Pepa Flores, a maior estrela infantil da Espanha

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Pepa Flores obteve grande êxito como atriz mirim na Espanha, durante a década de 60. Sua voz e carisma encantaram adultos e crianças em filmes musicais. Já adulta, continuou a carreira realizando trabalhos com diretores como Carlos Saura. Na década de 80 afastou-se aos poucos das telas e da carreira artística.

Josefa Flores González, nasceu no dia 4 de fevereiro de 1948 em Málaga, (Espanha), na rua Refino, número 10, em um cortiço típicamente andaluz onde conviviam mais de cinquenta famílias. Filha de Juan Flores e María González, pertenceu a uma família muito pobre, mesmo não passando fome, a vida era muito dura. Josefa é a filha do meio, junto a María Victoria (três anos mais velha que ela) e Enrique (oito anos, de quem cuidava com todo zelo e amor). Voltando a sua antiga vida, dizia-se que todas aquelas famílias que moravam naquele mesmo lugar compartilhavam um único banheiro.

 
Atualmente o cortiço onde Pepa morava foi derrubado para se construir um prédio. Seu pai naquele tempo mesmo vivendo modestamente, mantinha o espírito alegre dos andaluzes e era responsável por organizar bailes flamencos na localidade. Foi assim que Josefa Flores aprendeu as palmas e todo o ritmo musical relacionado ao flamenco. O sr. Juan Flores, seu pai trabalhava em uma modesta peixaria, enquanto sua mãe era apenas uma dona de casa. Uma de suas avós que se chamava Martírio, queria lhe por este nome, o que foi recusado por sua mãe, que por sua vez lhe deu o nome de Josefa para homenagear ao seu avô.

