O Misterioso Assassinato de William Desmond Taylor

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William Desmond Taylor era uma figura conhecida nas rodas de cinema. Ator e diretor, se tornou bastante popular na década de 1910, chegando a dirigir cerca de 59 filmes. Seu assassinato, em 1922 chocou não só Hollywood, mas também serviu de alerta sobre supostos exageros dos astros de cinema.

William Desmond Taylor em 1903

Nascido na Irlanda em 26 de abril de 1872, William Desmond Taylor era filho de um oficial do exército. Seu pai o enviou a América, onde o jovem se casou com a atriz Ethel May Hamilton em 1901. O casamento não foi feliz, já que Taylor entregava-se a romances e enterrava-se cada vez mais no alcoolismo. Após desaparecer durante algum um tempo, sua esposa finalmente conseguiu o divórcio em 1912. Mas foi somente em 1921 que o diretor reconheceria a única filha do casal, também chamada Ethel.

William começou a atuar, primeiro como ator e depois como diretor por volta de 1913. Algum tempo depois ganharia um grande destaque no meio, dirigindo as maiores estrelas da época. Dentre elas estava Mabel Normand, que também tinha problemas com as bebidas, e estava totalmente entregue às drogas quando se envolveu amorosamente com o diretor. Outra estrela com quem ele se envolveria seria Mary Miles Minter, que tinha apenas 17 anos e entrara para a Paramount para rivalizar com Mary Pickford. As duas atrizes seriam apenas algumas das testemunhas do caso. E teriam suas vidas mudadas para sempre.

 

O Assassinato

William, apesar de sua fama e sucesso, era uma figura estranha para a maioria das pessoas que o conhecia. Na manhã do dia 2 de fevereiro de 1922 seu corpo foi encontrado com uma bala nas costas. Quando a polícia chegou ao local, logo cedo, encontrou vários executivos da Paramount retirando papéis, fotos e qualquer coisa que considerassem suspeita. Dentre os materiais apreendidos estavam roupas íntimas de Mary Miles Minter e várias fotos de atrizes nuas. Após a descrença de seus conhecidos sobre o caso, iniciou-se uma busca por elementos que apontassem o verdadeiro assassino. Várias celebridades foram chamadas para depor, dentre elas Mabel.

Uma assustada Mabel Normand presta depoimento

Em seu depoimento, a atriz relatou que Taylor tentava ajuda-la a escapar de seus fornecedores de cocaína. Ela teria sido a última pessoa a tê-lo visto com vida, quando deixara sua casa bastante sorridente. Apesar de não ter culpa alguma, este escândalo, aliado ao seu envolvimento com o empresário Courtland Dines e a revelação de seu vício contribuíram para sua decadência moral aos olhos de seus fãs. Mas para a polícia, Mabel podia ser qualquer coisa menos uma assassina.

Como já era esperado, Mary Miles Minter também foi chamada para esclarecimentos. Naquele momento, cartas apaixonadas que ela escrevera para Taylor eram divulgadas nos jornais, sujando de uma vez por toda sua imagem que ela tentava manter como uma jovem pura. E mesmo com as negativas de amigos de Taylor, que afirmavam que o amor da atriz não chegara a ser correspondido, o estrago já estava feito e a carreira da jovem sepultada.

Mary Miles Minter

Havia ainda outra suspeita, Charlotte Shelby, mãe de Mary. Descrita como uma mulher manipuladora, era o retrato fiel de uma mãe de Hollywood. Dentre um dos fatores que a tornavam suspeita estava o fato de possuir uma arma similar à usada no assassinato. Porém, Mary afirmara que as duas estavam juntas em casa no exato momento do crime.

Mary Miles Minter olha admirada para William Desmond

Ao contrário do que possa parecer, o relacionamento entre mãe e filha era problemático, e apesar de tê-la dado um álibi, há relatos de que mais tarde a atriz chegara a escrever em seu diário pessoal que sua mãe de fato matara Taylor. Charlotte também seria acusada do assassinato por sua outra filha, Margaret Shelby. O caso seria reaberto, mas novamente arquivado por falta de provas.Foi somente quase vinte anos depois que Charlotte foi formalmente esquecida pela polícia, após concluírem que não havia prova alguma de que ela tenha tido algum envolvimento no caso.

Charlotte com as duas filhas, Margaret e Mary

Este caso nunca foi resolvido

Após passar anos travando disputas judiciárias com as filhas, Charlotte faleceu em 1957 aos 79 anos. Mary Miles Minter desistiu da carreira após o episódio, passando a viver de seus investimentos em imóveis. Em 1957 se casaria com Brandon O. Hildebrand, com quem permaneceria casada até sua morte aos 82 anos.

Em 1964, 42 anos após a morte de William Desmond Taylor, Margaret Gibson, uma ex-atriz, teria dito que era a responsável pelo assassinato. A testemunha afirmara que a atriz, recém convertida, confessara em seu leito de morte que era a responsável pelo tiro, e que teria fugido logo em seguida do país. A história de Margaret jamais seria confirmada. E com todos os suspeitos mortos, o caso William Desmond era também enterrado como um dos maiores mistérios de Hollywood.

 

 

 

Algumas fontes consultadas: Looking for Mabel NormandThe William Desmond Taylor Case, Livro Hollywood Nua e Crua, Livro Murder in Hollywood: Solving a Silent Screen Mystery.

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