Como foi o Show de Marlene Dietrich no Brasil

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Sem dúvida, o show de Marlene Dietrich no Copacabana Palace foi o maior sucesso de público numa temporada que já havia apresentado nomes de peso como Margot Fonteyne, Nat “King” Cole, Juliete Greco e Sarah Vaughan. Ela fez shows nos dias 27, 28, 29 30, 31 de julho e 2 de agosto de 1959. O montante do contrato não foi revelado, o valor foi pago antecipadamente e Marlene teve porcentagem sobre a renda.

Marlene apareceu, como sempre, com o seu vestido colante, seu casaco de plumas de cisne e jóias falsas conquistando a todos com a sua voz, charme e senso de humor diante de um público elegante de smoking, casaca e vestidos decotados. Cantou em inglês, francês e alemão.
Na segunda parte ela aparecia com o seu traje masculino e uma bengala. Durante a música “Maybe I’ll Come Back “ ela dançava um número tipo can-can com seis coristas. Chorou ao cantar “Lili Marlene”, fêz a orquestra mudar de tom duas vezes (teve pouco ensaio) e terminou por beijar o seu pianista (Burt Bacharach) na boca.

Na biografia escrita por Charles Highan, um fã de Marlene, John Marven, apresenta uma boa impressão sobre essa noite no Copacabana: “Foi inacreditável! Nunca vi nada igual. A platéia ficou completamente doida e quando ela entrou, houve um tremendo grito em uníssono, como se fosse uma só voz.
Ela começou a cantar um número e o grito continuou e de tal forma, que ela teve de parar e começar de novo. Quando terminou a primeira metade do show, algo aconteceu que não acredito ter acontecido em nenhum outro lugar, antes ou depois. Os espectadores correram para o palco. Aqueles que não puderam subir ao palco, ficaram de pé nas suas mesas. Quase no final do número, os espectadores apanhavam os garfos e as facas e a acompanhavam batendo nos pratos. Foi incrível. Já no final, quando estava com seus trajes de homem, e alcançando sua maior emoção, cantou como homem “I’ve Grown Accustomed to Her Face”, todo o mundo começou a chorar e a gente podia ouvir o soluço de centenas de pessoas na escuridão”.

Nessa noite de estréia houve também quem reclamasse da organização e da superlotação, pois a impressão que dava é que haviam sido vendidos mais mesas que o local permitia. Provavelmente foi o recorde de público do Golden Room. A comida fria chegava às mesas e os heróicos garçons estavam justamente mal-humorados. Não havia espaço para servir. O conjunto de “girls” ensaiou apenas algumas horas e a orquestra falhou duas vezes.

Porém, o que provavelmente mais marcou a aparição de Marlene Dietrich não foi o seu show , e sim, a sua aparência. A revista Manchete publicou: “Quando o show terminou e os aplausos morreram, a sala estava repleta de comentários femininos. “Que maravilha aos cinquenta e sete anos ter um corpo assim ! ” . Pelo visto, as mulheres se preocupavam mais com a juventude de Marlene Dietrich, com a sua beleza eterna e sua agilidade ao dançar do que com o “show”.

Por Max Eduardo Ziemer (http://marlenedietrichnobrasil.blogspot.com)

 

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