Bing Crosby possuía uma voz fenomenal. Sua presença se tornou constantes nos filmes, e o cantor se tornou um dos astros mais populares das primeiras décadas do século passado. Dividindo-se entre cinema, rádio e televisão, mostrou-se versátil como poucos, reinando absoluto por mais de três décadas.
Harry Lillis Crosby nasceu em 3 de maio de 1903 em uma família de trabalhadores pobres. Na escola, dividia-se entre a paixão pelos esportes, o teatro e música. Acabou optando por entrarem uma faculdade de Direito, em parte para agradar os pais, mas também para conseguir algo a mais na vida. Não conseguiu finalizá-la, pois naqueles tempos, já desejava fazer algo que agradasse a si próprio: cantar. Apaixonado pelo vaudeville, era comum encontra-lo em alguma apresentação. Uma delas foi especialmente marcante, e de tanto ver Al Jolson em Spokane, acabou decorando todos os seus gestos.
Bing sempre teve muita facilidade em aprender músicas ouvindo apenas uma vez. Isso com certeza o ajudou a firmar-se como profissional. Porém, nunca aprendeu a ler partituras. Apresentando em orquestras por todo o país, se tornou um dos componentes do trio “Rhythm Boys”. Após fazer shows em várias cidades, resolveu investir em uma carreira solo, estreando um programa de rádio na CBS. Lá teve a oportunidade de cantar grandes sucessos e ampliar seu público cativo. Se tornou, dessa maneira, muito popular. Dentre as 50 músicas que lideraram o topo naquele período, 10 eram do cantor.
A música sempre foi um bom tempero para o cinema. Foi Mack Sennett quem inicialmente o convidou para fazer uma série de participações em seus filmes.Vale lembrar que sua companhia Keystone foi responsável pelo descobrimento de Charles Chaplin, o maior comediante de todos os tempos. Mas ele permaneceria lá pouco tempo, sendo contratado pela Paramount. A companhia seria sua casa nos próximos vinte anos. Em 1936 ele pode trabalhar ao lado Louis Armstrong, que tanto admirava. Foi no filme Dinheiro do Céu (1936), da Colúmbia. Contratado também pela gravadora Decca, faturava também fazendo propagandas comerciais para uma marca de cigarros. Marcava-se assim o início de seu maior alcance popular. Vale pontuar alguns de seus maiores sucessos no período:
Chegaram os tempos de guerra. Bing, assim como vários artistas de sua época, foi designado para fazer apresentações para as tropas. Sua ajuda foi tão válida, se apresentando diversas vezes, que acabou sendo reconhecido como aquele que mais contribuiu para aumentar a moral dos soldados. Naqueles tempos, ganhava mais dinheiro do que qualquer artista americano.
Com vários hits de sucesso, White Christmas, de Irving Berlin, acabaria se tornando o maior. Executada pela primeira vez em 1941, se tornou uma tradição natalina observada até hoje. A música continua sendo a mais tocada de todos os tempos.
Natal Branco (1954) foi um dos seus musicais de maior sucesso, trazendo músicas de Irving Berlin, cantadas em duetos ou quartetos. Destaque para “White Christmas”, a canção mais cantada no natal e que foi interpretada por Bing Crosby tantas vezes em outros.
Os tempos passam. No final dos anos 50 e meados dos 60 surgiam novas modas e comportamentos. O estilo adotado por Bing começava a se tornar obsoleto com o aparecimento do rock-and-roll. Outros que sofreriam com a mudança seriam cantores considerados já clássicos como Dean Martin, Frank Sinatra e Judy Garland. A maioria tinha, no entanto, ainda um público cativo, que correu para a televisão para ouvi-los e vê-los mais algumas vezes. Foi o tempo em que alguns destes tiveram a oportunidade de ter programas semanais que chegavam a milhares de famílias americanas. Bing estrelou o sitcon “The Bing Crosby Show” entre 1964 e 1965. Ele estreava o sitcom ao lado de Beverly Garland, em episódios que duravam 25 minutos.
Embora ainda faturasse muito, o cantor desacelerou durante a década de 60, preferindo se dedicar aos esportes e diversões.
Vida Pessoal: Esposas e problemas com os filhos
Bing era um apaixonado pelos esportes. Em 1946 se tornou proprietário do Pittsburgh Pirates de beisebol. Mas a grande paixão de sua vida foi mesmo o golfe, que praticou até seu último dia de vida. A dedicação foi tanta que em 1978, após sua morte, recebeu o prêmio Bob Jones, maior honra dada pela Associação de Golfe dos Estados Unidos. No campo da política era republicano, participando ativamente de várias campanhas no início da carreira. Após seu candidato Wendell Willkie perder em 1940, decidiu não fazer mais nenhuma contribuição política.
Bing Crosby casou-se pela primeira vez com a atriz e cantora Dixie Lee em 1930. Ela tinha apenas 18 anos e sua família inicialmente foi contra. Seis meses após o matrimônio, Dixie estava de volta à casa de seus pais. Não conseguia conviver com o alcoolismo do marido. Bing implorou por seu retorno e o casal teve quatro crianças: Gary, os gêmeos Dennis e Phillip e Lidsay. O interessante é que o problema com as bebidas continuou rondando a família, mas dessa vez com Dixie, que também acabou por se tornar alcoólatra.
No final dos anos 40 ele pensava em se divorciar da esposa para casar com Joan Caulfield, mas teve o pedido negado pela igreja católica. Abrindo aqui um parênteses para falar sobre isso: curioso como alguns astros se apegavam tanto à questão católica na hora de se separarem, mas esqueciam dos outros preceitos na hora de encontrar romances. O primeiro casamento foi pontuado por diversos romances do cantor, dentre eles com Rhonda Fleming, Mary Martin, Joan Blondell, Miriam Hopkins, Joan Bennett e outras. Em 1952 ela foi diagnosticada com um câncer no ovário, falecendo pouco tempo depois. Um devastado Bing Crosby foi visto durante o funeral. Dixie tinha apenas 41 anos.
Os anos seguintes foram marcados por outros tantos romances, seguidos de perto pelos jornais. Mas em 1957 o ator se apaixonou pela jovem Kathryn Grant. A atriz e Bing se conheceram na Paramount, nos bastidores de Little Boy Lost em 1953. O cantor e a atriz de Anatomia de um Crime tinham uma diferença de idade de 30 anos. Uma vida. Talvez isso tenha feito com que ele ficasse em dúvidas sobre levar o romance adiante, adiando por pelo menos três vezes o casamento. O outro motivo pode ter sido o romance que ele teve no período com a atriz Grace Kelly. Depois de ser colocado contra a parede, finalmente ele se decidiu e os dois oficializaram a união em 1957.
Bing teve mais três filhos com a jovem esposa: Harry, Mary Frances e Nathaniel. A idade e a experiência tornaram-no um pai aparentemente mais presente. Os dois permaneceram juntos até a morte do cantor em 1977. Ele sofreu um ataque cardíaco enquanto jogava uma partida de golfe na Espanha. Estava descansando após realizar mais uma de suas turnês.
Pouco tempo depois, seu filho Gary lançou Going My Own Way, um livro em que falava sobre seu relacionamento com o pai. Era tudo o que as colunas de fofocas queriam. Segundo Gary, seu pai cometeu abusos físicos e emocionais. Seus irmãos foram contra a publicação, principalmente Philip, que se tornou um grande defensor do pai. Dennis e Lindsay cometerem suicídio após anos sofrendo de depressão.
Seu filho mais novo, Nathaniel, acabou também escrevendo um livro sobre o pai chamado “18 Holes with Bing: Golf, Life and Lessons From Dad”. Em entrevista Nathaniel afirmou que seu pai não elogiava os filhos, mas demonstrava afeto de outras maneiras diferentes. Ele disse ainda:
“Meus quatro meio-irmãos faleceram faz um bom tempo. Não quero refutar um livro que Gary escreveu há 35 anos, mas a educação antigamente era diferente da que conhecemos hoje em dia. Castigos corporais eram comuns até a década de 70. Foi somente a partir dos 80’s que a concepção sobre isso começou a mudar. Naquela época era bastante comum. Gary escreveu o livro dois anos depois que a filha de Joan Crawford escreveu Mommie Dearest. Digamos que escrever livros se tornou um modelo de negócios bem sucedido e que tinha um público cativo. Meu pai era um pai incrível. O livro só fez piorar as coisas para meus irmãos, já que todos eles acabaram esmagados pelo que Gary escreveu.”
Fica difícil sabermos ao certo com quem reside a verdade, já que não existe consenso nem entre os irmãos. Vale lembrar que naquele período estava se tornando bem comum filhos de famosos lançarem livros falando sobre seus genitores. Marlene Dietrich, Bette Davis e Joan Crawford foram algumas. A viúva Kathryn também foi em defesa do marido, afirmando que ele sempre amou os filhos. Todos eles.
Fontes de pesquisa: Bing Crosby’s son Nathaniel: Dad never said ‘I love you, Bing Crosby Rediscovered, Findagrave, Whosdatedwho, Stevenlewis, Bing Crosby said I was too young to marry him, IMDB
Livros lançados pelos filhos de Crosby:
18 Holes with Bing: Golf, Life and Lessons From Dad. Autor: Nathaniel Crosby
Going My Own Way. Autor: Gary Crosby