Em 1939 a MGM estava tentando mostrar uma outra faceta de sua grande estrela Greta Garbo e lançou o slogan “Garbo ri!” antes mesmo do roteiro de Ninotchka ser escrito. Tentavam com isso refrescar a imagem da atriz conhecida por seus filmes dramáticos. Ninotchka acabou se tornando um enorme sucesso e dezoito anos depois o mesmo estúdio lançaria uma versão musical dirigida por Rouben Mamoulian. Adaptado de um musical da Broadway, traz no elenco Fred Astaire e Cyd Charisse nos papéis principais.
A história é basicamente a mesma da primeira versão. Após três atrapalhados agentes soviéticos falharam em sua missão em afastar o compositor Peter Illyich Boroff ( Wim Sonneveld ) de Paris, a bela porém rígida Ninotchka Yoschenko (Cyd Charisse) é enviada à terra da luz. Inicialmente ela não cai de amores pela cidade, mas tudo muda quando ela conhece o norte-americano Steve Canfield (Astaire), que ao cruzar seu caminho, pretende lhe mostrar que a vida é mais do que seguir regras rígidas.
O elenco de apoio traz Janis Paige com um tipo comum encontrado em vários filmes norte-americanos sobretudo das décadas de 30 e 50: a loira de voz fina e comportamento extravagante e personalidade pueril em um papel totalmente dispensável na narrativa. Janis também participa de alguns números musicais e em alguns momentos chega a ser divertida apesar de tudo.
Por sua vez, o trio composto por Peter Lorre , Jules Munshin e George Tobias traz um caráter humorístico e refrescante ao filme. Mas cá entre nós, é estranho ver Peter Lorre, consagrado por filmes de terror e suspense, como um comediante. Ele executa bem suas ações, e ainda é possível, apesar do estranhamento, encontrar graça em seus poucos momentos em cena, sobretudo quando ele desajeitadamente dança.
Enquanto estão juntos Charisse e Astaire executam com maestria todos os seus passos. Mas eles são também capazes de brilhar em solos. Charisse faz um solo brilhante e tornou-se icônica o momento em que ela se despe das conservadoras roupas e atitudes e dança enquanto veste suas meias de seda: símbolo de uma nova vida e atitudes.”The Blues vermelhos.” Astaire, por sua vez executa um de seus melhores momentos nos musicais no número “The Ritz Roll and Rock”. Após esse filme ele iria se dedicar cada vez menos ao estilo que o consagrou.