Trilogia da Cavalaria, de John Ford

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Embora John Ford tenha passeado pelos mais diversos gêneros de maneira magistral, muitos ainda lembram dele como o grande diretor de westerns. E de fato ele contribuiu para que este gênero sobrevivesse e fosse elevado a uma categoria de arte. Sua tirania durante as filmagens pode ter causado surtos em diversos atores, mas a maior parte deles acabou por reconhecer que aqueles momentos tensos serviram para que melhorassem em suas interpretações.

Em 1948 o diretor lançou Sangue de Heróis, que seria o primeiro filme da sua conhecida trilogia da cavalaria. Esse era um tema que fascinava Ford, mas ele não tinha pretensões de fazer disto uma obra prima. Na verdade vislumbrava muito mais o sucesso financeiro do que qualquer outra coisa. Hoje aclamados, os filmes tinham em comum além do tema que o fascinava a presença de John Wayne. Apesar de terem visões extremamente diferentes tanto ideologicamente quanto politicamente, formaram uma dupla imbatível. As diferenças não foram suficientes para aplacar uma grande amizade repleta de desentendimentos e que seguiu ao longo de suas vidas. a presença de Wayne com certeza engrandeceu a trilogia de maneira épica.

O primeiro filme da Trilogia da Cavalaria, um tema que fascinava Ford. Estrelando os três filmes, um ator que ele admirava e que teria em tantos outros filmes: John Wayne. Apesar de terem visões extremamente diferentes com relação a ideologias e até política, conseguiram juntos formar uma das maiores duplas do cinema ocidental. As diferenças, contudo, não foram suficientes para aplacar a grande amizade que os uniu ao longo de suas vidas. A presença de Wayne com certeza engrandeceu a trilogia de maneira épica. Vamos aos três filmes da série:

SANGUE DE HERÓIS (1948)

O tenente Owen Thursday (Henry Fonda) chega ao Fort Apache acompanhado de sua filha Philadelphia (Shirley Temple). O comandante do local, Kirby York, fica surpreso ao saber que seu posto é colocado à disposição de Thursday. O tenente é extremamente rígido, autoritário e com uma postura inflexível. A parte Romeu e Julieta da história fica garantida pelo romance entre Philadelphia e Michael Shannon O’Rourke (John Agar). O capitão York tenta a todo custo convencer Thursday a perceber seus erros, mas o tenente se nega a ouvir quem quer que seja, seguindo seus planos de atacar os índios. Apesar de Wayne ser o ator preferido de Ford, percebemos que o protagonismo ficou para o personagem de Henry Fonda, outro ator querido do cineasta.

Algumas curiosidades:

– Esse foi o primeiro filme de Shirley Temple ao lado de seu primeiro marido, John Agar. Os dois dividiriam as telas também em Adventure in Baltimore (1949). Shirley estava grávida durante a produção.

–  John Ford já dirigira Temple em Wee Willie Winkie (1937) e particularmente não gostava de trabalhar com crianças. Embora a atriz já tivesse 19 anos continuava sendo tratada com desdém pelo diretor. Mas creio que isso não tenha sido pessoal, já que ele dispensava o mesmo tipo de arrogância com os diversos atores.

– Ford também não fazia questão de ajudar John Agar, que estreava neste filme. Ele o tratava como Mr. Temple e o criticava constantemente. John Wayne, no entanto, deu a maior força para o ator iniciante. Eles trabalharam em mais cinco filmes juntos e Agar nunca se esqueceu de sua ajuda.

– Índios navajos foram usados nos papéis dos apaches, já que Ford os considerava “atores natos”.

– O Fort Apache foi construído para esta produção e reutilizado em outras. Uma delas foi a série As Aventuras de Rin Tin Tin (1954).

– Embora tivesse trabalhado nove vezes com John Ford, Henry Fonda nunca se acostumava com o tratamento do diretor. Ele encontrava dificuldades em discutir cenas, e se sentia intimidado como os demais. Além de tudo, Fonda vivia um período de inferno astral: seus últimos filmes se tornaram fracassos de bilheteria, seu casamento acabara e ele entraria para a lista negra de Hollywood.

