Quatro personalidades conhecidíssimas no mundo das artes e publicidade: Marion Davis (atriz), Charles Chaplin, William Randolph Hearst (dono de jornal, e que foi inspiração para o Cidadão Kane) e Thomas Ince, produtor de cinema. O ano era 1924, época riquíssima em escândalos, alguns dos quais causaram o afastamento de atores (Mabel Normand e Roscoe Arbuckle, envolvidos em bebedeiras e homicídios), mesmo com alguns sendo abafado. As personalidades estavam todas reunidas num Iate, para comemorar o aniversário de Thomas Ince.
Marion Davies era a conhecida jovem amante do magnata William Randolph Hearst, que era casado mas manteve-se junto a Marion até o fim de seus dias em 1951. Apesar de ser leal a Hearst, a atriz também dava suas escapadinhas. E um de seus amantes teria sido o cineasta Charles Chaplin. Segundo o livro Contraditório Vagabundo, de Joyce Milton, Hearst já estava desconfiado do romance entre os dois atores e o chamou para uma festa a bordo de um iate para flagrar os pombinhos.
Em determinado momento da festa eles realmente desapareceram, e Hearst, desconfiado, foi em busca e flagrou o casal em um dos quartos. Enraivecido, voltou para seus aposentos e pegou uma arma. Charlie, então jovem, não teve dúvidas e saiu do quarto, deixando Marion apavorada e aos gritos. O que ocorreu em seguida daria margem a uma tragédia: acordado pelos gritos de Marion, Thomas Ince teria entrado no quarto e tentava acalmar Marion quando Hearst retornou, já armado. Pensando se tratar de Chaplin, o magnata atirou no produtor, que caiu morto.
Diante da tragédia, o grupo, que contava também com a cronista social (e fofoqueira) Louella Parsons, decidiu ocultar fatos, para que não ocorresse mais um escândalo. Louella trabalharia sempre para o jornal de Hearst, onde teria total liberdade para lançar seus venenos. O corpo de Thomas teria sido mandado para a esposa dele, que recebeu também um cheque de 1 milhão de dólares em sua conta, contanto que afirmasse que o marido nunca tinha saído de casa e não teria ido ao iate naquela noite. Segundo o secretário de Chaplin, da época, a cabeça de Thomas tinha uma ligadura ao redor do crânio. No dia seguinte veio o anúncio de que o jovem produtor havia morrido em decorrência da ulcera gástrica. Seu corpo, sem maiores investigações, foi cremado. Como dono de jornal, Hearst anunciou com estardalhaço a morte do colega.
Em 2001 Peter Bogdanovich ressuscitou o acontecimento (ou boato) com o filme “O Miado do Gato”. Marion Davies é interpretada por Kirsten Dunst, a colunista Louella por Jennifer Tilly, Randolph Heast por Edward Hermann e Eddie Izzard dá vida a Charles Chaplin. No filme, todos possuem uma camada de pessoas detestáveis e mesquinhas, totalmente egocêntricas.
Fonte: Contraditório Vagabundo, de Joyce Milton.