A Visita (The Visit_ é baseado na peça de teatro de Friedrich Dürrenmatt, lançada em 1956 e que versa sobre uma cidade empobrecida que recebe a visita de uma ex-cidadã que se tornou a mulher mais rica do mundo. Karla havia sido rejeitada aos 17 anos após ter uma filha fora do casamento. Para se vingar ela oferece dinheiro aos habitantes, mas em troca exige justiça ao seu caso.
Karla Zahanassian retorna à sua cidade natal depois de enviuvar de um homem rico. A cidade está decadente e espera que ela ajude a todos. Mas Karla guarda mágoas de Serge, homem que a rejeitou no passado e de todos os que contribuíram para sua saída da cidade. Ingrid Bergman interpreta a mulher rica e Anthony Quinn o homem com quem ela teve um romance.
A Ingrid, apesar de já estar com 49 anos parece ser bem jovem para o papel de uma velha senhora, título original da peça. Torna-se estranho que em determinado momento uma personagem pergunte se ela era bela quando jovem. Ingrid, de qualquer maneira está fascinante como a mulher profundamente ferida e enigmática e seu desamparo diante das pessoas é tanto que ela aconselha Annya (Irina Demick) que abandone o homem com quem tem um caso. “Abandone ele antes que ele o faça”. E Karla o faz com tanta convicção que Anya começa a pensar a respeito.
Bernhard Wicki dirigiu essa co-produção distribuída pela 20th Century Fox. O filme é um poderoso estudo sobre a natureza humana e todos os seus dramas internos. É interessante notar como podemos ser ao mesmo tempo vilões e heróis de nossa própria história. Serge (Anthony Quinn) rejeitou Karla no passado, preferindo se casar com uma moça rica. Karla, grávida, foi enxotada da cidade e obrigada a se prostituir. Volta no futuro com o coração ainda amargurado e é capaz de provocar toda uma cidade em busca de uma vingança. Com isso ela testa todos ao redor: do professor que a maltratou na infância à empregada que teria a idade de sua filha e que parece ser a única com quem ela nutre alguma simpatia.
A reação das pessoas é proporcional ao nível de envolvimento que todas tem com o dinheiro. O poder que emana das cédulas faz com que os que a trataram mal no passado passem a ver sob outra ótica. O ser humano é mesmo atingível e a ganância faz com que laços sejam desfeitos em nome do dinheiro. Com isso a moralidade entra em colapso e o assassinato de um homem passe a ser uma solução para os problemas financeiros. Um belo estudo de caso.
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