Alta Sociedade (1956)

1937

Alta Sociedade já começa bem. Louis Armstrong e sua banda cantando enquanto dirigem-se à mansão de Tracy Lord. Ele canta “High Society Calypso”, tema de uma história que tentava repetir o sucesso conseguido com a versão original, trazida às telas em 1940 sob o título de The Philadelphia Story. Como a versão anterior, um dos pontos altos é o elenco afiadíssimo e o texto forte baseado em uma peça de estrondoso sucesso.

Tracy é uma grã-fina que divide suas atenções entre os preparativos para o casamento iminente e a paixão que desperta em três diferentes homens. O primeiro, seu noivo George Kittredge, interpretado por um apagado John Lund. Mas não o culpo, o roteiro não o favorece em nenhum momento, como ocorreu na primeira versão, quando tivemos Jimmy Stewart recebendo o Oscar de Melhor Ator.
O “tiozão” amado por toda a família
 O segundo, seu ex-marido C. K. Dexter-Haven (Bing Crosby), um cantor que ainda é apaixonado por Tracy, e que é aquele “tiozão” que toda família adora. O terceiro surge aleatoriamente na figura do repórter Mike Connor (Frank Sinatra). O fato é que, dos três, incrivelmente a maior química é entre Tracy e Mike. E tanto, que mesmo sabendo que o roteiro irá unir novamente a socialite ao cantor, torcemos intimamente pelo novo casal.
Melhor casal
Embora esse filme não alcance o nível do primeiro de uma maneira geral, pode-se dizer que se esquecermos as comparações, temos em mãos um agradável roteiro e um dos melhores lançados na década de 50. Ele possui a leveza tão necessária em comédias românticas. O que mais contribui para isto são os fantásticos números musicais assinados pelo grande Cole Porter. Imaginamos que não deva ter sido fácil dividir tantas boas músicas entre cantores fabulosos num mesmo elenco, e composições como Who Wants to be a Millionaire?, True Love e I Love You Samantha ganham ares de sofisticação entre os vocais. True Love fez tanto sucesso na época do lançamento que Crosby e Kelly chegaram a receber disco de platina pela canção. Surpreende também que a atriz cante tão bem.
Com um elenco estelar, seria esperado que ocorressem alguns contratempos. Sinatra se empolgou quando soube que ia trabalhar ao lado de um de seus maiores ídolos, Bing Crosby. O último, por sua vez, blasè por causa de uma nova geração de cantores que surgia (e Sinatra estava entre eles) manteve-se à distância do primeiro o tempo todo. Isso magoou Sinatra profundamente.
Frank, ele não é seu amigo
Outra questão diz respeito à própria Grace Kelly. A atriz já se envolvera com Bing Crosby e durante as filmagens de Alta Sociedade estava de casamento marcado com o príncipe Rainier III. Sinatra teria tentado uma aproximação, causando desconforto à futura princesa. No final tudo terminou razoavelmente bem e eles chegaram a se reencontrar em ocasiões futuras.
Revendo Alta Sociedade após alguns anos verificamos algumas questões com relação a Grace Kelly. Como era elegante nossa princesa, como se vestia com requinte – seus vestidos foram criados pela grande Helen Rose – e movimentava-se como uma deusa. Mas como era fraca no atuar! A atriz, que nessa etapa da vida estava se despedindo da vida em Hollywood, embora não chegue a prejudicar o filme, ainda assim fica muito aquém do esperado para uma personagem interpretada anteriormente por Katharine Hepburn. Suas melhores cenas são justamente aquelas em que surge bêbeda e dança ao lado de Frank Sinatra. Fez bem em abandonar a cena no auge.

Alta Sociedade no final tem um saldo positivo. Embora não alcance o brilho do anterior, tem seu charme próprio, é colorido, festivo, repleto de música e traz um roteiro divertido. Se tornou um daqueles filmes que trazem sorrisos leves ao final da projeção.O filme está sendo lançado em DVD pela Classicline e pode ser adquirido em qualquer loja do ramo.

Louis Armstrong
Celeste Holm entre Grace e Frank
Uma deusa grega
VEJA TAMBÉM:
http://cinemaclassico.com/fotos/fotos-mostram-os-bastidores-de-alta-sociedade-1956/

Comente Aqui!