O Maior ícone do cinema, Chaplin nasceu há 128 anos

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Há 128 anos nascia o maior ícone do cinema. Numa época em que os atores eram ainda números, em que os rostos pareciam pertencer a qualquer um e o cinema era uma criança, Chaplin se destacou. Se destacou porque seu personagem trazia em sua essência um homem simples, que, acostumado com as topadas da vida, seguia sempre adiante. Algo reconhecível por cada um de nós.

Tantos e tantos que lá estiveram, tão grandes e bons, hoje não são mais reconhecidos, e ele, sem pretensão, sem achar que seria, sobreviveu. Apesar do tempo, apesar da corrida dos anos que o levam cada vez mais longe, se transformou em uma daquelas imagens que mesmo quem não conhece cinema, identifica. E o tempo… o tempo acabou se tornando seu grande amigo.

O garotinho que sofreu horrores de uma infância pobre e amargurante tinha que sobreviver. E fez a única coisa que sabia: vendeu sorrisos. Não venceu todos os seus fantasmas: ao contrário, trouxe todos, um por um, em suas obras. Seus cenários eram a Londres de sua infância. Uma infância retratada em parte em The Kid e nas crianças que circulavam em seus filmes, quase sempre trabalhadoras, exploradas; seu posicionamento humanístico, como ele dizia, em contraposição ao comunismo que lhe atribuíam; seus problemas com mulheres, ah mulheres, que ele não entendia mas amava; sua eterna busca por Hetty Kelly, a imagem idealizada na adolescência que acabou se tornando sua musa em tantos filmes; o abandono e a esperança no vagabundo que sempre, ou quase sempre terminava seguindo sozinho, mas seguindo. Nem sempre bem, mas seguindo. Um lampejo de esperança surgiu quando, ao lado de Paulette Goddard, ele segue, desta vez acompanhado.

Vimos ele envelhecer nos seus filmes, vimos o vagabundo se tornar Monsieur Verdoux, dar as costas e ir de encontro à morte. Tropeça e segue, pernas cambaleantes de Verdoux, ou seria o vagabundo? Vimos o palhaço e seu medo ao constatar que o público não estava mais lá em Limelight. Vimos sua despedida, tímida, enquanto as novas gerações chegavam cheias de vida, na pele de Marlon Brando.

Não sei se ele temia a morte ou se preocupava em pós-sobrevivência de suas obras. Acho que ele se preocupou primeiro em sobreviver, depois em trabalhar. Tinha pretensão de comprar uma fazenda de porcos com o dinheiro que ganharia no cinema, para não mais passar fome. Sorte que tenha adiado os planos. Não vi exaltação como hoje vejo em tantos cineastas, que se auto-intitulam os melhores da sua geração. Vi obras despretensiosas que por isso, talvez por isso, tenham se tornado essenciais. A simplicidade, o menos que é mais. 127 anos de nascimento. Puxa, 127! E 102 anos que temos o vagabundo entre nós. Parabéns Chaplin. Obrigada por ter conseguido, por ter insistido um pouquinho mais e abandonado os planos de ter uma fazenda. Obrigada meu amor, obrigada meu amor.

Nos Bastidores de A Condessa de Hong Kong
Com sua amada Oona
A última foto
Um jovem Chaplin posa ao lado da piscina
Regendo sua orquestra
Com Paulette Goddard, segundo amor.
Monsieur Verdoux

 

Chaplin sem a caracterização que o tornou conhecido

 

 

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