Em biografia, o cineasta relata que conhecê-la foi o evento mais feliz de sua vida.
Oona era filha do dramaturgo Eugene O’neil, mas a relação com o pai esfriou após ele se separar de sua mãe, Agnes Boulton, para ficar com a atriz Carlotta Monterey. Após o divórcio dos pais, Oona e o irmão passaram a viver com a mãe, vendo Eugene muito raramente. Ao chegar à adolescência, a jovem passou a chamar a atenção da alta sociedade, aparecendo em várias colunas sociais. Com isso, resolveu investir na carreira de atriz. Quem sabe não se transformaria em uma grande estrela? Mesmo sem falar direito com a filha, Eugene foi contra desde o início.
Após peregrinar por vários estúdios, ela foi apresentada a Charles Chaplin, que buscava uma atriz para Shadow and Substance. Quando Oona entrou nos estúdios, Rollie Totheroh teria dito: “Mais uma não!! O diretor ficou impressionado com Oona, mas acabou arquivando o projeto. Porém, os dois se tornaram bastante próximos e ela passou a frequentar sua casa. Em algumas dessas visitas era acompanhada por sua mãe. O cineasta ficou muito impressionado com ela, pois a garota de 17 anos parecia se deliciar com tudo o que ele lhe mostrava, fossem filmes antigos, coleções ou conversa. Ele, por sua vez, parecia preencher a ausência do pai na companhia do astro de 55 anos de idade. Chaplin, que nunca escondeu preferir as mulheres mais jovens, apaixonou-se perdidamente.
No período, o astro estava tendo um tumultuado romance com a atriz Joan Barry. O caso seria levado aos tribunais, com Joan tentando provar a paternidade de sua filha. Para evitar maiores tumultos e envolvimento da filha do dramaturgo, Chaplin resolveu casar-se com ela. O casal uniu os laços em 16 de junho de 1943, apenas um mês depois dela completar 18 anos. Uma fotografia do casório secreto foi devidamente enviada à colunista Louella Parsons. A mídia não deixou de perceber a grande diferença de 36 anos entre os noivos. A opinião pública foi totalmente contra, assim como Eugene, que resolveu cortar relações definitivamente com a filha.
Apesar de todos os prognósticos, os dois foram muito felizes juntos. Tiveram três filhos na América, viajaram juntos e passaram pelos problemas também juntos. Ela estava ao seu lado quando recebeu a notícia de que o marido não poderia mais retornar à América. De posse de todas as autorizações necessárias, Oona retornou ao seu país de origem e vendeu todas as propriedades de Chaplin. Renunciando a cidadania americana, partiu para uma nova vida na Suíça. Na Europa, tiveram mais cinco filhos.
Muitos tinham dificuldades de entender a relação, sobretudo os filhos, que muitas vezes pareciam se sentir à margem do casal. Oona doou sua vida à Chaplin. E quando ele envelheceu, ela cuidou dele na maior parte do tempo, sozinha. Admitiu uma enfermeira apenas nos últimos tempos.
Chaplin faleceu na noite de natal de 1977. Foi com surpresa que o mundo soube que seu corpo fora sequestrado pouco tempo depois. Os bandidos pediam dinheiro em troca. Oona não cedeu, dizendo que seu marido não estava dentro do caixão, e sim em seu coração. Os homens abandonaram o corpo que foi mais uma vez enterrado.
Após a morte do marido, Oona passou a administrar seu espólio, vivendo entre a América e a Suíça. A viúva de Chaplin faleceu em 27 de setembro de 1991. Tinha 66 anos. Seu corpo foi enterrado ao lado do de Chaplin em Corsier-sur-Vevey, local onde viveram suas últimas décadas.
Fonte de pesquisa:
Contraditório Vagabundo, Joyce Milton. 1997
Charles Chaplin, História da Minha Vida, 1964