Um dos precursores do neorrealismo italiano, Vittorio de Sica colecionou glórias em sua carreira, e foi também conhecido por sua parceria com Sophia Loren e por sua obra-prima: Ladrões de Bicicleta. A guerra e as suas consequências marcaram seus principais filmes.
“Sem De Sica jamais me tornaria aquilo que sou, jamais teria encontrado minha verdadeira voz. Seu talento e sua confiança foram os dons mais valiosos que a vida podia me dar e, por isso, ele viverá eternamente em minha memória”.
Os dois se conheceram quando ela tinha dezenove anos e estava em busca de sucesso na carreira. Naquele dia a atriz relembra que ele lhe deu um conselho de ouro: “O mundo é uma selva, Sophia, fique de olhos bem abertos. Mas se tem paixão, e pelo que posso ver a senhorita tem para dar e vender, confie em si mesma que tudo vai dar certo!”.
A carreira como diretor começou durante o período da guerra, e ele se tornou a voz das ruas, sempre em busca de um rosto desconhecido que pudesse transmitir para as telas a beleza das pessoas comuns. Ele gostava de dirigir sobretudo crianças, idosos e pessoas simples, e sua experiência no teatro e nas telas como ator fez a diferença quando começou a dirigir. Mas não eram apenas dramas que o identificavam, ele também explorava seu vício em jogos colocando-os nas mãos de alguns de seus personagens. Sica recebeu três Oscars de Melhor Filme Estrangeiro: Vítimas da Tormenta (1945) prêmio honorário, Ontem, Hoje e Amanhã (1963) e O Jardim dos Finzi-Contini (1971). O diretor faleceu em 13 de de Novembro de 1974 após realizar uma cirurgia no pulmão.
Aqui estão os dez filmes do diretor que julgamos serem essenciais:
A Culpa dos Pais (1944): Realizado em plena guerra, o filme mostra a pressão sofrida por uma mulher que abandona seus filhos e marido. As consequências são devastadoras para todos. Aqui De Sica trabalhou pela primeira vez com Cesare Zavattini, que lhe ajudou no roteiro. O filme foi uma resposta de De Sica ao governo fascista que o sondara.
Ladrões de Bicicletas (1948): Talvez o mais lembrado de seus filmes. A história se passa logo após a Segunda Grande Guerra, com a Itália destruída e o povo passando necessidade. Ricci consegue um emprego após muita espera. Só que esse emprego, de colador cartazes na rua, lhe pedia como obrigação uma bicicleta. Ricci e sua mulher Maria conseguem um dinheiro para uma, possibilitando que ele realize o seu trabalho. Há também o menino Bruno, filho do casal. Fascinado por bicicletas, o menino cai de cabeça com o pai na busca pela bicicleta que lhes foi roubada, quando Ricci trabalhava apenas em seu primeiro dia. Um filme dolorosamente trágico.
Umberto D. (1952): Desta vez De Sica foca na velhice e embora não tenha sido bem recebido, se configura hoje como um de seus melhores filmes. Na Itália do início dos anos 1950, enquanto a economia do país renasce, os idosos sofrem com as miseráveis pensões dadas pelo governo. Em Roma, Umberto Domenico Ferrari, um funcionário público aposentado, é despejado por não conseguir pagar o aluguel de seu quarto. Na companhia de seu único amigo, o cachorrinho Flik, Umberto vaga pelas ruas, buscando apenas um objetivo: viver com dignidade. Um filme comovente.
Quando a Mulher Erra (1953): Realizado em co-produção com David O. Selznick, traz Jennifer Jones e Montgomery Clift como personagens principais. O filme tem duas versões, uma menor lançada na América e uma estendida lançada na Europa. Aqui Jennifer é a esposa americana que vai à Roma passar um feriado. Montgomery Clift é seu amante italiano. Ela tenta dizer adeus na Estação Central de trem e ele implora para que ela fique. O amor levado às últimas conseqüências, chegando ao limite da degradação humana.
O Jardim dos Finzi-Contini (1971): O jardim dos Finzi-Contini, uma rica família de judeus italianos, é o último símbolo de resistência usado pela jovem Nicole contra as leis antijudaicas do regime fascista até que todos membros de sua família sejam presos.Baseado no romance de Giorgio Bassani sobre judeus italianos que lentamente se adaptam às opressão fascista.