Busby Berkeley, o primeiro grande coreógrafo de Hollywood

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Busby Berkeley construiu uma grande reputação como diretor de musicais e coreógrafo em vários espetáculos da Broadway. Mas sua grande contribuição veio quando ele formulou sequências de dança em 42nd Street (1933). O filme trazia o mesmo tipo de história bem comum em musicais da época: O diretor da Broadway que era intransigente e queria a todo custo descobrir um novo sucesso. A estrela egoísta que quebrava um tornozelo e abria caminho para outra. Uma garota desconhecida, mas talentosa que assume o lugar da estrela na noite da abertura. Mas Berkeley deu uma nova visão ao conceito musical nele.


Embora o filme tenha sido dirigido por Lloyd Bacon, a Warner Brothers percebeu o talento de Berkeley e o trabalho de câmera e coreografias que ele trouxe. O estúdio logo o colocou para dirigir uma série de musicais que combinavam os bastidores do showbiz com romances. O coreógrafo aperfeiçoou a técnica de sincronizar imagens filmadas com uma trilha sonora musical previamente gravada. Visto que os microfones não eram necessários durante a filmagem de sequências musicais, as câmeras já não tinham que ser presas em cabines à prova de som durante os números de produção.

Pela primeira vez desde a introdução do som sincronizado, as câmeras voltavam a se movimentar. Isso fez com que Berkeley se tornasse famoso e revolucionário, explorando várias possibilidades e criando imagens caleidoscópicas.


Ele foi o primeiro diretor a entender claramente que a coreografia seria mais eficaz envolvendo a movimentação da câmera e dos bailarinos. Em vez de filmar números de pontos de vista fixos, ele ajustou suas câmeras em movimento com monotrilhos. Os grandiosos números eram em sua maioria colocados no final do filme, oferecendo maravilhosas imagens de fuga.


Com isso a Warner Brothers permitia que o coreógrafo filmasse seus números de fantasia em grande escala. Vistas deslumbrantes de dançarinos colocados geometricamente tornaram-se suas marcas registradas. Muitas vezes as câmeras eram colocadas em locais difíceis para obter a distância certa nas filmagens. Ele também contava com conjuntos elaborados e muitas vezes eróticos. As imagens criadas por Busby encantaram a platéia durante a Grande Depressão, mesmo com seus filmes sendo feitos em preto e branco.


Os astros preferidos de Busby eram Ruby Keeler e Dick Powell, e ele os usava constantemente em seus filmes. Enquanto Ruby parecia a garota da porta ao lado, Powell tinha uma das vozes mais atraentes da época. Seus filmes também contavam com as canções de Harry Warren, Al Dubin, Richard Whiting e Johnny Mercer.

Embora as sequências musicais de Berkeley permanecessem visualmente inventivas, suas tramas de bastidores cresceram de forma prodigiosa. O coreógrafo tinha um gênio muito difícil, em parte por sua educação militar, e aconteciam muitos conflitos emocionais. Seu envolvimento com bebidas também influenciou o processo e quando sua popularidade caiu no final da década de 30, ele deixou a Warner e foi se juntar à MGM, onde passou as próximas duas décadas.


Sua carreira na MGM se provou comercialmente bem sucedido, principalmente nos filmes em que dirigiu Mickey Rooney e Judy Garland. Mas no sistema do estúdio, os diretores não tinham independência criativa, mas apenas seguiam ordens do produtor, e ele não pode exercer a liberdade criativa que tinha na Warner.Apesar de ainda criar momentos memoráveis, sua instabilidade emocional o tornou abusivo verbalmente, criando dificuldades com os atores, sobretudo Judy Garland. Isso fez com que sua reputação ficasse arranhada. Ele continuou a trabalhar como coreógrafo nas telas, mas acabou desaparecendo na obscuridade na década de 50.

Com o tempo sua obra inicial foi redescoberta por fãs de filmes e universidades de cinema. Quaisquer que fossem os demônios pessoais de Berkeley, seus musicais da década de 30 continuam um marco cultural, fazendo com que ele tenha um lugar fundamental na história do cinema.

 

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