar certos preceitos. Nem para recomeçar a viver.

Gostaria de adicionar um último comentário sobre o personagem Joe O’Brien (Robert Cummings), interesse amoroso de Mary Jones (Jean Arthur) e que é um idealista e líder por natureza. Ele luta por seus ideais, influencia seus companheiros a lutar também e poderia ser tomado como um perigo para os mais abastados. Algo que obviamente não é tão distante de nossa realidade.

Uma comédia aparentemente despretensiosa, mas que traz reflexões através de uma comédia leve, com personagens propositalmente caricatos e que vale a pena ser visto.

Para Adquirir:

O filme faz parte do Box Comédias Clássicas, lançada pela Obras Primas do Cinema. Clique na imagem para adquirir:

Comente Aqui!