Faltava muito as aulas no Santa Teresa, o colégio religioso onde estudou, pois vivia de pequenas apresentações de baile e canto flamenco, com o que ganhava uns trocados e ajudava em casa. Em 1959, em uma viagem a Madrid com seu grupo de coros e danças, foi descoberta pelo produtor de cinema Manuel J. Goyanes. Aliás foi a filha dele que falou sobre o talento da pequena Pepa, insistindo que “essa era a menina que ele buscava para o novo filme que estava preparando”.
Manuel viajou até Málaga e conversou com os pais de Pepita, na negociação insitia para que a menina fizesse cinema. Quando finalmente, seus pais aceitaram, o cineasta lhes entregou 40.000 pesetas como primeira parte do salário. As vizinhas choraram ao se despedir da menina, que pegou um avião com sua mãe e uma acompanhante a Madrid. Então a desconhecida Josefa Flores Gónzales passa a ser conhecida como Marisol. Mais tarde na vida adulta passa a adotar o nome de Pepa Flores. O início na vida do cinema não foi fácil para a pequena, que contou certa vez que quando filmava com o diretor Luis Lucia Mingarro nos filmes “Tómbola”, “Las cuatro bodas de Marisol” e “Solos los dos” chorava constantemente com as duras do diretor em querer fazer a cena perfeita, logo nas primeiras filmagens.
 Para as cenas pelas quais tinha que chorar, por sua natureza alegre, lhe custava muito forçar o choro, para conseguir que ela chorasse, lhe torturavam dizendo que nunca mais iria ver seus pais. Marisol foi considerada como um dos símbolos da infância dos anos 60 junto a Joselito e Rocío Durcal. Ela chegou a se apresentar para autoridades como o então chefe de estado Francisco Franco. Tinha longas jornadas de trabalho, nas quais desfrutava de pouco tempo livre sempre fazendo filmes, comerciais e turnês. O que mais lhe causou sofrimento na vida foi ter que se separar de sua família, concretamente de sua mãe.
Aos 15 anos lhe diagnosticaram uma úlcera devido ao estresse e a grande carga de trabalho, devido a isso, quis abandonar o mundo dos espetáculos e o do cinema. Quando estava em uma tourné no Japão, esconderam dela a morte de sua avó, para que ela pudesse honrar os contratos de trabalho. Bem depois, lhe contaram do falecimento daquela que foi responsável pelos seus primeiros passos de flamenco, fase em que ela sofreu intensamente. Se operou três vezes nesse período, das amídalas, ficando muda por um bom tempo (1962), de apendicite em 1964 e de um pequeno tumor no braço. Em 1969 casou-se com Carlos Goyanes, o filho do seu produtor.
Durante seu casamento sofreu um aborto devido a má formação do seu útero, e teve pelo menos duas tentativas de suicídio. Em 1972 ela corrigiu essa má formação uterina, capacitando-a agora de ter filhos. Se separou de Carlos no mesmo ano e representou a Espanha no primeiro festival da OTI com o tema “Niña” ganhando o terceiro lugar.
Obteve o prêmio de melhor atriz com “Los días del pasado” no Festival de Karlovy Vary. No final dos anos 70 deixou de ser Marisol para ser conhecida apenas como Pepa Flores. Nesse período fez seus últimos filmes. Dois deles com Carlos Saura, Bodas de sangre (1981) e Carmen (1983) e outro com Caso Cerrado, Juan Caño (1985). Em 1984 atuou para a TVE interpretando Mariana Pineda na série Mariana Pineda, dirigida por Rafael Moreno Alba. Além do cinema, teve uma ampla carreira discográfica que foi de 1960 a 1983.
Já cantou composições de Joan Manuel Serrat, Augusto Algueró, Juan Pardo, Los Brincos, Manuel Alejandro, García Lorca e Luis Eduardo Aute. Sendo o seu maior sucesso “Habláme del mar, marinero”(1976). Entre 1960 e 1962 gravou para Montilla, e em 1963 o selo Zafiro foi feito com os direitos de todas essas gravações e de seu contrato, que manteve vigente até sua despedida em 1983 já como Pepa Flores e com o álbum Clima. Tem três filhas com a união com o coreógrafo e bailarino, Antonio Gades, com quem casou em Cuba, esse foi seu segundo matrimônio.
Mas a Espanha daquela época difícil acusava ela e Gades de adultério, fato que era tido como delito. Sua primogênita, María Esteve, é também atriz, nascida na Argentina, para poder ser registrada como sua filha, já que a lei espanhola não permitía registrar os filhos fora do casamento. Sua filha mais nova, Celia Flores, é cantora de flamenco pop e trabalha para a Compañía de Ballet Antonio Gades. Sua segunda filha, Tamara, é psicóloga e não tem nada a ver com o mundo artístico. Foi militante do Partido Comunista da Espanha e posteriormente do Partido Comunista de los Pueblos de España. Como tal, se caracterizou por sua defesa pública dos ideais do marxismo, sua participação nas mobilizações contra a OTAN e sua solidariedade ativa com a Revolução Cubana; chegou ao ponto de doar o dinheiro aos partidos comunistas, das placas comemorativas de ouro que lhe foi dada por Francisco Franco durante sua infância. Só se desvinculou da militância política quando se separou de Antonio Gades.
Pepa Flores reside atualmente em Málaga com o seu atual esposo, o empresário italiano Máximo Stechinni e se retirou da vida pública para se dedicar a atos solidários e políticos, especialmente a aqueles que promovam de alguma maneira a sua terra natal, Málaga. Pertence a Fundación A. Sandino de Nicaragua e é madrinha da Associação Malaguenha de Esclerose Múltipla cumprindo semanalmente visitas de voluntaria a uma de suas oficinas. Dirige o coro “Contra viento y marea” da mesma associação. Em 2000 gravou uma música com sua amiga, a cantora malaguenha, Aurora Guirado a canção leva o título de “Por primera vez”.
 Em agosto de 2008 finalizou as filmagens, dirigida por Manuel Palacio, da minissérie produzida pela Antena 3 “Marisol”, baseado na vida da artista. Para cobrir as diferentes etapas de sua vida pública (infância, adolescência e fase adulta), foram escolhidas as atrizes Ana Mena, Elsa Pinilla e Teresa Hurtado de Ory, respectivamente, nas gravações utilizaram em playback a voz da própia Marisol para interpretar os sucessos da cantora, exceto Ana Mena que canta em algumas ocasiões com sua própria voz. Formam ainda o elenco Roberto Álvarez, Remedios Cervantes, Javier Rey, Jesús Neguero e Rafael Amargo. A produção, dividida em dois capítulos, teve sua estreia na televião no dia 23 de março de 2009. Está baseada na biografia não autorizada “De Marisol a Pepa Flores”.

Por Magda Miranda

Pepa Flores seria uma fraude?

Há algumas denúncias de que Pepa Flores na verdade não seria a primeira Marisol, e sim uma garotinha chamada Remedios Olaya. Segundo o site El Fraude Pepa Flores em 1952, aos 6 anos de idade, Remedios rodou “Un rayo de Luz” e a continuação “Ha llegado un Angel”. Fez os filmes em um período de 3 anos. Porém o pai de Marisol (Remedios Olaya) decidiu coloca-la em um colégio e os filmes nunca chegaram a estrear, sendo guardadas. No final de 1959 o produtor Manuel Goyanes teria escolhido Pepa em um concurso e a ensinou todos os gestos usados pela Remedios anteriormente. Em 1960 finalmente teria sido lançadas as películas e Pepa Flores levou os créditos sem ter atuado em nenhuma. Segundo o site ainda, uma das provas da fraude seria o fato de cada uma ter um timbre de voz diferente. Somente aos 14 anos ela iria estrear sua primeira película.

Esse vídeo mostra as prováveis diferenças entre as duas:

Maiores informações sobre a polêmica:

http://elbuscadordelaverdad.blogspot.com.br/2013/03/la-nina-prodigio-marisol-un-fraude-mas.html

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