Confesso a vocês. Tinha ouvido falar em Fernandel mas não conhecia sua obra. Um dos nossos seguidores sugeriu uma matéria sobre ele mas eu tinha um completo desconhecimento sobre ele, além das fontes (todas em inglês ou italiano) serem poucas.
Nascido em 8 de maio de 1903 em Marselha na França, Fernand Joseph Désiré Contandin jamais perderia o sotaque local, e este se tornaria uma de suas características, além do sorriso largo, com mais dentes grandes e grande capacidade de expressão. O apelido Fernandel foi recebido somente anos depois, quando já adulto, de sua cunhada.
Aos 10 anos de idade ele começou a se apresentar como cantor nos cafés, ao lado do pai. Mas ao crescer interrompeu a carreira momentaneamente para ganhar a vida trabalhando em um banco como caixa. Mas conta-se em algumas fontes que o trabalho não dava certo, porque quando ele ria os clientes não se aguentavam e começavam a rir junto.
Nas horas vagas ele continuava cantando e continuou na atividade durante quase toda sua vida. No youtube é possível encontrar uma variedade de músicas suas. Com isso ele foi se tornando um cantor profissional. Ele chegou a cantar em vários de seus filmes, principalmente na década de 30.
Mas antes disso ele cantou em Nice, trabalhando no teatro de variedades (vaudeville), onde aprenderia a pantomima (a arte de se expressar com gestos, dominada com maestria por Chaplin). Então partiu para Paris, onde tudo acontecia, afinal de contas. Lá cantou em inúmeros cabarés e começou em determinado momento a participar de filmes. E ele estreou nas telas em Le blanc et le noir (1931)de Marc Allégret. Em seu segundo filme foi dirigido por Jean Renoir em On purge bébé (1931).
A partir daí pode-se dizer que sua carreira deslanchou e ele só iria parar quando morresse. Ele apareceu em várias comédias musicais, aproveitando-se de sua bela voz em várias películas. O sucesso seguiria durante as décadas de 40 e 50. Em 1956 ele apareceria em A Volta ao Mundo em 80 dias, de Michael Anderson. Não foi a única incursão especial que ele fez. Ele também chegou a trabalhar ao lado do grande Totó em La legge è legge (1958).
Em 1958 foi convidado a participar da comédia americana Férias em Paris (Paris Holiday, 1958), trabalhando ao lado de Anita Ekberg e Bob Hope.
Apesar de estar totalmente envolvido nos filmes, ele dirigiria apenas três: Simplet (1942), Adrien (1943) e Adhémar ou le jouet de la fatalité (1951). Ele chegou a fundar uma produtora tendo como sócio o ator Jean Gabin. E a vida pessoal?
Fernandel casou-se apenas uma vez, com Henriette Manse, a irmã de um amigo seu. Juntos tiveram três filhos, sendo que um deles, Franck, tentaria sem sucesso a carreira de ator. Os dois permaneceram juntos até a morte dele.
A década de 50 foi marcada pelo personagem de um sacerdote italiano, que ele encarnou em vários filmes. Na década de 70 ele adoeceu e piorou enquanto fazia um filme. Tinha dificuldades de respirar e dores no peito. Levado ao hospital não tinha ideia da gravidade de seu estado. Ainda retornou às filmagens mas ficava claro que havia algo de errado e ele foi forçado a deixar os estúdios. Em 26 de fevereiro de 1971 morria Fernandel. Pouco antes de sua morte ele ainda não sabia que estava com câncer.
Fontes: nytimes, britannica, theredlist, IMDB