Woman of the Sea – O Filme Perdido de Charles Chaplin

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Perfeccionismo ao extremo teria levado Chaplin a descartar “A Woman of the Sea”: o filme que seria sua última colaboração ao lado de Edna Purviance e uma parceria com o também diretor Josef Von Sternberg. Chaplin não teria gostado do resultado e mandou que queimassem todos os originais, tornando este mais um dentre os filmes perdidos do cinema mudo.

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Edna Purviance foi contratada por Chaplin em 1915 para ser sua companheira nos curtas produzidos pela Essanay. Ela não era uma atriz profissional. O diretor preferia atrizes que não tivessem experiência e que ele pudesse moldar de acordo com o que exigia em tela. O resultado foi bastante promissor e além de amigos de tela, também chegaram a namorar.

Com o tempo, Edna começou a sonhar com filmes dramáticos e em 1923, atriz fazia seu último filme ao lado do astro inglês, The Pilgrim – O pastor de almas (1923). Chaplin despedia-se, assim, de sua atriz principal que fora sua companheira de tela durante 8 anos.  Dentre os destaques estão sua participação em O Imigrante e O Garoto.

Mas ele não queria deixá-la ir sem uma despedida digna e unindo seus sonhos ao dela produziu A Woman of Paris (Casamento ou Luxo), um drama em que sua atriz principal mostrava seus dotes no único filme totalmente dramático realizado pelo cineasta. Para que Edna brilhasse, ele preferiu ficar atrás das telas, dando vez à mulher que tinha sido tão importante para ele.

Edna Purviance em A Woman of Paris

Contudo, contrariando a todos os envolvidos, A Woman of Paris não foi um sucesso, recebendo apoio crítico apenas décadas após seu lançamento. Segundo David Robinson em “Chaplin: Uma Biografia Definitiva”, o nome do cineasta foi a principal causa do fracasso do filme, por incrível que possa parecer. O público não parecia interessado em assistir a um filme de Chaplin sem Chaplin. O filme tem ótimas passagens e é um daqueles tesouros esquecidos do cinema.

Em 1926, enquanto estava às voltas com as filmagens extenuadas de The Circus, o diretor entregou a direção de “A Woman of the Sea” para um dos diretores que mais admirava, Josef von Sternberg. Ele estava certo que o filme seria um ótimo veículo para a atriz que na época estava com 31 anos de idade. Para os padrões hollywoodianos, já uma mulher de meia idade. Chaplin não ficou muito satisfeito em delegar um trabalho tão importante. Era uma característica dele participar de todos os processos de feitura das películas, da produção à finalização.

Rara foto de A Woman of the Sea, o filme destruído por Chaplin

Vendo o copião do filme realizado por Josef von Sternberg veio a decepção. Após muito dinheiro gasto ele tomou a decisão de jogar tudo fora, temendo um novo fracasso. Em junho de 1933 o diretor inglês mandou que queimassem todas as cópias do filme. Posteriormente surgiram boatos que falavam sobre uma cópia perdida, mas nada confirmado. Seguindo as recomendações de seu marido, Oona O’Neil, jogou a última pá de cal no caso, queimando os últimos registros do filme em 1991.

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