Gilda (1946)

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Gilda (1946), de Charles Vidor. Com Rita Hayworth e Glenn Ford.

Buenos Aires. Johnny Farrel (Glenn Ford) ganha a vida passando pequenos golpes nos jogos de azar. Após passar por maus momentos, é salvo por Ballin Mundson (George Macready), o dono de um clube noturno. Mundson parece confiar plenamente em Johnny, e logo o contrata para trabalhar em seu clube. Pouco tempo depois, o rapaz se torna o gerente. Após uma viagem, Ballin retorna casado com uma bela mulher. Ao vê-la pela primeira vez, Johnny percebe que se trata de Gilda (Rita Hayworth), sua antiga amante. O gerente terá que cuidar dos negócios do amigo e de sua esposa, que parece mais interessada em conhecer e usufruir de bons momentos ao lado de outros homens. Pensando que Ballin é um homem bom, Johnny tentará salvar sua honra, mas logo irá sucumbir à paixão por Gilda.

Rita Hayworth em Gilda (1946)

Charles Vidor já havia dirigido a dupla Ford e Hayworth seis anos antes, no péssimo The Lady in Question. Olhando-os no filme de 1940, fica impossível imaginar que pouco tempo depois a dupla faria tanto sucesso. Gilda se tornou um sucesso instantâneo, maciçamente por causa de sua atriz principal. Como tirar os olhos de Rita enquanto ela canta tirando as luvas? Saber que a atriz foi dublada por Anita Ellis não diminui em absoluto o charme deste momento inesquecível.

Esta música, assim como “Amado Mio”, foram compostas por Doris Fisher e Allan Roberts . Rita chegou a fazer aulas de canto, mas não conseguiu alcançar o nível esperado. Anita seguiria dublando-a em filmes posteriores como Down to Earth (1947), The Lady From Shangai (1947) e The Lovesof Carmen (1948). Confira a cena mais icônica do filme, quando Gilda canta “Put the Blame on mame”:

Um fato interessante sobre essa cena é que a atriz, quando a fez, usou um espartilho, pois havia dado a luz sua filha Rebecca alguns meses antes e ainda recuperava sua boa forma.

Os Homens dormem com Gilda e acordam comigo. (Rita Hayworth)

Como falei um pouco acima, Rita e Ford se conheciam já há algum tempo, mas durante as filmagens de Gilda intensificaram o contato. Rita passava por problemas com seu marido Welles e os boatos sobre o envolvimento dela com seu ator principal fizeram as festas dos jornais na época. Harry Cohn chegou a instalar escutas nos camarins dos artistas e perseguiu os atores, xingando Rita sempre que possível. O fato é que eles continuaram amigos durante toda a vida, e Ford seria o amigo que a socorreria durante as crises que ela teria posteriormente devido à sua doença.

Rita Hayworth em Gilda (1945)

Glenn Ford retornava às telas após uma ausência de três anos desde que estrelou Destoyer. Durante esse período, ele servira à Marinha. Antes de cogitarem seu nome, foi sugerido Humphrey Bogart, que naquele período definitivamente já havia se firmado como um dos atores de grande destaque. O ator, porém, se negou a aparecer em um filme com uma personagem tão forte como Gilda. Ele afirmou que a audiência não iria olhar para ele tendo uma companheira de cena tão linda quanto Rita.

Ao ser lançado, Gilda se tornou um estrondoso sucesso quase imprevisível. A atriz ficou imensamente irritada ao saber que a foto da personagem estampava e dava o nome a uma bomba atômica. Ela pediu a Harry Cohn para fazer uma conferência de imprensa, mas ele negou seu pedido ao afirmar que a atriz estava sendo antipatriótica.

Rita Hayworth em Gilda (1945)

Gilda permaneceria durante muito tempo no imaginário popular, e foi homenageada também de outras maneiras. Em 1951 o cineasta Guru Dutt filmava Baazi, versão indiana do noir, trazendo Dev Anand com o personagem destinado a Ford. A atriz Geeta Bali interpretava Gilda. Não cheguei a assistir a essa versão para efeitos de comparação.

O filme se tornou imensamente popular na Argentina, como já era esperado. A atriz foi ovacionada quando lá esteve, e o seria sempre que retornasse à terra. Também na Espanha, com Gilda servindo de inspiração inclusive a um prato típico do local (pintxo). Você também deve saber que a musa Jessica Rabbit é uma espécie de Gilda:

Rita não sabia, mas esse papel iria mudar os rumos de sua carreira, tornando-a a atriz número 1 da Colúmbia e uma das deusas do cinema. A sensualidade de Gilda nunca mais a abandonaria, inclusive em sua vida pessoal. E isso traria muitas desilusões ao perceber que os homens buscavam a personagem icônica e se deparavam com uma mulher que estava apenas em busca de amor.

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