Zelma Kathryn Elisabeth Hedrick, mais conhecida como Kathryn Grayson, nasceu em 9 de fevereiro de 1922. Seu pai era um corretor de imóveis e sua mãe cuidava dela e de seus outros três irmãos. Aos 12 anos de idade, “Graysie”, como era chamada, mostrou que tinha talento para o canto e passou a tomar lições de música com Frances Marshall, cantora da Chicago Civic Light Opera. Três anos depois a família partiu para a Califórnia para que a garota pudesse tentar uma carreira.
Era o início dos anos 40 e a jovem de 15 anos se apresentava em alguns programas, escolas e igrejas quando assinou primeiramente um contrato com a Red Seal, selo da RCA Victor Records. Mas logo chamou a atenção da MGM. Naquele tempo, atrizes adolescentes que cantavam como Deanna Durbin e Judy Garland levantavam as bilheterias nos cinemas. E era vantajoso para os estúdios investir em jovens que fossem um potencial sucesso.
Kathryn acabou assinando com a MGM e iniciou a série de treinamentos destinado às atrizes iniciantes. O treinamento incluía exaustivas aulas de etiqueta, canto, postura, dietas e tratamentos estéticos muitas vezes cruéis. Tudo visando uma perfeição para os padrões dos estúdios. Havia também nela uma certa resistência, já que seu sonho era mesmo seguir carreira como uma cantora lírica.
Por conta de seu contrato com a MGM, teve que recusar um convite para estrelar a ópera “Lucia Lammermoor”, de Donizetti. Isso a deixou muito frustrada. “Depois de ver o meu teste de tela, eu queria desesperadamente cancelar meu contrato”, revelou a Hedda Hopper em 1951. Com o tempo foi se acostumando.
Finalmente em 1941 ela estreou nas telas na série de filmes estrelada por Mickey Rooney: A Secretária de Andy Hardy (Andy Hardy’s Private Secretary). A série era um grande sucesso de público e serviu também como porta de entrada para a fama de artistas como Judy Garland, Esther Williams e Lana Turner. Kathryn permaneceu na MGM por 13 anos. Ela também fez filmes na Warner Brothers e na Paramount Studios.
MICKEY ROONEY E A SÉRIE DE FILMES DE ANDY HARDY
Ela fez participações em produções como Sete Noivas (1942) e A Filha do Comandante (1943), onde atuou pela primeira vez ao lado de Gene Kelly. A atriz começava a estabelecer-se como uma atriz de musicais quando veio a guerra. Nesse tempo a cantora não esteve parada e fazia participações para entreter as tropas e também se apresentava em programas de rádio.
Marujos do Amor (1945) foi uma produção de enorme repercussão. No elenco, nomes em grande ascensão como Gene Kelly e Frank Sinatra. Sintam o potencial dessa voz:
O ano mostrou-se positivo e ela seguiu fazendo várias boas participações, incluindo um número musical em Quando as Nuvens Passam (1946). Vale a pena vocês darem uma olhadinha:
Ela voltaria a trabalhar ao lado de Frank Sinatra, mas o roteiro dos filmes não ajudava e fez de Aconteceu Assim (1947) um grande fracasso. Outros parceiros nas telas foram o tenor Mario Lanza (com quem ela se desentendeu), Van Johnson e Howard Keel, que a descreveu como a mulher mais linda do cinema. Com Red Skelton atuou em O Amor Nasceu em Paris (1952).
Falando neste filme, ele é uma regravação de Roberta, musical estrelado em 1935 por Fred Astaire e Ginger Rogers. Apesar de não ser muito conhecido é uma delícia feita em technicolor. Atuando em O Barco das Ilusões (1951) fez uma grande amiga: Ava Gardner.
A carreira cinematográfica dela decaiu após o desinteresse do público por musicais. O Rei Vagabundo (1956) marcou sua despedida das telas. Mas o que parecia ser um fim na verdade representou um recomeço. Finalmente a atriz pode se dedicar mais à sua grande paixão, que era cantar. Apresentou-se em programas de rádio, tv e em 1962 assumiu o lugar de Julie Andrews na peça Camelot. Seguiu atuando em peças musicais, desenvolvendo ainda mais seus dotes musicais.
Kathryn casou-se duas vezes. Seu primeiro marido foi o ator John Shelton, com quem contraiu núpcias em 1941 após romanticamente fugirem para Las Vegas. Mas o amor logo partiria e em 1942 os dos se separaram. O divórcio oficial veio em 1946 após ela alegar crueldade mental.
Em 1947 ela novamente casou-se. Desta vez com o hoje desconhecido cantor Johnnie Johnston. Com ele teve sua única filha, Patricia Kathryn Johnston, nascida em 7 de outubro de 1948.). Johnston mostrou-se um grande embuste, chegando a contar detalhes da vida íntima do casal para colegas, além de mostrar cartas confidenciais da esposa em tom de deboche. Em 1951 os dois se divorciaram. A atriz não voltaria a se casar.
Kathryn viajou por várias cidades se apresentando como cantora até meados da década de 90. Nesse período chegou a se apresentar com seu antigo colega de cena, Van Johnson com “Love Letters”. Após aposentar-se dos palcos, continuou trabalhando dando aulas de canto.
Kathryn faleceu aos 88 anos em sua casa em Los Angeles, em 17 de fevereiro de 2010.
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