Vittorio Gassman nasceu em 1 de setembro d2 1922 em Gênova, na Itália. Seus pais mudaram quando ele ainda era uma criança para Roma. E foi lá que o jovem terminou seus estudos em arte dramática. Logo cedo demonstrou um interesse genuíno pela atuação e em 1942 estreou nos palcos de Milão. A peça era La Nemica de Niccodemi. Não conseguiu mais parar. Mudando-se para Roma, uniu-se a Tino Carraro e Ernesto e fizeram uma companhia de teatro onde encenavam diversas peças para um público mais sofisticado.
A estreia no cinema veio em 1945, quando atuou em Incontro con Laura, do diretor Carlo Alberto Felice. Mas, segundo o IMBD, o filme talvez não tenha sido lançado e não há nenhuma cópia disponível dele. Foi somente em 1947 que ele retornou às telas com A Filha do Capitão, de Mario Camerini.
Em 1948 ele se tornou conhecido do grande público internacional por sua participação em Arroz Amaro (Riso Amaro). No filme ele interpretava um homem que abusava moralmente de uma mulher. Escrevi mais sobre o filme aqui no site. Confira aqui.
Ele se tornou muito conhecido nos palcos após entrar na companhia teatral de Luchino Visconti. Lá atuou em várias montagens de peças de Tennessee Williams e Shakespeare.
É preciso que se diga que tanto nas telas quanto nos palcos ele demonstrava imenso talento. Não é verdade que se aproveitou de seu relacionamento com Shelley Winters para ganhar terreno na América. Quando os dois se casaram em 1952, o ator já tinha uma carreira sólida na Europa, e pouco se importava em ganhar o mundo. Vittorio chegou a fazer alguns filmes na América, como Rapsódia (1954), onde atuou ao lado da lindíssima Elizabeth Taylor, mas acabou retornando ao bom cinema italiano.
A partir da década de 50, começou a atuar em séries e filmes televisivos. E foi por causa de sua atuação em Il Mattatore, de Dino Rise, que ele ganhou este apelido que o acompanharia pelo resto de seus dias. Na comédia, Vittorio interpretava um aspirante a ator que tentava de todo jeito se tornar um ator de tragédias. Como não consegue, aproveita seu “dom” para criar várias personalidades e aplicar golpes. Mas acaba se dando mal.
O ator seguiu a década de 60 e 70 com imenso sucesso. Destaco aqui sua participação no magnífico Profumo di donna (1974). Perfume de Mulher é mais conhecido pela versão lançada em 1992 e que trouxe o Al Pacino e Chris O’Donnell nos papéis principais. E se a versão mais recente rendeu a Pacino o seu tão esperado Oscar de Melhor Ator, a de 1974 garantiu ao Vittorio Gassman o prêmio de melhor ator no festival de Cannes. Também escrevi sobre esse filme aqui. Clique aqui e leia a resenha completa.
O ator também chegou a dirigir alguns filmes. Na verdade bem poucos. Dentre eles o de maior sucesso foi O Álibi (L’alibi, 1969), dividindo a direção com Adolfo Celi (segundo esposo de nossa Tonia Carrero). Expandindo sua carreira, ele fundou uma escola de teatro, a Bottega Teatrale di Firenze.
Sua vida pessoal foi bem agitada. Seu primeiro casamento foi com a também atriz Nora Ricci. Os dois se conheceram na Academia de Artes Dramáticas e se casaram em 1944. Do relacionamento nasceu Paola Gassman, que mais tarde se tornaria também atriz. O casamento acabou após ele conhecer Shelley Winters.
A segunda foi a atriz americana Shelley Winters, por quem se apaixonou na Europa, casou-se e teve uma filho. O problema é que, aparentemente e à distância, Vittorio continuava levando uma vida de solteiro. E quando Shelley engravidou ele foi pouco presente, retornando à América poucas vezes.
Quando Vittoria Gina, única filha do casal, nasceu, ele permaneceu na Europa trabalhando. Os dois terminaram o casamento após Shelley descobrir que ele se relacionava com Ana Maria Ferrero, atriz de 16 anos com quem ele atuava em uma peça. Os dois tiveram um relacionamento mas não chegaram a casar.
Do relacionamento com a atriz Juliette Mayniel, nasceu seu filho Alessandro Gassman. Sua última esposa foi Diletta D’Andrea, com quem casou em 1970. Os dois tiveram um filho, James. O casal permaneceu unido até a morte dele.
Na década de 90 ele fez um programa de tv na Itália chamado “Gassman Legge”. Nele, o ator lia alguns textos banais que podiam ir desde um relatório de exame de sangue até uma página de um jornal local. Ironicamente, o quadro fazia imenso sucesso. Ele era conhecido também por falar francamente tudo o que pensava, ganhando alguns desafetos por conta disso.
Em 29 de junho de 2000 o mundo recebia a notícia de sua morte aos 77 anos. Ele sofreu um ataque cardíaco em sua casa, em Roma.