Ramon, nascido no México chegou aos Estados Unidos aos 17 anos e trabalhou como garçon, enquanto se aventurava como figurante, sonhando um dia se transformar em um grande astro. Foi então que Rex Ingram, diretor de filmes como “Os Quatro cavaleiros do Apocalipse” (com Rodolfo Valentino) e “O Prisioneiro de Zenda” (Com Lewis Stone), se agradou do jovem Ramon que sugeriu que o novato trocasse seu sobrenome de Samaniegos para Novarro. Nascia Ramon Novarro.
Rodolfo Valentino ainda brilhava absoluto mas após sua morte repentina em 1926 surgiu um movimento em busca de outro ator que o substituísse. Ramon estava pronto para estrear e foi chamado para sucessivos papéis em filmes importantes como Ben-Hur, Scaramouche e Mata Hari, este ao lado da estonteante Greta Garbo. Para desempenhar seu papel como Alexis Rosanoff em Mata Hari, ele teve que colocar sapatos que ampliavam sua altura. Não que ele fosse baixo (ele tinha 1:78), mas era necessário na época que ele parecesse maior do que realmente seria. Durante as filmagens começaram a surgir boatos sobre um envolvimento do casal, nada perto da verdade, pois ambos tinham outros interesses…
Acontece que o público não sabia até aquele momento, mas Ramon era homossexual, fato que pessoalmente não deixava sombra de dúvidas. Carmen Miranda, ao conhece-lo na década de 40 ficou espantada com os trejeitos do então homem fatal. Mas não era fácil para o ator aceitar-se facilmente, pois fora criado dentro da igreja católica.A chegada do cinema sonoro mexeu com todos e Ramon também se sentiu abalado. Embora tenha iniciado com sucesso em musicais, negou-se a se casar para manter as aparências. Naquele período eram comuns casamentos arranjados entre estrelas, sobretudo se elas eram gays e lésbicas. Um exemplo é o casal Charles Laughton e Elsa Lanchester, que permaneceram amigos até o final da vida. Mas Ramon não estava disposto a abrir mão de sua liberdade e viver de aparências. Tal decisão fez com que sua carreira fosse prejudicada, já que o público estranhava um ídolo solteiro, aceitando melhor os que tinham famílias. Seu nome foi aos poucos sendo encolhido até sumir dos letreiros.
Em 1935 finalmente ele foi dispensado da MGM. Em 1938 ele se aventuraria em uma companhia menor, a Republic Pictures, mas após um bom período sem grandes sucessos ele voltou-se para o cinema europeu, estrelando “La Comedie du Bonheur” na França e “Ecco la Felicita” na Itália. Mais tarde ele retornaria ao México, atuando em filmes do cineasta Julio Bracho. O ator recebeu elogios por sua performance, mas as participações em filmes foram rareando cada vez mais. Na década de 50 ele ainda faria “Os Outriders” para a MGM.
Com poucas oportunidades, Ramon voltou-se para investimentos imobiliários, e foi isso que o sustentou durante a maior parte da vida. O ator nunca se casou e durante toda a vida parece ter tido apenas dois relacionamentos sérios. O primeiro com Richard Haliburton e o segundo com o jornalista Herbert Howe.
Sua morte em 1968 o trouxe de volta aos tabloides.
Segundo consta, naquela noite fatídica de 30 de de Outubro de de 1968, Ramon levou os irmãos Tom e Paul Ferguson, de 17 e 22 anos para sua casa. Solitário, tencionava um encontro amoroso com ambos. Chegando lá foi atacado pelos jovens que o asfixiaram e depois cortaram seu pescoço barbaramente. A dupla ainda levou 20 dólares após vasculharem toda a residência em busca de dinheiro.
Por incrível que possa parecer, e como ainda acontece, o advogado de defesa tentou convencer a todos de que os irmãos seriam inocentes, e o verdadeiro culpado de sua morte seria mesmo Ramon, ao ter procurado dois garotos de programa. Segundo o advogado, o ex-astro passara 40 anos de sua vida procurando por isso. Puro e inequívoco preconceito.
Os advogados de defesa dos irmãos ainda argumentaram que Novarro era o verdadeiro culpado de sua morte, pois procurara por isso. Segundo o advogado, ele andara durante mais de 40 anos procurando por isto. Puro e inequívoco preconceito. Um final triste e covarde. A dupla de assassinos foi condenada mas um ano após estavam soltos em liberdade condicional.
