O Aniversário (1968)

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Ano após ano, a família Taggart se reúne para celebrar o aniversário de casamento da matriarca com o falecido pai. Sorte do patriarca estar ausente, pois o aniversário se torna o momento perfeito para a mãe cuspir todo o seu veneno como uma metralhadora automática, em todos os convidados: filhos e noras.

O casal tivera três filhos: Terry (Jack Hedley) chega acompanhado por sua esposa e cinco filhos. Os dois pretendem “fugir” da mammy, indo morar no Canadá. Sua esposa desafia constantemente a sogra, deixando Terry em estado de pânico. Henry (James Cossins) já fugiu há tempos: apresenta problemas psicológicos ao não aceitar sua homossexualidade, e a oculta roubando roupas íntimas dos varais dos vizinhos. Para apaziguar seu sentimento de culpa, pendura dinheiro nos varais em troca dos lingeries. O mais novo e rebelde, Tom (Christian Roberts) traz sua noiva grávida (Elaine Taylor) para apresentar e constranger a mãe e, desta forma, arruinar de vez a celebração.

Assim, estando todos reunidos e tensos, veem descer a Sra. Taggart pelas escadas, ao som de The Anniversary Song, na voz de Al Jolson. Seus filhos observam-lhe num misto de medo e admiração. Suas noras preparam-se para o pior. Provavelmente não a amam, nutrindo por ela um sentimento mais próximo ao do cárcere para com o carcereiro.

Segundo filme de Bette em terras europeias (o primeiro foi The Nanny), O Aniversário foi praticamente ignorado e colocado de lado desde sua estréia. Mas é um dos momentos mais bizarros e divertidos da carreira da grande atriz. Há aquelas que nasceram para interpretar princesas e outras, bruxas. Poucas conseguem o mesmo nível em ambos, como Bette Davis, mas ela sempre ficará melhor, bem melhor, em papéis de vilã. Dentre as piores, ela é a melhor. E com a idade, sua veia para a maldade e a loucura foi ficando mais apurada, em papéis como a babá esquizofrênica de The nanny e em O que terá acontecido a Baby Jane, em que interpreta a infantilizada Jane. E neste não é diferente.

A Sra. Taggart é tão maldosa, que é capaz de sugerir que os netos sofreram um acidente tão somente para que a nora sinta o quão é “triste” perder um filho. Ou então colocar seu olho de vidro em sua cama, para que a outra nora perca o bebê que espera.

Apesar de ter somente três cenários  o filme possui diálogos ágeis, escritos por Jimmy Sangster numa adaptação da peça homônima de Bill MacIwraith. Sheila Hancock, no papel da nora detestável, chega a fazer dupla com a atriz principal em diversos momentos, enquanto James Cossins não precisa se preocupar em ser um homem perturbado: seu rosto ajuda muito.

Dirigido por Roy Ward Baker, essa comédia possui um humor negro envolvente e a incomparável presença de Bette Davis, em um dos melhores papéis de seus últimos anos de carreira. O filme é espirituoso e perversamente divertido.

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