Jerry (Norma Shearer) e Ted (Chester Morris) namoram. Eles pensam em se casar. Chegando em casa, anunciam aos amigos a notícia. Eles estão naquele transe de jovens apaixonados e com imensos planos pela frente. Os amigos vibram, menos Paul (Conrad Nagel), que também é apaixonado por Jerry. Revoltado, ele sai da casa de Jerry e acaba causando um acidente que deixa uma pobre moça com o rosto deformado. Sentindo-se culpado, Paul casa-se com ela.
Passam-se três perfeitos anos de casamento, e Jerry e Ted estão para comemorar as bodas quando ela descobre que ele a traiu com outra mulher. Jerry fica chocada como qualquer um ficaria, afinal, a mulher tem a ousadia de ir à festa em comemoração de casamento deles. Ted fica tenso, foi apenas uma noite, mas a mulher insiste em um caso. Ele tenta reverter a situação, mas infelizmente precisa fazer uma viagem inadiável à trabalho, ficando uma semana fora e terá que resolver isso depois. Seria um bom tempo para o casal pensar. Seria.
Seria se Jerry aceitasse isso. Nessa mesma noite, ela resolve que não irá ficar chorando em casa. Sai com Don (Robert Montgomery), o melhor amigo de Ted, e acaba indo para a cama com ele. Acho muito interessante a forma como os filmes clássicos mostram essas coisas. Bastam alguns gestos para que nós entendamos que rolou algo ali. No caso de Don e Jerry, mostra-se primeiro eles em um carro abraçados, para em seguida mostrar uma cortina de quarto sendo lentamente fechada e Jerry chegando apenas no dia seguinte em casa.
Não contarei mais elementos sobre o filme senão estragará todo o prazer que vocês terão em vê-lo, mas posso adiantar que embora Ted ache comum ter traído a esposa, não aceitará facilmente que ela tenha saído com outro homem. Daí o título A Divorciada. Os dois irão se separar mas muitas águas irão rolar nesse filme que dificilmente seria aprovado alguns meses depois devido à censura. Só adianto que Jerry não ficará sozinha um só instante.
Curioso notar como elementos do cinema mudo ainda estão presentes aqui. A primeira é a borda usada nos cantos da tela, outro e um único e perdido subtítulo mostrando que o tempo passou. Outro elemento bastante forte é a presença da vamp, personificada na figura da outra. A utilização do som ainda é precária e usada em apenas duas vezes (e em duas festas). Em uma delas podemos identificar a famosa Singin’ in the Rain, de Herb Brown e Arthur Freed, e que se tornou famosa décadas mais tarde.
Alguns babados sobre os bastidores. Segundo o IMDB, Norma não foi a indicação inicial para o papel, porque muitos não a achavam sexy o suficiente, e queriam Joan Crawford como Jerry. Para provar que tinha sim charme, Norma fez umas fotos bem sensuais tipo essa aqui embaixo:
Uma intriga bastante comum: Norma e Crawford jamais se deram bem e a Norma sempre levava a melhor por causa de seu casamento com o produtor Irving Thalberg, que sempre escolhia os melhores papéis e até figurinistas (neste caso aqui o Adrian a vestiu divinamente). Dê só uma olhada nesses vestidos usados por ela:
Joan Crawford foi muito prejudicada por ela no início de sua carreira, mesmo que o Irving tenha comprado os direitos da história em 1929 pensando nela. O ciúme e a disputa entre Crawford e Shearer se tornou algo mitológico até. E com Norma sempre ganhando.
Mas Norma provou que podia ser boa atriz, sexy e ainda ganhou o Oscar de Melhor atriz aquele ano. Particularmente acho que ela conseguiu fazer muito bem o papel da mulher moderna que mesmo sofrendo, sacudiu a poeira e seguiu em frente. Aqui embaixo a foto dela transbordante:
Dirigido por Robert Z. Leonard, o filme seria indicado também ao prêmio de melhor diretor e Roteiro.
O Divórcio foi lançado em DVD pela Obras Primas do Cinema através da Coleção Dose Dupla – Norma Shearer, que traz ainda o filme Uma Alma Livre (A Free Soul, 1931, 93 min.) e dois curtas (Wedding Bills (9 minutos)” e How to Hold Your Husband – BACK (10 minutos)”.
Você poderá adquirir o dvd indo em alguma loja do ramo ou clicando na imagem abaixo:
