Bette Davis: A Atriz que Desafiou o Tempo e o Medo da Velhice
Bette Davis nunca fugiu da idade e transformou a velhice em arte. Descubra como a lenda de Hollywood desafiou padrões e brilhou em qualquer fase da vida!

“Tenho uma idade em que inveja e ciúme já não fazem mais parte do meu repertório. Há muito me conformei com a minha feiura. Assim como me conformei com a beleza dos outros. Todos somos famintos de elogios”.
(Bette Davis)
No dia 5 de abril de 1908, em Massachusetts, nascia Ruth Elizabeth Davis. Considerada “feia” por alguns, mulher de personalidade forte por outros, mas unanimemente aclamada como uma das maiores atrizes da história do cinema e do teatro. Sua mãe, abandonada pelo marido, ensinou-lhe desde cedo a lutar pelos seus sonhos. Uma noite, ao assistir a peça “The Wild Duck”, de Henrik Ibsen, Bette viu a atriz Peg Entwistle em uma atuação magistral e decidiu: seria atriz.
Iniciou sua jornada inscrevendo-se em escolas de teatro e, após algumas recusas, ingressou na John Murray Anderson School of Theatre. Por não ter uma beleza convencional, enfrentou dificuldades para entrar no mundo do cinema, mas a Universal deu-lhe uma chance, rebatizando-a como Bettina Dawes (depois Bette Davis) e oferecendo um contrato curto. Em 1931, estreou em “The Bad Sister”, filme que também marcou a estreia de Humphrey Bogart. Na Universal, foi pouco valorizada, chegando a ser emprestada para outros estúdios, e não teve o contrato renovado.
Já pronta para desistir e voltar ao teatro, recebeu uma ligação de George Arliss, seu ex-professor, que a convidou para “The Man Who Played God” (Warner Bros.). Ela aceitou, e sua carreira deslanchou.
O Estrelato e os Papéis Inesquecíveis
Bette interpretou mulheres complexas: babás, aristocratas, mães solteiras, rainhas, vilãs e até loucas. Seu talento lhe rendeu 11 indicações ao Oscar, mas, curiosamente, só venceu duas vezes no início da carreira: por “Perigosa” (1935) e “Jezebel” (1938).
Em 1938, “Jezebel” consagrou-a. Muitos viram o filme como um “prêmio de consolação” por não ter ganhado o papel em “…E o Vento Levou”, mas Bette transformou-o em um marco de sua carreira, levando seu segundo Oscar. Na época, já era uma das atrizes mais bem pagas de Hollywood e um fenômeno de bilheteria.
Destaques como “Dark Victory” (1939), onde interpretou uma mulher à beira da morte, “The Private Lives of Elizabeth and Essex” (com Errol Flynn, que ela considerava um “canastrão”) e “The Letter” (1940) consolidaram seu status.
“All About Eve” e o Ápice da Carreira

“All About Eve” (1950) – no Brasil, “A Malvada” – foi seu maior sucesso. Bette e Anne Baxter foram indicadas ao Oscar no mesmo ano, mas perderam para Judy Holliday (“Nascida Ontem”), em uma das disputas mais acirradas da história do prêmio.
A Rivalidade com Joan Crawford e o Cinema na Velhice
Em 1962, Bette dividiu as telas com Joan Crawford em “What Ever Happened to Baby Jane?”. Os bastidores foram um campo de batalha: dizem que Bette só bebia Coca-Cola (sabendo que Joan era casada com o dono da Pepsi) e que Crawford teria derrubado Davis durante as filmagens, deixando-a ferida.
O sucesso levou os produtores a planejarem “Hush… Hush, Sweet Charlotte” (1964), mas Joan desistiu, e Olivia de Havilland assumiu o papel. O filme foi feito, mas não repetiu o impacto do anterior.
Televisão, Polêmicas e o Legado
Quando o cinema a deixou de lado, Bette migrou para a TV, atuando em produções como “The Dark Secret of Harvest Home” e “Morte no Nilo” (1978). Seus últimos anos foram marcados por homenagens, mas também por uma dor profunda: sua filha, Bárbara, publicou um livro acusando-a de ser uma mãe terrível. Bette rebateu em sua autobiografia e a deserdou.
Em 1989, fez seu último filme, “As Baleias de Agosto”, ao lado de Lillian Gish (lenda do cinema mudo). Não viveu para ver a estreia – morreu de câncer na França, aos 81 anos, mas seu legado permanece.
A Mulher que Desafiou o Tempo
Enquanto outras atrizes se escondiam da velhice, Bette Davis exibiu suas rugas com orgulho – no cinema, nas ruas, nas fotos. “Aparência é o que menos importa”, dizia. O que ficou foi sua arte, sua coragem e sua genialidade.
Nossos aplausos para Bette Davis – uma das maiores atrizes de todos os tempos.
Bette Davis, de Charles Higham