Tudo é tão magnífico nesse filme que eu fico meio saber onde começo a falar. Aqui está Peter Finch, um ator que tanto admiro, naquele que foi o seu último personagem no cinema e que lhe garantiu um Oscar póstumo. Ele é um apresentador de jornal, que em um de seus últimos programas, anuncia que irá se matar porque perderá aquilo que o mantém vivo: seu trabalho.
A história do apresentador que pira quando e nessa loucura leva uma porção de gente que também parece enlouquecer parece tão atual… Incrível como tudo parece sempre uma grande repetição de tudo que já vimos antes. Em meio ao seu tormento, Howard Beale lembra muito aqueles pastores loucos que repetem aos gritos mantras e que conseguem mobilizar outros loucos piores do que eles: as pessoas parecem querer sangue e a televisão entrega-lhes isso. Nada, nada de novo.
Os personagens de Rede de Intrigas (Network, 1976) são intensos e fortes, e Diana Christensen (Faye Dunaway), chama a atenção num elenco masculino. Ela é a mulher cujos olhos brilham somente ao avistar o ibope subindo. Ela não consegue se envolver, vive apenas com as necessidades mais básicas de comida e sexo, e na urgência de sentir algo se entrega à profissão, passando por cima de todos. Em determinado momento entrega que suas atitudes remetem ao masculino, mas não, Diana, elas remetem àquelas pessoas que não enxergam prazer na vida e que entregam seu último sopro de esperança a um determinado alvo. O dela é o trabalho.
É somente através dele ela consegue alguma felicidade transitória, que logo se esvai em busca de um novo sucesso. Segundo Max Schumacher (William Holden), Diana é a própria definição da televisão: fria e que não liga para os sentimentos alheios.
Roteiro, elenco, personagens, discursos, tudo, tudo maravilhoso. Um daqueles filmes que vemos e já queremos revisitar.
Acabei me demorando um pouco mais sobre o filme. Na verdade havia planejado só uma ou duas frases e cá estou eu escrevendo mais do que o esperado. Mas como não comentar sobre algo assim?