O Candelabro Italiano (1962): Romance e Aventura em Roma com Suzanne Pleshette
Em O Candelabro Italiano (1962), Suzanne Pleshette interpreta Prudence Bell, uma professora que viaja para Roma em busca de romance e autodescoberta

Após a Segunda Guerra Mundial, a Itália se tornou um dos cenários preferidos para muitos cineastas. Suas ruas e monumentos foram mostrados em diversos filmes, como A Princesa e o Plebeu de William Wyler e foi tema de A doce vida, do mestre Federico Fellini. Katharine Hepburn foi uma solteirona que viaja para curtir as férias no país, em Summertime (1955). E em 1962, Delmer Daves (Tarde Demais para Esquecer e Prisioneiro do Passado) dirigiria O Candelabro Italiano (Rome Adventure). A beleza de Candelabro Italiano é restrita às belas paisagens.
Na década de 60 as mulheres lutavam por seus direitos, e o movimento feminista chegou com tudo, abrindo novos horizontes e perspectivas para todas. A pílula se popularizou de vez e estava nas mãos das mulheres decidirem sobre a concepção, algo que, se indesejável, a prendia em seus lares. O amor livre começou a ser propagado e muitos escolheram viver relações sadias ao invés do antigo modelo de casamento há muito gasto. Pois bem, diante de todo esse cenário de libertação, Candelabro Italiano ainda bebe na fonte há muito tempo seca.
Nesse mesmo ano seria lançado o francês Jules e Jim (de François Truffaut), que mostra o triangulo amoroso entre uma mulher e dois homens. Bonequinha de Luxo (de Blake Edwards) é americano, e embora tenha sofrido cortes no roteiro ainda apresenta a história de uma garota que é prostituta e deseja se casar e ir embora para o Brasil. Sophia Loren é uma princesa austríaca que é expulsa da propriedade familiar por causa de suas “indiscrições escandalosas” em O Escândalo da Princesa.
E por fim temos A Bela da Tarde, lançado em 1967 por Luis Bruñuel, que mostra uma dona de casa entediada que começa a fazer programas durante a tarde, para passar o tempo. Esses foram apenas alguns dos exemplos de filmes lançados durante essa década.No entanto temos o Candelabro Italiano, filme que parece ter nascido já ultrapassado. As lições de moral dadas ao longo do filme são de causar náuseas em qualquer um, inclusive à época em que foi lançado.
Na boca do personagem Roberto um discurso que diz que a mulher pode até querer ter a mesma liberdade do homem, mas que ela nunca estará no mesmo nível dele, que não saberá arcar com as consequências. As consequências seriam não ser respeitada, como se respeito fosse algo que se conquista e não seja inerente a todos nós. Todos merecemos respeito, independente de qual atitude escolhemos na vida. Mas o mais chocante é ver Prudence, emocionada, abrir um sorriso e abraçar Roberto. Pobre roteiro.
Outro clichê tremendo é a questão de duas mulheres disputando o amor de um homem. E de uma delas sempre será a malvada, a moralmente questionável. Nas palavras de uma das personagens, mulheres disputam tudo entre si desde o momento em que nascem. E elas tem que estar acostumadas a lutar pelo seu homem. Típico discurso machista que há tempos já estava ultrapassado. O homem surge como troféu a ser disputado e almejado. Como é triste a vida das mulheres, sempre em busca de um homem que as complemente. E sem eles, elas não passam de tristes páreas, solitárias e sem futuro.