Essa Pequena é uma Parada traz de volta aquele clima das comédias malucas, típicas dos anos trinta e que traziam situações embaraçosas, batalhas de sexo e muita, muita correria.A história do musicólogo Howard (Ryan O’Neal) que envolve-se em situações constrangedoras sempre que Judy (Barbra Streisand) aparece me remeteu diretamente a Levada da Breca, filme de 1938 dirigido por Howard Hawks e que trazia Cary Grant como um paleontólogo que tem sua vida transtornada com a chegada da maluca interpretada por Katharine Hepburn. Desde sequestro de uma onça até o noivado rompido com uma moça chatinha, está tudo lá. E não é por acaso. O filme de 1972 foi de fato inspirado neste, e em outros filmes do gênero.
Uma verdadeira colcha de retalhos, o filme traz referências que agradam aos cinéfilos mais atentos, desde o título, homenagem ao coelho Pernalonga. Outra referência é a hoje já clássica frase do filme Love Story (1970), desta vez dita em tom de deboche por Judy: “Amor significa nunca ter que dizer que você está arrependido”.
Love Story também foi protagonizado por O’Neil que vivia na década de 70 sua melhor fase na carreira, sendo considerado um dos grandes galãs do período. Além dos dois filmes citados, ele também teria destaque em Lua de Papel, onde trabalharia ao lado de sua filha, a atriz Tatum O’Neal.
Com relação a Barbra Streisand, ela também vivia um grande período na sua carreira, que iniciou com sua primeira aparição no programa The Tonight Show em 1962 e continuou com sua aclamada interpretação da comediante Fanny Brice em Funny Girl, papel que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz.
Outra sacada também retirada de outros filmes foi a famosa sequência de perseguição final, que dura 11 minutos, inspirada em Bulllitt (1968). Essa sequência, aliás, foi a mais complicada para ser realizada, porque exigiu 19 dias tumultuados de filmagens, um tornozelo quebrado de um dublê, 32 dublês e cerca de 1/4 do orçamento comprometido. Mas vale a pena ser visto.
Madeline Kahn também acaba recebendo um grande destaque no seu primeiro filme como a noiva chata e desinteressante de Howard.
O resultado é bastante agradável de se ver, pois o filme traz realmente de volta aquela despretensão verificada nas comédias malucas, e é enriquecido com várias músicas, retiradas também de antigos sucessos, como Cole Porter e uma versão magnífica de “As time goes by”, cantada por O’Neil e Streisand (que está belíssima no filme). Inicialmente desacreditado, até mesmo pela equipe que não esperava muito por algum sucesso, What’s Up, Doc? acabou se tornando um dos maiores hits daquele ano, ficando atrás somente de O Poderoso Chefão (1972) e O Destino do Poseidon (1972) nas bilheterias.
* O filme foi lançado em DVD pela distribuidora Classicline e já se encontra a venda nas melhores lojas do ramo. Dê uma conferida no site oficial.