Dentre as temáticas preferidas do diretor estão a solidão exacerbada de seus personagens, as dificuldades em manter uma comunicação, a força do destino e da culpa que assola tantos deles em cenas por vezes fragmentadas, e o desejo da morte como única possibilidade de libertação. E apesar de preferir usar atores não profissionais, conseguia causar através de suas histórias e personagens um sentimentalismo e reflexões poucas vezes vistos.
Em 1975 o cineasta escreveu algumas reflexões sobre a arte de fazer filmes em “Notas sobre o Cinematógrafo”, assim chamado em homenagem aos Irmãos Lumière e seu cinematógrafo. Nela ele explicita seu pensamento acerta das produções, linha de interpretação e modelos (os atores não profissionais). O caráter minimalista dessas anotações acabaram por influenciar um movimento que surgiria muitos anos depois, o Dogma 95, assinado por Thomas Vintenberg e Lars Von Trier. Outro cineasta influenciado por sua obra foi o russo Andrei Tarkovsky.
Se você quiser conhecer um pouco mais sobre sua obra, vale a pena ver alguns de seus filmes principais que na sua grande maioria foi lançada no Brasil. Também não deixe de ler “Notas sobre o Cinematógrafo”, assinado por ele mesmo e o livro “Bresson – ou O Ato Puro das Metamorfoses”, do crítico e ensaísta Jean Sémolué que faz um estudo sobre a obra do cineasta.
As Damas do Bois de Boulogne (1945): Na década de 40, Hélene, uma mulher da alta sociedade, é abandonada pelo amante e para se vingar, convence a prostituta Agnes a seduzí-lo e fazê-lo se apaixonar. Porém, ele acaba se casando com a mulher e Hélene resolve contar o passado de Agnes.Baseado em “Jacques o Fatalista”, e teve o roteiro feito por Jean Cocteau. Com María Casares.
Diário de um Pároco de Aldeia (1951): Nomeado para a paróquia de Ambricourt, uma pequena aldeia da França, um jovem padre não é bem recebido pelos moradores. Com a saúde debilitada, por problemas no estômago, ele tenta lidar com a situação, contando com o auxílio de um padre do vilarejo vizinho. Com Bernard Hubrenne.
Pickpocket – O Batedor de Carteiras (1959): Michel é um homem amargurado e depressivo que tenta sua sorte nas ruas de Paris, roubando bolsas e carteiras. Filmada de uma forma inteiramente impessoal e controlada, como um teatro de marionetes, toda a tensão do filme não está no que ocorre durante as cenas, mas no que não ocorre.
O Processo de Joana D’Arc (1952): Robert Bresson reconstituiu a prisão, o julgamento e a execução da mártir Joana D’Arc, baseando-se exclusivamente em documentos históricos. Austero, sóbrio e revelador, Bresson recorreu a atores não-profissionais para mostrar o martírio dessa figura histórica do século 15.
A Grande Testemunha (1966): Uma obra de enorme cariz simbólico, onde a concepção humana e espiritual das personagens, virtudes, receios e defeitos, é encompassada pelo olhar e presença de um burro, de seu nome Balthazar, que surge quase como uma figura de matriz religiosa. Não é um burro qualquer. No circo descobrem-lhe qualidades extraordinárias, como uma inteligência rara que lhe permite resolver difíceis operações de multiplicar. Intemporal, pela reflexão que provoca e pela universalidade que evoca.
Mouchette (1967): Uma jovem garota francesa solitária, desprezada pelo pai e com a mãe doente, se envolve com um forasteiro que a usa como álibi do assassinato de um policial.
Uma Mulher Delicada (1969): Baseado em obra de Dostoiévski. Através de flashbacks, o filme mostra a história de uma mulher frustrada por não conseguir se adaptar ao comportamento e caráter do marido, o que a leva ao suicídio.
Quatro Noites de um Sonhador (1971): Homem solitário encontra uma moça chorosa que pensa em se matar à beira de uma ponte e se apaixona perdidamente por ela, que, por sua vez, ama outro homem, quiçá indigno de seu amor. Baseado em “Noites Brancas” (1848), romance de Fiodor Dostoievski.
O Diabo, Provavelmente (1977): Charles é um adolescente que vaga pela cidade sem futuro aparente, rejeitando o superficial estilo de vida moderno. Quando sua família, amigos e psiquiatra não conseguem ajudá-lo a achar um caminho, ele começa a se relacionar com duas mulheres e um hippie.
O Dinheiro (1983): Uma nota falsa de 500 francos é fabricada, e cai nas mãos de um jovem cuja mesada foi cortada. Como num efeito caótico, a nota vai passando de mão em mão, e sua importância vai aumentando, até que explode nas mãos de um empregado de uma petrolífera, que é detido e perde o emprego. Mas a espiral não pára, e esse acontecimento vai crescendo, levando-o ao endividamento, vida do crime e assassinato.