George O’Brien sempre chamou a atenção por seu porte físico, se tornando um dos primeiros galãs do cinema ainda na era silenciosa. Sua carreira seguiu após a chegada do cinema falado. Conheça um pouco sobre esse ator.
George O’Brien nasceu em 19 de abril de 1899 em São Francisco. Seu pai era um chefe da polícia. Cresceu entre os policiais, e quando chegou a guerra, alistou-se pela Marinha. Ganhou quatro medalhas de honra. Ele também se tornou campeão de peso pesado durante a guerra e trabalhou em diversas profissões quando ela terminou.
Sempre em busca de trabalho, partiu para Hollywood. Era ainda muito jovem e queria trabalhar não como ator, mas como um operador de câmera ou alguma parte técnica. E assim conseguiu um emprego. Porém, alguém assim sempre chamará a atenção, sobretudo quando se está em um set de filmagens.
E quem o incentivou a ir para frente das câmeras foi o ator Tom Mix, que se tornou seu amigo. O’Brien apareceu em diversos filmes como figurante. Se figurante na época de ouro do cinema não ganhava muito, avalie um cidadão ainda nos primórdios do cinema mudo. Mesmo assim ele ficou se dividindo entre a parte técnica e os trabalhos esporádicos até que John Ford lhe deu sua primeira grande oportunidade. Chamou-o para participar de “The Iron Horse” (1924).
Foi a porta de entrada para outros filmes que se seguiram, e o tornaram popular, fazendo com que se tornasse a ser convidado por Ford para ser o protagonista em outros filmes seus. Ele ganhou até um apelido: The Chest (o peito), por motivos óbvios.
Porém, seu trabalho mais popular foi aquele em que ele foi dirigido por FW Murnau, Aurora (Sunrise: A Song of Two Humans, 1927). Este é considerado um dos melhores filmes já realizados, e se você não assistiu, vale a pena dar uma conferida na história do fazendeiro, que, mesmo casado, abandona a esposa para seguir outra mulher para a cidade. Como termina isso? Assista e confira.
Com a transição para os filmes falados, George continuou a fazer filmes, fazendo mais faroestes, que se tornava um gênero que rendia muito às companhias e deixava seus astros bem populares.
George chegou a namorar algumas colegas de elenco como Sally Eilers e Dorothy Mackaill. Mas o caso mais longo foi com Olive Borden, que contracenou com ele em alguns filmes. O namoro deles terminou após vários anos sem que chegassem a noivar. Ela se casou em duas vezes depois disto.
Em 1933, George casou-se com Marguerite Churchill, que também era atriz e apareceu em 28 filmes, dentre eles A Grande Jornada (1930). Eles se casaram em 15 de julho de 1933 e tiveram dois filhos, dois quais o primeiro sobreviveu apenas alguns dias. O outro, Darcy O’Brien, sobreviveria e tornaria um premiado escritor.
Mas o casal se divorciaria em 1948. Ela se casaria novamente em 1954 mas George não voltaria mais a se casar. Depois da separação, procurei algumas informações, mas não há informações sobre envolvimento amorosos dele com alguém. Especulações? Algumas. Mas nenhuma evidência.
Em 1935 fez The Cowboy Millionaire, que aqui no Brasil teve o nome de O Vaqueiro Almofadinha. Dirigido por Edward F. Cline, ele é um cowboy que atrai as atenções de uma inglesa e resolve ir atrás dela.
Outros filmes de destaque foram Rasgando Horizontes (Daniel Boone, 1936), Ordem a Fogo (The Marshal of Mesa City, 1939), de David Howard e Sangue de Heróis (Fort Apache, 1948), também de Ford. Neste último atuou ao lado de duas outras estrelas: John Wayne, Henry Fonda e Shirley Temple já em final de carreira.
Com a chegada da guerra ele se alistou novamente na Marinha. Seu sumiço das telas assustou seus fãs, que não sabiam que ele estava servindo na Segunda guerra Mundial. Foi preciso emitir um comunicado informando seu destino. A guerra terminou, mas muita coisa mudou no mundo após ela.
O modo de vida mudara, a moda, antigos hábitos e astros novos que chegavam para substituir os antigos. E George também. Com 45 anos já não era o velho galã conhecido e o público, como sempre, já tinha outros astros como Alan Ladd e Cary Grant.
Ele ainda apareceu em alguns filmes ao longo das décadas seguintes, mas se aposentou definitivamente do cinema em Crepúsculo de Uma Raça (Cheyenne Autumn, 1964), do mesmo diretor que lhe dera a primeira chance: John Ford.
Longe do cinema, George resolveu trabalhar em sua fazenda. Em 1981 sofreu um AVC seguido de um ataque cardíaco que o deixaria encamado durante vários anos, até que em 4 de setembro de 1985 ele faleceu aos 86 anos. Ele foi tão discreto em sua vida, que não consegui mais informações sobre com quem morava ou quem lhe dava assistência.