Baby Peggy, a última das estrelas do cinema mudo

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Baby Peggy era a atriz mirim preferida de Judy Garland, quando ela ainda era uma criança e colecionava bonecas inspiradas na pequena atriz. Nascida Diana Serra Cary em 26 de outubro de 1918, é umas das últimas sobreviventes do cinema mudo. Foi uma das primeiras atrizes mirins do cinema mudo, juntamente com Jackie Coogan (O Garoto) e Baby Marie. Entre 1921 e 1923 ela fez mais de 150 curtas, recebendo uma quantia de mais de 1 milhão de cartas de fãs só em 1922.

Apesar de toda sua fama, com a chegada da adolescência ela perdeu toda a fama que tinha e também o dinheiro. Ela acabou se tornando escritora, prazer que desenvolveu desde cedo e assumiu o seu nome de Diana Serra Cary, se tornando autora de vários livros e defensora dos direitos dos atores infantis.A carreira da jovem atriz começou aos 18 meses. Em visita a um amigo que trabalhava como extra no estúdio, ela chamou a atenção do diretor Fred Fishbach que a contratou para uma série de curtas metragens com o cãozinho Brownie. O primeiro filme foi um sucesso e os pais de Peggy assinaram um contrato de longo prazo com a Century. Em 1922 a atriz mirim vivia em uma mansão em Beverly Hills, ganhando tão bem quanto Mary Pickford, Douglas Fairbanks ou Charles Chaplin.

Seu pai desistiu da carreira de dublê e resolveu gerenciar a carreira da jovem filha. A família virou de cabeça para baixo. Em 1923 ela foi para um estúdio maior, a Universal, aparecendo em filmes dramáticos. Já era considerada uma pequena estrela e era escalada para apresentações onde promovia os filmes e fazia pequenas esquetes. Aos 5 anos ela tinha sua própria linha de produtos, incluindo bonecas com sua aparência, jóias e até embalagem de leite.

Em 1923 ela assinou um contrato milionário de 1,5 milhão de dólares. Seus pais infelizmente não juntaram nada e gastavam cada dinheiro que entrava em frivolidades, carros caros, roupas e nada foi guardado para o futuro dela. Graças a isso e a negócios inescrupulosos do pai, toda a fortuna da pequena atriz foi embora antes que ela chegasse na adolescência. Quando Jackie Coogan, também ator mirim, processou seus pais em 1938, os pais de Peggy a perguntaram se ela ia fazer o mesmo. Mas Peggy não prosseguiu com a ação judicial. Os casos como os de Baby Peggy e Jackie inspiraram a criação da Lei Coogan, que protege os rendimentos dos atores mirins.


Segundo Peggy, as condições de trabalho eram muito duras. Ela trabalhava oito horas por dia, seis dias por semana, além de executar as cenas de ação, que incluíam ficar debaixo da água ou fugir de uma sala em chamas. Ela também testemunhou vários casos de crueldade contra animais e viu um treinador ser esmagado por um elefante. Sua carreira foi controlada por seu pai, que a acompanhava diariamente ao estúdio. Segundo Peggy, os pais discutiam muito por causa do dinheiro dela.
A carreira da atriz terminou repentinamente em 1925 quando seu pai brigou com o produtor Sol Lesser por razões salariais. O produtor cancelou seu contrato e colocou-a numa espécie de lista negra. Entre 1925 e 1929 ela ainda se apresentou na vaudeville e foi bem respeitada enquanto viajava pelos Estados Unidos e Canadá. Ela adoeceu diversas vezes de amidalite, mas era obrigada a trabalhar.

Em 1930 seus pais ainda tentaram fazer com que ela voltasse aos palcos e conseguiram com que ela posasse para fotos publicitárias ao lado de Douglas Fairbanks Sr. Mas todo esforço foi em vão, e sua carreira jamais voltaria ao mesmo de antes. Peggy detestava trabalhar no cinema e nos palcos e se aposentou em 1938, quando fez seu últmo filme.

A atriz fugiu de casa aos 17 anos, tentando escapar dos planos de seus pais para sua vida, se casando em 1938. O casamento durou 10 anos. Em 1954 ela se casaria novamente, dessa vez com Robert Cary, com quem ela ficaria casada até a morte dele em 2001.
Somente anos mais tarde, e depois de uma luta emocional ela conseguiu fazer as pazes com seu passado como Baby Peggy.


Foi editora, historiadora e autora do livro “O Que Terá Acontecido a Baby Peggy: The Autobiography of Pioneer Star Child de Hollywood”, além de outra biografia sobre seu amigo Jackie Coogan, “O Menino Rei do Mundo: A Biography of Legendary Child Star de Hollywood.”. Peggy escreveu diversos livros falando sobre a exploração infantil de jovens estrelas de Hollywood como Judy Garland e Shirley Temple.

Hoje Diana Cary tem 96 anos e vive modestamente na cidade Gustine, próxima a Hollywood. “Passei a maior parte de minha vida como uma ninguém”. Seu pai morreu em 1961 e sua mãe em 1977.

“Eles nunca me perguntaram como o fato de trabalhar desde cedo e em tais condições afetou minha vida, se eu gostava, e isso é surpreendente. Somente minha irmã me falou antes de morrer que pensava muito em quanto eu tinha trabalhado enquanto era apenas uma criança.”

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