Michael sonhava em crescer e e se tornar escritor, jogador de hóquei ou astro do rock. Filho de um militar, que incentivava ele a ter uma profissão comum, Michael quase não ia as aulas, mas não faltava a um teste de teatro ou tv. Sua aparência infantil era um obstáculo, pois ele parecia mais novo do que realmente era e era difícil obter papéis de pessoas mais velhas.
Mas foi justamente por ser pequeno que ele conseguiu o papel de um garoto de 10 anos na série The Beachcombers (1973). “Queriam um garoto de 10 esperto, e aos 15 eu fui o garoto mais esperto que eles já viram”, disse o ator anos mais tarde. A série canadense seria arquivada e mostrada apenas alguns anos mais tarde, sem grande sucesso.
Mesmo duvidando que Michael pudesse ter sucesso, seu pai o levou a Hollywood, onde o garoto encontrou um agente. Foram tempos difíceis e ele chegou a se vender como algo econômico. Explica-se: por ter aparência de jovem, Michael dizia que ele poderia interpretar papéis de garotos sem a necessidade do estúdio contratar tutores ou pessoas para acompanharem. Esperto, mas sem sucesso.
Sem dinheiro, testes ou parentes famosos, passou por dificuldades financeiras. Não tinha perfil de ator principal, mas não estava disposto a desistir. E após alguns testes, conseguiu o papel de Alex Keaton, filho do um casal de hippies na série “Family Ties” (1982 – 1989). Isso depois que Matthew Broderick desistiu de interpretá-lo. Uma curiosidade é que Michael estava tão sem dinheiro nessa época, que nem telefone tinha, e os produtores tiveram que esperar um dia até que o jovem aparecesse para anunciar que tivera sido o escolhido.
Foram necessárias duas temporadas para que Alex Keaton se tornasse o protagonista da série. Simpático, adorável e ao mesmo tempo arrogante e imprevisível, o personagem cativou o público e Michael acabou conseguindo com ele três Emmys. Para alguém que poucos anos vendia o almoço para comprar a janta, o sucesso era retumbante. Fox queria aproveitar o sucesso da serie para brilhar também no cinema. Durante um intervalo na serie, realizou as filmagens de “O Garoto do Futuro” (1985).
Spielberg ficou de olho no ator, e decidiu que queria ele no elenco de seu novo filme: De Volta para o Futuro. Com medo de que o jovem ator abandonasse a série, os produtores não quiseram de cara liberá-lo, mas depois de algum tempo concordaram, desde que as filmagens não atrapalhassem a série. Quem sofreu foi Michael, que trabalhava na série durante 8 horas ao dia, e durante a noite realizava as filmagens de De Volta para o Futuro. Estafa e muito cansaço depois, veio o lucro. O filme se tornou o grande sucesso de 1985, tendo a maior arrecadação e público e ganhou duas continuações.
Apenas um mês depois, “O Garoto do Futuro” (1985) foi lançado e o improvável aconteceu: devido ao nome de Fox, o filme de baixo orçamento tornou-se um sucesso. ornava-se claro que ele vendia, e em meados dos anos 80 seu rosto estava em toda parte.
O espantoso sucesso preocupou toda a equipe de Caras e Caretas. Começaram rumores que ele abandonaria a serie e em uma demonstração de lealdade ele prometeu ficar na serie até o final. Em 1989, depois de 7 temporadas, finalmente chegava ao final e o ator podia se dedicar ao cinema. O ator seguiu a carreira, embora agora sem o mesmo sucesso de antes.
Com o tempo, Fox tornou-se viciado em álcool, mas com a ajuda de sua esposa, Tracy, conseguiu vencer o vício. Enquanto filmava Doutor Hollywood (1990) sentiu os primeiros sintomas da doença que mudaria sua vida: o dedo mínimo começou a tremer e ele pensou ter se machucado. Após alguns exames, veio o diagnóstico, tratava-se de Mal de Parkson, doença que raramente atinge jovens e o atingira com menos de 30 anos!
Michael não estava preparado para o que viria, embora lesse sobre o assunto, e decidiu ocultar a doença. Em 1996 voltou à tv na série de sucesso Spin City. Nessa época chegou a se submeter a uma cirurgia cerebral, cujos efeitos colaterais incluíam paralisia ou coma. Após a cirurgia, que diminuiu os efeitos da doença em seu organismo, ele resolveu abrir o jogo e contar sua luta de sete anos.Michael sendo condecoradoApós quatro temporadas, sem conseguir seguir o ritmo exigido, ele anunciou sua retirada da série para se dedicar à família e ao Instituto que criara. Com a mesma força que o levou a se transformar em um astro, Michael, com 40 anos, se esforçava para encontrar a cura do Mal de Parkinson. Sua luta as vezes gera controvérsia quando ele se colocou à frente do debate sobre células tronco. Noutra vez chegou a ser criticado por um deputado, que achou que ele exagerava nos sintomas de sua doença.
Apesar dos limites fisicos, Michael ainda chama a doença de uma dádiva que alterou sua vida:
“Não quero dar uma de Poliana. É uma droga, é um saco, e uma das piores partes é a solidão. Mas quando encontramos uma pessoa assim na rua e olhamos para ela, nem é preciso conversar, é tipo, sei como se sente… Mas o que eu quero fazer é olhar pra alguém com Mal de Parkinson e dizer: seu como é, e estou fazendo algo para acabar com isso.”
Atualmente o ator tem feito algumas participações em séries e dedica-se sobretudo à sua Instituição Michael J. Fox, que financia estudos sobre a cura do Mal de Parkinson.