Eben Adams (Joseph Cotten) é um solitário pintor. Sem fazer sucesso em sua carreira, conta com a ajuda de um ou outro amigo, e consegue assim algum trabalho. Ele também consegue a simpatia da gentil senhora Spinney (Ethel Barrymore), dona de uma galeria de arte que mesmo vendo a pouca qualidade de seus quadros, compra suas obras. Mas o que ele ganha mal dá para cobrir suas despesas.
Um belo dia ele recebe a visita de uma garotinha que se identifica como Jennie Appleton (Jennifer Jones). Ele a encontra no Central Park, e ela explica que seus pais são artistas circenses e vão se apresentar naquela noite. Da mesma maneira como surgiu, a garota some. Mas vai aparecendo novamente ao longo dos meses, cada vez mais velha até que se torna uma bela mulher. belo deles é O Retrato de Jennie.
Jennie se torna a musa inspiradora de Eben, que consegue lindos belos quadros. O pintor descobre toda a verdade sobre sua musa: Jennie vem de um passado não muito distante, e a solidão os une.
Mas afinal, Eben de fato vê a jovem ou ela é fruto de sua imaginação? Essa é a pergunta que ficamos nos perguntando ao longo do filme inspirado em Portrait of Jennie, livro escrito por Robert Nathan. O caráter sombrio da história também deixa brecha para que acreditemos estar em meio a uma história de fantasmas, tendo em vista a época em que Jennie presumivelmente vivera. Aumenta a dúvida com relação ao personagem o fato de ele ser o único a ver Jennie. Deixo para cada um de vocês a opção de escolha com relação ao fato.
O produtor David O. Selznick se apaixonou pela história assim que leu o livro, e comprou os direitos para que Jennifer Jones assumisse o papel. Jones tinha ganhado um Oscar por A Canção de Bernardete (1943), se tornara uma atriz bastante popular após protagonizar também Duelo ao Sol (1946). Havia inicialmente planos para que Shirley Temple fizesse o papel de Jennie na infância, mas foi uma decisão de Selznick de que Jones mesmo fizesse a jovem em suas diferentes idades. A fotografia em preto e branco ajudava deveras nessas horas, tornando algo que hoje em dia soaria como inverossímel. Mas o fato é que Jones comanda muito bem a personagem que cresce não só fisicamente, mas também emocionalmente ao longo dos meses.
Joseph Cotten teve tantas boas participações em filmes, sendo mais lembrado pelos noirs que participou, sobretudo em Cidadão Kane (1941) e O Terceiro Homem (1949). Seu olhar taciturno nos convence sobre a necessidade de afeto de seu personagem. Tanto que
Outras presenças que emocionam é a das queridas Ethel Barrymore (como a dona da galeria) e da Lillian Gish. Esta última faz uma pequena participação como a freira da escola onde Jennie estudou. É mesmo emocionante revê-la mesmo que em pequenas participações.
Agora uma curiosidade: o retrato do filme foi pintado por Robert Brackman, e após as filmagens foi levado para a residência de David Selznick. Ele também levou para lá a atriz Jennifer Jones, que se tornou sua esposa em 1949. O quadro ficaria em sua casa até a morte dele em 1965.
A fotografia que traz vários pontos turísticos de Nova York em tons que reforçam a atmosfera de sonho marcou a despedida do diretor de fotografia Joseph H. August, falecido durante as filmagens e substituído por Lee Garmes. Ele recebeu uma indicação ao Oscar por esse filme, mas não ganhou.
* O Retrato de Jennie foi lançado em dvd pela Classicline e pode ser adquirido diretamente no site da distribuidora. Clique na imagem abaixo para ser redirecionado: