“Quem me criou foi o tempo, foi o ar. Ninguém me criou. Aprendi como as galinhas, ciscando, o que não me fazia sofrer eu achava bom”.
“Tudo que passou, acabou. Eu sobrevivi”.
“O ontem acabou. Não tenho mágoa de nada e nem saudade de nada. Vivo o hoje. Tenho alegria de viver, adoro a vida”. – Dercy Gonçalves, falando sobre a vida.
“Eu já fui acusada de tudo. Eu era “negrinha” (sua avó era negra), menina de rua, mas nada disso me atingiu porque eu não sabia o que era o mundo. Não tinha nem amigos. Passeava na rua e era perseguida com 7, 10 anos, porque o negro é perseguido há séculos”. – Dercy Gonçalves sobre a infância.
“Não acredito em santo nenhum. Minha religião é a natureza. Deus é um apelido. Ele pra mim não existe. O que existe é a natureza. Deus é fantasma, mas a natureza é a verdade”.
“Não podia levantar o braço na passarela. Arriei e fui dançando e cantando. Tinha os seios lindos naquela ocasião. Mostrei. Houve gritaria, escândalo, mas por quê? Os seios são a coisa mais linda na mulher”. – Dercy Gonçalves, sobre ter mostrado os seios durante desfile em sua homenagem no carnaval carioca, aos 84 anos.
“Todas as manhãs, a solidão me deixa deprimida. Moro sozinha, tem três pessoas que se revezam para me acompanhar. Minha filha não mora comigo. Filho não gosta de mãe; é a mãe que gosta do filho. Eles crescem, ganham independência e passam a ter prioridades. Eu me animo no cair da tarde, às 16h mais ou menos. Luto para ter forças para sair. Aí me arrumo, vou pro bingo. Lá, sou muito bem tratada, ganho cartelas e me distraio. À noite, vou a festas, jantares, adoro comer. E volto pra casa, durmo feliz. Assim são meus dias, sem expectativa”. — Dercy, em um desabafo
“Eu fiz 94 anos, mas me digo que estou com 95 para me energizar e chegar lá. Escrevem o que eu digo: eu só vou morrer quando eu quiser! Não programo morte, eu programo vida!” — Ao completar 94 anos
“A morte é linda…mas a vida também é muito boa!” — Em cena pela última vez no espetáculo Pout-PourRir
“Eu vou sentir falta de vocês. Mas vocês também vão sentir a minha”
— Para uma platéia lotada no espetáculo Pout-PourRir