Zé do Caixão: A História de José Mojica Marins no Cinema
Conheça a vida e obra de José Mojica Marins, o icônico Zé do Caixão, pioneiro do cinema de terror brasileiro. Nascido em 13 de março de 1936, em São Paulo, Mojica dedicou mais de 70 anos ao cinema, criando personagens marcantes e influenciando gerações de cineastas.

Pioneiro no cinema de terror no Brasil, José Mojica Marins, mais conhecido como Zé do Caixão, já fez mais de 30 filmes, dentre comédias, pornochanchadas e aventuras. Fundou aos 17 anos o Estúdio Companhia Cinematográfica Atlas, no Brás. Lá dava aula de cinema e também fazia testes com aranhas e ratos para suas cenas de terror.
Realizou filmes amadores em 16mm (mudos) e 35mm (sonoros). Seus filmes chegaram a ser censurados na década de 70. Nos anos 80 ele dedicou-se às pornochanchadas, com “24 horas de Sexo Ardente” (1984), “48 Horas de Sexo Ardente” (1986) e “Dr. Frank na Clínica das Taras” (1987). Foi então que foi reconhecido fora do país, tornando-se um cineasta cult.
Um fato curioso é que o o diretor foi dublado em quase todos os seus filmes, exceto em Encarnação do Diabo. Dentre seus dubladores estão Laercio Lauretti, Araken Saldanha e João Paulo Ramalho. Seu personagem mais famoso foi criado em 1963, após ter um pesadelo. Sua primeira aparição foi no filme À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1963). Sobre seu personagem, Mojica falou:
“Josefel Zanatas nasceu em berço de ouro, seus pais tinham uma rede de agências funerárias, fato que fez com que Josefel fosse uma criança muito sozinha, pois seus colegas os discriminaram por causa da profissão de seus pais.
Na escola era um ótimo aluno e, como não tinha amigos, fez dos livros seus grandes companheiros. Foi na escola que conheceu Sara, uma menina muito bonita e de boa família. Logo se tornaram grandes amigos, não se separavam por nada. Cresceram juntos e com o passar do tempo a amizade se transformou em amor. Decidiram que iriam se casar e mudar para uma cidade maior onde teriam mais chances de crescer na vida. Sara queria se casar fora do país, então tanto os pais de Sara quanto de Josefel resolveram viajar antes para começarem os preparativos para cerimônia.
Durante o voo, uma tragédia acontece: o avião com os pais de Sara e Josefel sofre um acidente e não há sobreviventes. Por causa do luto eles decidem adiar o casamento. Em decorrência da II Guerra Mundial, em agosto de 1943, cria-se a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Somente vinte e oito mil pessoas se alistaram, Josefel era um deles e em conversa com Sara decidem juntos que só casariam quando ele voltasse da guerra.
E assim, na noite de 30 de junho, Josefel parte para a Itália. Durante o tempo que ficou lá, Josefel sofreu muito, e as saudades de Sara foram aumentando depois que ele parou de receber cartas dela. Depois que Josefel partiu para a Guerra, Sara continuou cuidando da funerária. Sempre escrevia para ele, mas depois de muitas cartas sem resposta, acabou concluindo que ele deveria estar morto. Como a vida não estava fácil, Sara aceitou o convite que havia recebido do prefeito e se casou com ele.
No dia 18 de julho de 1945, Josefel desembarca na estação de sua cidade e percebe que a cidade está vazia e sua casa fechada. Desesperado para encontrar Sara, decide perguntar a um bêbado onde estavam todos. O bêbado informa que a cidade inteira estava na casa do prefeito, pois havia uma festa para comemorar a volta dos “Pracinhas”. Chegando na festa ele encontra Sara sentada no colo do prefeito e, antes que ela pudesse se explicar, ele saca o revólver e mata os dois. Josefel não é condenado pelo crime pois foi alegado que ele estava traumatizado pela guerra. Para ele não importava ser preso ou não, ele havia perdido Sara e com ela perderia também o sentimento chamado amor.
Josefel, que até então era um homem doce e bondoso, se torna uma pessoa amarga e sem sentimentos. Passa então a aterrorizar os moradores da cidade e logo recebe o apelido de Zé do Caixão. Zé do Caixão é um homem sem crenças, não acredita em Deus nem no Diabo, só acredita nele mesmo, acha que é o único que pode fazer justiça. Seu objetivo é encontrar uma mulher que compartilhe seus pensamentos e juntos tenham um filho, que possa dar continuidade à sua espécie, que ele acredita ser superior. Para Zé do Caixão, as crianças são os únicos seres puros, sem maldade no coração. Em busca pela mulher superior, ele passa por cima de todos os que atrapalharem seus planos, não tem dó nem piedade e mata se for preciso.