– As condições e temperaturas eram difíceis e as filmagens chegaram a ser adiadas por causa dos ventos fortes.

 

LEGIÃO INVENCÍVEL (1949)

Segundo filme da trilogia e o único em cores. John Wayne é Nathan Cutting Brittles , um capitão veterano da cavalaria americana. Brittles está na sua última semana de serviço mas não quer aceitar a ideia de se aposentar. Antes disso deseja cumprir suas obrigações e parte numa última patrulha que tem como objetivo impedir um ataque indígena. Sua missão é colocada em perigo por causa das mulheres, já que sempre tem que salva-las. O filme conta ainda com Joanne Dru (o interesse amoroso de Cutting), John Agar (como o primeiro tenente Flint Cohill) e Ben Johnson (Sargento Tyree).

Algumas curiosidades:

– Aos 41 anos Wayne interpretava um homem de 60.

– A interpretação de Wayne foi aclamada pelo público e crítica especializada. Nem John Ford esperava por isso, já que anos atrás o considerava um ator medíocre. O desempenho de Wayne o levou a exclamar: “Eu não sabia que o grande filho da p**** podia interpretar!”. O diretor percebeu que ele evoluiu como ator consideravelmente. Esse se tornou um dos personagens favoritos de Wayne.

– O cavalo usado por Ben Johnson era um “ator” bem conhecido de outros filmes. Já estivera em outros trabalhos como Adorável Inimiga e Sangue de Bárbaros (montado por John Wayne), Céu Amarelo (montado por Gregory Peck) e O Resgate do bandoleiro (montado por Randolph Scott).

– Segundo filme de John Ford que foi filmado em cores. O primeiro foi Ao Rufar dos Tambores (1939).

– O elenco e equipe técnica viveram momentos de tensão no Monument Valley. Repetindo o que ocorrera em Sangue de Heróis, muitos dormiam em cabanas e tomavam banho com baldes de água fria.

 

RIO BRAVO (1950)

 Terceiro filme da trilogia. O coronel Kirby Yorke (John Wayne) foi designado para cuidar do posto na fronteira com o México. Lá ele defende os moradores contra os apaches. Chegam novos recrutas, e entre eles está Jeff (Claude Jarman Jr.), seu filho que ele não via desde criança. O garoto havia sido expulso da academia de oficiais. Sua preocupação com Jeff é evidente, e aumenta ainda mais com a chegada de Kathleen (Maureen O’Hara), sua ex-esposa. Ela não aprova a decisão do filho e insiste para que ele volte aos estudos. Perseguições aos colonos e ataques de indígenas fecham a trilogia.

 

Algumas curiosidades:

– Muitos criticaram o filme pelo excesso de músicas utilizadas.

– John Wayne usava uma peruca menor do que a que usava habitualmente para parecer mais velho.

– Segundo as memórias de Maureen O’Hara alguns dublês morreram durante as rodagens de cenas no meio de um rio lamacento. A atriz falou também que seus corpos nunca foram encontrados.

– Primeiro filme de John Wayne ao lado de Maureen O’Hara. A dupla estrelou cinco vezes e se tornariam um dos mais conhecidos casais das telas.

– John Wayne disse mais tarde que considerava o filme uma parábola para a Guerra da Coreia. Wayne era a favor da extensão do conflito, quando as forças chinesas cruzaram o rio Yalu.

– Maureen O’Hara era apenas 14 anos mais velha que Claude Jarman Jr., ator que interpretou seu filho.

– Está na lista de “1001 filmes para ver antes de morrer”, de Steven Schneider.

 

Classicline lançou a Trilogia da Cavalaria completa. Os filmes podem ser adquiridos separados ou através da edição de colecionador. Seguem os links:

Sangue De Heróis

Legião Invencível

Rio Grande

Edição de Colecionador na Saraiva (com os três filmes)

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